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Politica Brasil
Segunda - 26 de Junho de 2006 às 12:17

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O PSDB transformou ontem a convenção paulista do partido em um ato de desagravo a Fernando Henrique Cardoso. Ao comparar seu governo com o do presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva, o tucano afirmou que seu sucessor no Planalto ganha em "corrupção" e em "publicidade".

Anteontem, quando se lançou candidato à reeleição, Lula atacou a gestão tucana (1995-2002), estimulou o PT a compará-lo com o antecessor e disse que, em três anos e meio, fez mais do que FHC fez em oito.

FHC respondeu: "Eu quero a comparação do meu governo com o governo atual. Eu quero, e vou dizer por quê. Teve coisas que eles fizeram mais do que nós: muita corrupção, os escândalos, aí ganharam. Também gastaram muito. É muita publicidade, é muita propaganda, é muita palavra para encobrir o nada. Aí, ganharam", afirmou, em discurso ontem.

A convenção, realizada à tarde na Assembléia Legislativa de São Paulo, oficializou José Serra candidato ao governo do Estado e contou com a presença de Geraldo Alckmin, o presidenciável tucano.

O ex-presidente retornou de uma viagem à Itália ainda pela manhã e foi informado do conteúdo do discurso de Lula, feito na convenção nacional petista em Brasília anteontem.

Em reunião no diretório estadual do PSDB, antes de chegar à Assembléia, FHC conclamou o partido a reagir. Ao final da festa, resumiu seu sentimento: "Chega, alguém tem que dizer a verdade".

O ex-presidente tucano centrou a crítica no aspecto ético e no escândalo do mensalão, denunciado pela Procuradoria Geral da República.

"Agora, ainda ontem [anteontem], o presidente outra vez veio dizer "vamos esperar a palavra final da Justiça, enquanto ela não vem, somos todos iguais". Eu não. Eu não sou igual a essa gente, não. Nós não somos iguais", afirmou FHC.

Energia e agricultura

Em seguida, o ex-presidente passou a fazer comparações pontuais, começando pela área de energia. "Vamos falar de uma área que eles gostam de falar. Qual foi a usina feita por eles que não tivesse sido começada por nós?", perguntou.

Sobre a agricultura, disse que Lula se aproveitou da situação deixada por seu governo, mas deu um passo atrás nas questões sanitária e cambial. "Deixaram o câmbio valorizar demais. Não tiveram interesse em proteger aquilo que foi a âncora verde do Real, que é a produção agrícola. Agora, se gabam que estão exportando. Sim, é bom que exportem. O Brasil precisa exportar. Por que estão exportando? Porque nós acertamos as bases para a produção."

O ex-presidente ressaltou a paternidade de seu governo em programas sociais, como o Bolsa Escola e o Vale-Gás, unificados no Bolsa-Família, carro-chefe de Lula na área social. "Eles juntaram tudo isso e aumentaram", disse.

Na educação, FHC citou o Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério). "Quem inventou isso? Foi o PT? Não, o PT votou contra."

Economia

Mas a crítica pontual mais aguda ficou para a economia: "É uma vergonha que em um mundo nas condições de hoje, bem diferentes das do meu tempo, o Brasil não tenha aproveitado a onda para crescer mais. Falavam e ameaçavam. Mesma coisa: 2,6% [média de crescimento do PIB no primeiro mandato de FHC]. Eu, com quatro crises financeiras, e eles com um "boom" econômico no mundo todo. Incompetentes."

Primeiro a discursar após FHC, Alckmin fez a defesa dos tucanos, chamados de "vozes do atraso" por Lula. "O Fundeb [fundo para o ensino básico], ficou só na propaganda, como não existe a transposição do São Francisco, como não existe a Transnordestina, como não existe o Fome Zero, como não existe o Meu Primeiro Emprego, como não existe o Banco Popular. O que existe é a mentira reiterada", disse sobre Lula.

Serra também não deixou de defender o legado de FHC, de quem foi ministro: "Tucano não gosta de lama, não tem nenhuma identidade com pântano, tucano voa", disse.





Fonte: 24Horas News

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