Pelo filho, Doutor Paraná abriu mão da política

O advogado Sebastião Oliveira, conhecido como Doutor Paraná, sempre alimentou o sonho de retornar sua carreira política tão logo se aposentasse do cargo de procurador do Tribunal de Contas. Animado com a idéia, filiou-se à Aliança Renovadora Nacional (Arena) e chegou a iniciar as primeiras articulações.

“Aí veio o Dante”, disse ele, em entrevista concedida ao Diário há seis anos, “do Rio de Janeiro, formado e militante do MDB, que se opunha à Arena. E eu, para não me opor ao meu filho, afastei-me da vida pública, como estou até hoje”.

Morto em 2004, Sebastião disse à ocasião que apenas seguiu a norma de que os pais devem abdicar de seus planos em função dos filhos. Dante nunca discordou. “Ele teve uma atitude correta. Não tinha mesmo que se candidatar depois de aposentado. Não fazia sentido”, avaliou.

Em sua primeira candidatura para vereador de Cuiabá, em 1976, Dante foi derrotado. Mas não desistiu. Dois anos mais tarde, elegeu-se deputado estadual pelo PMDB e, pelo mesmo partido, deputado federal em 1982.

De celebridade instantânea durante o movimento pelas eleições diretas, saltou antes do fim de seu mandato para a prefeitura de Cuiabá, em 1985. Em 87, trocou o Alencastro pelo embrionário Ministério da Reforma Agrária.

O ministério foi passageiro. Em 1990, rompido com o PMDB, Dante tentou novo mandato de deputado federal. Apesar de receber a maior votação para o cargo naquele pleito, não se elegeu porque seu partido não conseguiu quociente eleitoral. Em 92, reconquistou a prefeitura de Cuiabá, com o coronel José Meirelles de vice.

Ao assumir a prefeitura, Dante deixou claro que estava em campanha para o governo pelo PDT: botou os pés nos caminhos do interior. Transmitiu o cargo a Meirelles e costurou alianças para assegurar a vitória. Elegeu-se para o Paiaguás em 94 e foi reeleito em 98. Na longa administração com mais de sete anos, trocou o PDT pelo PSDB antes do término do primeiro mandato.