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Brito vai à disputa nem que seja sozinho
Depois de quatro eleições, sendo duas para a Câmara Municipal e duas para a Assembléia Legislativa, o deputado estadual Carlos Brito (PDT) não se deixa abalar nem mesmo pelo isolamento provocado pela candidatura própria do PDT à presidência da República. O parlamentar, que não admite recuar do seu apoio à reeleição de Blairo Maggi (PPS), reconhece que este será o mais difícil de todos os seus pleitos, mas garante que nunca pensou em desistir.
“Eu sou candidato nessas eleições mesmo sozinho dentro do PDT porque ao menos vou estar defendendo (sic) as coisas que eu acredito, mas agora é óbvio que obter 60 mil a 65 mil votos sozinhos é um desafio muito grande, é muito difícil, mas não é impossível”, ressaltou Brito.
Brito ressalta a importância do seu trabalho na Assembléia e afirma que este será um dos seus trunfos para a campanha. “A estrutura é meio, não é fim. Você faz política com muito ou pouco dinheiro, você não faz sem dinheiro. É uma falácia dizer que se faz política sem dinheiro. Mas o nosso melhor meio é o nosso trabalho”, frisou.
Aliado de primeira hora de Blairo Maggi, nesta entrevista ao Diário, Brito afirma que a obsessão em formar um amplo arco de alianças pode não ser o melhor caminho para reconduzir Maggi ao Palácio Paiaguás. Para Brito, o PPS não precisa coligar-se necessariamente com o maior partido, mas com o que possibilite a continuidade dos princípios defendidos em 2002.
“A gente tem alguns princípios, algumas convicções que persistem”
“Preciso do apoio do prefeito, ainda mais numa circunstância dessas”
Diário de Cuiabá -- Em 2001 o senhor saiu do PSDB para seguir Roberto França ao PPS, ele seria candidato ao governo e acabou não disputando. Porém, em 2004, foi barrado na pretensão de disputar a prefeitura de Cuiabá, deixou o partido e foi para o PDT. Hoje a sua situação está complicada. Com tudo isso, o que o senhor acha que está acontecendo com relação à sua trajetória política, cheia de altos e baixos?
Carlos Brito – São os percalços da trajetória. Os altos e baixos aí se devem às circunstâncias políticas que a gente atravessa a cada momento político. A gente tem alguns princípios, algumas convicções que persistem. Então isso acaba trazendo alguma dificuldade dentro da forma tradicional de fazer política.
Diário -- O senhor acredita que este modo de fazer política está ultrapassado?
Brito – Isso é igual computador. É o que se tem de mais moderno em tecnologia, mas a gente se pega questionando se não é mais importante o diálogo dos pais com os filhos, que acaba sendo substituído pela tal tecnologia. Em política também vai se absorvendo algumas posições que vão substituindo valores. Eu não acho que está fora de moda ter postura, ter convicção, cumprir compromissos. Continuo acreditando que o fato de alguns não cumprirem conosco não nos dá o direito de descumprirmos nós com os outros. Acho que são princípios que se afastarmos deles perdemos a essência de se fazer política. Pode ser que esteja fora de moda para a grande maioria que está na política, mas com certeza é isso que faz falta no meio político hoje pela ótica da população. Então eu penso que nós temos que ampliar o número de políticos que façam política pensando efetivamente no coletivo. É isso que acaba me animando, mas obviamente é um caminho bem mais difícil.
Diário - No seu caso específico, faltou companheirismo? De quem?
Brito – Eu procuro ser companheiro, ser leal nos compromissos que firmo. Obviamente, uma vez que não cumpriram comigo isso não se reveste no princípio de lealdade. Agora, política é um jogo de interesses permanente, e nós entramos nesse processo sabedores dessa situação. O que nós temos que fazer é nos aliar àquelas pessoas que pensem igual ou próximo daquilo que acreditamos. Eu, infelizmente, tive sim ao longo dessa trajetória de quatro mandatos momentos de alegria, momentos de achar que vale a pena, como já tive esses dissabores. O que me leva a dizer que em nenhuma das quatro eleições eu estive em situação de dificuldade menor. E pelo visto esta será talvez a mais desafiadora de todas elas.
Diário - No caso específico do prefeito Wilson Santos (PSDB), que o senhor apoiou em 2004, acha que faltou companheirismo?
Brito – Do prefeito Wilson Santos, a eleição ainda não aconteceu. Eu espero a recíproca política pelo que eu contribuí na eleição dele. Até hoje, um ano e meio de mandato, ainda não sentamos, não por falta de solicitarmos esse momento, para uma avaliação política, administrativa, conjuntural, não só da gestão do prefeito à frente de Cuiabá, mas também das perspectivas políticas do presente para o futuro. Há algum tempo venho solicitando esse momento. Preciso do apoio do prefeito, ainda mais numa circunstância dessa.
Diário - De que forma de apoio o senhor precisa?
Brito – Político. Do mesmo jeito que eu para apoiá-lo tive que contrariar interesses muito mais confortáveis se seguisse a base governista, e o apoiei por acreditar que ele traduzia a melhor proposta para Cuiabá naquele momento, eu também enfrentei dificuldades e colho ônus político por isso até agora. O prefeito foi eleito e eu estou até hoje enfrentando dentro da própria base governista resquícios da posição de tê-lo apoiado para a prefeitura contrariando outros interesses. Então, mesmo as dificuldades que enfrento hoje são agravadas, de uma certa forma, como vingança daqueles setores que não aceitaram, não absorveram não só a vitória do Wilson Santos como o fato de nós termos tido a posição de apoiá-lo e de não apoiar aqueles que nos tolheram o direito de participar da discussão democrática.
Diário - E de que forma o senhor pretende cobrar dele esse apoio?
Brito – O Wilson sabe o que representou a nossa participação dentro da campanha. Sabe também o quanto pode me ajudar. E me ajudar não implica fazer nada de errado para que isso aconteça. As mesmas pessoas que conviveram conosco no processo eleitoral que o conduziu a prefeito também têm conhecimento das possibilidades políticas de apoio. É preciso ter claro que a verticalização interessa aos partidos, aos políticos, a população continua com o direito do voto desvinculado. Então eu acho que o processo de 2004 teve os seus compromissos, o de 2006 terá os seus, agora, o que foi celebrado em 2004 precisa ser cumprido. Há o compromisso do prefeito de nos ajudar politicamente para que possamos obter as condições de fazer uma campanha e buscar um novo mandato e espero que o prefeito cumpra conosco da mesma foram que o apoio que empenhei a ele foi feito.
Diário - O senhor ficou um ano sem partido e depois optou pelo PDT. Acha que essa foi a escolha certa? Como fica agora esse apoio à reeleição de Maggi, já que inicialmente as duas legendas defendiam, no âmbito nacional, uma composição?
Brito – Na época da definição, já não foi a decisão mais confortável eleitoralmente. Mas havia o entendimento nacional do PDT com o PPS de que estariam juntos no processo. Da minha parte eu poderia ter optado por um partido maior, que me ofereceria legenda mas traria alguns outros complicadores em função até mesmo das nossas convicções. Fizemos o caminho do PDT, que se já tinha dificuldades naquele momento, em função do tamanho do partido no Estado, hoje a opção pela candidatura de Cristóvam Buarque é uma dificuldade a mais que nos foi criada, em um quadro que já não era muito animador. Então nos cabe agora superar essas dificuldades. Eu tenho enfrentado também situações internas, até pelas correntes que a forma de gestão do PDT permite, desde a exclusão do programa eleitoral, a não-indicação como delegado às convenções, e todas essas dificuldades eu venho superando, eu venho absorvendo, porque acredito sempre que o trabalho nosso é que deverá prevalecer diante do eleitorado e da população.
Diário - Mas como o senhor pretende trabalhar essa questão do apoio ao governador? Porque o senhor tem um compromisso com ele.
Brito – O meu compromisso com o governador Blairo Maggi é um compromisso público, político. Outros apoiei durante quase uma década e, no momento em que precisei, me voltaram as costas. Com o governador Blairo Maggi venho mantendo uma relação, graças a Deus, diferente, de respeito mútuo, de reciprocidade, de lealdade e de companheirismo. Por isso sustento o meu compromisso com o governador. Quando fui para o PDT, a direção nacional e estadual sabia disso, nunca fiz segredo. E dentro do PDT, quando saiu o resultado, por mais que eu tivesse trabalhado contra a candidatura própria do partido em nível nacional, tão logo saiu o resultado, tive contato com o presidente nacional e disse que acatava a decisão e que queria a partir de então trabalhar a candidatura de Cristóvam Buarque. A Executiva Nacional nos deixou liberados, então, aqui para que o nosso compromisso local fosse cumprido. Então é público e notório o meu compromisso com o governador e o PDT, na convenção, vai manifestar que não tem candidato a governador e aprovar um indicativo de apoio ao governador Blairo Maggi.
Diário - O senhor citou na sua fala anterior que foi excluído do programa eleitoral do PDT. Por quais motivos?
Brito – É óbvio que a gente não fica satisfeito com essa situação. A bem da verdade, eu também não entendi as razões, não há o que justifique. Por ser o único parlamentar, por ser o líder de bancada, por carregar conosco toda uma história. De toda forma, isso já passou, mas são registros que a gente faz. Dentro do PDT eu tenho me esforçado para mostrar a nossa postura de comprometimento para aquilo que entendemos ser interesse maior da população dentro do partido. Essas situações realmente ocorreram e venho tentando superá-las uma a uma. Mas penso que o PDT tem outros valores que a gente precisa ressaltar. É uma legenda que atravessou todos esses momentos difíceis do País, de acusações de todos os níveis e de todas as formas, e o PDT atravessou como um partido ético e que não se envolveu nas falcatruas denunciadas nacionalmente. Então, se há problemas dentro do partido, há também uma série de qualidades dentro do partido e eu prefiro me ocupar destas.
Diário - O senhor foi um dos maiores fomentadores da candidatura de Eraí Maggi. O que aconteceu que ele não conseguiu deslanchar?
Brito – Aí é uma questão de avaliação. O Eraí sabe a minha opinião. Desde setembro, quando me filiei ao partido, eu o convidei para que viesse junto para alimentarmos essa disputa ao Senado, por acreditar que havia um espaço no cenário político para isso. Por uma série de fatores, nós entendíamos e entendo ainda que o empresário Eraí tem as condições de pleitear a candidatura ao Senado e até de vitória. Até porque não acredito em resultado pré-estabelecido. Aí disse que era preciso a gente fazer todo o desenvolvimento de um projeto. Acho que o Eraí retardou demais alguns encaminhamento de ordem política, a definição principalmente, mas acho que o projeto não está de todo comprometido, uma vez que a campanha em si se inicia em primeiro de julho. E a própria peculiaridade de Eraí não ser do meio político justifica parte das dúvidas, acaba favorecendo também apresentar o projeto efetivamente após a convenção.
Diário - Mas o senhor tem convicção hoje de que ele vai ser candidato ou não?
Brito – O PDT tem todo o interesse na sua candidatura ao Senado, é uma decisão partidária. E, em ela não ocorrendo, o PDT ainda assim manterá a candidatura com o empresário Otaviano Pivetta. Há, inclusive, nos últimos dias um entendimento nosso de que um ou outro poderá ser suplente do outro e temos aí o empresário de Cuiabá Altevir Magalhães como alternativa. Ou seja, para o PDT é estratégico ter a candidatura ao Senado e acreditamos que para Mato Grosso também. É preciso entrar nesse debate ao Senado com uma discussão diferente daquilo que está posto. Até o momento, só está se discutindo o interesse dos partidos e dos políticos. Até o momento, nenhum dos pré-candidatos ao Senado colocou-se a discutir aquilo que é importante para Mato Grosso no cenário nacional.
Diário - O senhor acha que a construção desse arco de alianças pró-Blairo Maggi está sendo feita de forma equivocada, deputado?
Brito – Eu olho sempre com preocupação. O governador Blairo Maggi foi eleito em 2002 porque representava novidade, porque carregou consigo o desafio e consequentemente a crença da população com uma prática política estabelecida há décadas no Estado e no País. Penso que é um governo que não conseguirá cumprir todas aquelas expectativas, até porque você não vai em quatro anos conseguir superar todas as mazelas da administração pública estabelecidas aí há mais de século. Mas acho que o governador avançou na transparência, na ousadia, na forma de administração pública e na eficiência de resultados, que foram valores defendidos em 2002. Me preocupa muito quando vejo esses valores sendo substituídos por movimentações tradicionais, convencionais, como se um maior número de partidos, um maior número de políticos, fosse a fórmula exclusiva para se vencer uma eleição. E não é. A própria eleição de Blairo Maggi em 2002 demonstrou isso. Eu fico me perguntando se é realmente esse o caminho. Eu temo muito como a população possa receber essas articulações todas. Quer dizer, a preocupação, na minha forma de entender exacerbada, com quem será os adversários. Ora, que os adversários se preocupem com seus projetos. Tanto nós como eles teremos que nos apresentar à sociedade e é ela quem vai decidir. Eu acho que nesse instante o governador Blairo Maggi tem um saldo positivo com a opinião pública. Acho que não deve haver essa preocupação se deve ou não estar vinculado ao candidato federal, e entendo que o governador carrega consigo resultados de uma conduta política que lhe permite estar principalmente fiel às razões que o elegeram. Eu temo que esses valores sejam substituídos e os resultados sejam adversos de 2002. Você pode ter um grande palanque, bonito, cheio de gente, mas quem decide são aqueles que estão fora do palanque, embaixo, acompanhando, assistindo. E o Blairo tem que ter clareza do governo que fez. Eu não vejo qualquer dificuldade para enfrentar qualquer adversário.
“Eu sou candidato nessas eleições mesmo sozinho dentro do PDT porque ao menos vou estar defendendo (sic) as coisas que eu acredito, mas agora é óbvio que obter 60 mil a 65 mil votos sozinhos é um desafio muito grande, é muito difícil, mas não é impossível”, ressaltou Brito.
Brito ressalta a importância do seu trabalho na Assembléia e afirma que este será um dos seus trunfos para a campanha. “A estrutura é meio, não é fim. Você faz política com muito ou pouco dinheiro, você não faz sem dinheiro. É uma falácia dizer que se faz política sem dinheiro. Mas o nosso melhor meio é o nosso trabalho”, frisou.
Aliado de primeira hora de Blairo Maggi, nesta entrevista ao Diário, Brito afirma que a obsessão em formar um amplo arco de alianças pode não ser o melhor caminho para reconduzir Maggi ao Palácio Paiaguás. Para Brito, o PPS não precisa coligar-se necessariamente com o maior partido, mas com o que possibilite a continuidade dos princípios defendidos em 2002.
“A gente tem alguns princípios, algumas convicções que persistem”
“Preciso do apoio do prefeito, ainda mais numa circunstância dessas”
Diário de Cuiabá -- Em 2001 o senhor saiu do PSDB para seguir Roberto França ao PPS, ele seria candidato ao governo e acabou não disputando. Porém, em 2004, foi barrado na pretensão de disputar a prefeitura de Cuiabá, deixou o partido e foi para o PDT. Hoje a sua situação está complicada. Com tudo isso, o que o senhor acha que está acontecendo com relação à sua trajetória política, cheia de altos e baixos?
Carlos Brito – São os percalços da trajetória. Os altos e baixos aí se devem às circunstâncias políticas que a gente atravessa a cada momento político. A gente tem alguns princípios, algumas convicções que persistem. Então isso acaba trazendo alguma dificuldade dentro da forma tradicional de fazer política.
Diário -- O senhor acredita que este modo de fazer política está ultrapassado?
Brito – Isso é igual computador. É o que se tem de mais moderno em tecnologia, mas a gente se pega questionando se não é mais importante o diálogo dos pais com os filhos, que acaba sendo substituído pela tal tecnologia. Em política também vai se absorvendo algumas posições que vão substituindo valores. Eu não acho que está fora de moda ter postura, ter convicção, cumprir compromissos. Continuo acreditando que o fato de alguns não cumprirem conosco não nos dá o direito de descumprirmos nós com os outros. Acho que são princípios que se afastarmos deles perdemos a essência de se fazer política. Pode ser que esteja fora de moda para a grande maioria que está na política, mas com certeza é isso que faz falta no meio político hoje pela ótica da população. Então eu penso que nós temos que ampliar o número de políticos que façam política pensando efetivamente no coletivo. É isso que acaba me animando, mas obviamente é um caminho bem mais difícil.
Diário - No seu caso específico, faltou companheirismo? De quem?
Brito – Eu procuro ser companheiro, ser leal nos compromissos que firmo. Obviamente, uma vez que não cumpriram comigo isso não se reveste no princípio de lealdade. Agora, política é um jogo de interesses permanente, e nós entramos nesse processo sabedores dessa situação. O que nós temos que fazer é nos aliar àquelas pessoas que pensem igual ou próximo daquilo que acreditamos. Eu, infelizmente, tive sim ao longo dessa trajetória de quatro mandatos momentos de alegria, momentos de achar que vale a pena, como já tive esses dissabores. O que me leva a dizer que em nenhuma das quatro eleições eu estive em situação de dificuldade menor. E pelo visto esta será talvez a mais desafiadora de todas elas.
Diário - No caso específico do prefeito Wilson Santos (PSDB), que o senhor apoiou em 2004, acha que faltou companheirismo?
Brito – Do prefeito Wilson Santos, a eleição ainda não aconteceu. Eu espero a recíproca política pelo que eu contribuí na eleição dele. Até hoje, um ano e meio de mandato, ainda não sentamos, não por falta de solicitarmos esse momento, para uma avaliação política, administrativa, conjuntural, não só da gestão do prefeito à frente de Cuiabá, mas também das perspectivas políticas do presente para o futuro. Há algum tempo venho solicitando esse momento. Preciso do apoio do prefeito, ainda mais numa circunstância dessa.
Diário - De que forma de apoio o senhor precisa?
Brito – Político. Do mesmo jeito que eu para apoiá-lo tive que contrariar interesses muito mais confortáveis se seguisse a base governista, e o apoiei por acreditar que ele traduzia a melhor proposta para Cuiabá naquele momento, eu também enfrentei dificuldades e colho ônus político por isso até agora. O prefeito foi eleito e eu estou até hoje enfrentando dentro da própria base governista resquícios da posição de tê-lo apoiado para a prefeitura contrariando outros interesses. Então, mesmo as dificuldades que enfrento hoje são agravadas, de uma certa forma, como vingança daqueles setores que não aceitaram, não absorveram não só a vitória do Wilson Santos como o fato de nós termos tido a posição de apoiá-lo e de não apoiar aqueles que nos tolheram o direito de participar da discussão democrática.
Diário - E de que forma o senhor pretende cobrar dele esse apoio?
Brito – O Wilson sabe o que representou a nossa participação dentro da campanha. Sabe também o quanto pode me ajudar. E me ajudar não implica fazer nada de errado para que isso aconteça. As mesmas pessoas que conviveram conosco no processo eleitoral que o conduziu a prefeito também têm conhecimento das possibilidades políticas de apoio. É preciso ter claro que a verticalização interessa aos partidos, aos políticos, a população continua com o direito do voto desvinculado. Então eu acho que o processo de 2004 teve os seus compromissos, o de 2006 terá os seus, agora, o que foi celebrado em 2004 precisa ser cumprido. Há o compromisso do prefeito de nos ajudar politicamente para que possamos obter as condições de fazer uma campanha e buscar um novo mandato e espero que o prefeito cumpra conosco da mesma foram que o apoio que empenhei a ele foi feito.
Diário - O senhor ficou um ano sem partido e depois optou pelo PDT. Acha que essa foi a escolha certa? Como fica agora esse apoio à reeleição de Maggi, já que inicialmente as duas legendas defendiam, no âmbito nacional, uma composição?
Brito – Na época da definição, já não foi a decisão mais confortável eleitoralmente. Mas havia o entendimento nacional do PDT com o PPS de que estariam juntos no processo. Da minha parte eu poderia ter optado por um partido maior, que me ofereceria legenda mas traria alguns outros complicadores em função até mesmo das nossas convicções. Fizemos o caminho do PDT, que se já tinha dificuldades naquele momento, em função do tamanho do partido no Estado, hoje a opção pela candidatura de Cristóvam Buarque é uma dificuldade a mais que nos foi criada, em um quadro que já não era muito animador. Então nos cabe agora superar essas dificuldades. Eu tenho enfrentado também situações internas, até pelas correntes que a forma de gestão do PDT permite, desde a exclusão do programa eleitoral, a não-indicação como delegado às convenções, e todas essas dificuldades eu venho superando, eu venho absorvendo, porque acredito sempre que o trabalho nosso é que deverá prevalecer diante do eleitorado e da população.
Diário - Mas como o senhor pretende trabalhar essa questão do apoio ao governador? Porque o senhor tem um compromisso com ele.
Brito – O meu compromisso com o governador Blairo Maggi é um compromisso público, político. Outros apoiei durante quase uma década e, no momento em que precisei, me voltaram as costas. Com o governador Blairo Maggi venho mantendo uma relação, graças a Deus, diferente, de respeito mútuo, de reciprocidade, de lealdade e de companheirismo. Por isso sustento o meu compromisso com o governador. Quando fui para o PDT, a direção nacional e estadual sabia disso, nunca fiz segredo. E dentro do PDT, quando saiu o resultado, por mais que eu tivesse trabalhado contra a candidatura própria do partido em nível nacional, tão logo saiu o resultado, tive contato com o presidente nacional e disse que acatava a decisão e que queria a partir de então trabalhar a candidatura de Cristóvam Buarque. A Executiva Nacional nos deixou liberados, então, aqui para que o nosso compromisso local fosse cumprido. Então é público e notório o meu compromisso com o governador e o PDT, na convenção, vai manifestar que não tem candidato a governador e aprovar um indicativo de apoio ao governador Blairo Maggi.
Diário - O senhor citou na sua fala anterior que foi excluído do programa eleitoral do PDT. Por quais motivos?
Brito – É óbvio que a gente não fica satisfeito com essa situação. A bem da verdade, eu também não entendi as razões, não há o que justifique. Por ser o único parlamentar, por ser o líder de bancada, por carregar conosco toda uma história. De toda forma, isso já passou, mas são registros que a gente faz. Dentro do PDT eu tenho me esforçado para mostrar a nossa postura de comprometimento para aquilo que entendemos ser interesse maior da população dentro do partido. Essas situações realmente ocorreram e venho tentando superá-las uma a uma. Mas penso que o PDT tem outros valores que a gente precisa ressaltar. É uma legenda que atravessou todos esses momentos difíceis do País, de acusações de todos os níveis e de todas as formas, e o PDT atravessou como um partido ético e que não se envolveu nas falcatruas denunciadas nacionalmente. Então, se há problemas dentro do partido, há também uma série de qualidades dentro do partido e eu prefiro me ocupar destas.
Diário - O senhor foi um dos maiores fomentadores da candidatura de Eraí Maggi. O que aconteceu que ele não conseguiu deslanchar?
Brito – Aí é uma questão de avaliação. O Eraí sabe a minha opinião. Desde setembro, quando me filiei ao partido, eu o convidei para que viesse junto para alimentarmos essa disputa ao Senado, por acreditar que havia um espaço no cenário político para isso. Por uma série de fatores, nós entendíamos e entendo ainda que o empresário Eraí tem as condições de pleitear a candidatura ao Senado e até de vitória. Até porque não acredito em resultado pré-estabelecido. Aí disse que era preciso a gente fazer todo o desenvolvimento de um projeto. Acho que o Eraí retardou demais alguns encaminhamento de ordem política, a definição principalmente, mas acho que o projeto não está de todo comprometido, uma vez que a campanha em si se inicia em primeiro de julho. E a própria peculiaridade de Eraí não ser do meio político justifica parte das dúvidas, acaba favorecendo também apresentar o projeto efetivamente após a convenção.
Diário - Mas o senhor tem convicção hoje de que ele vai ser candidato ou não?
Brito – O PDT tem todo o interesse na sua candidatura ao Senado, é uma decisão partidária. E, em ela não ocorrendo, o PDT ainda assim manterá a candidatura com o empresário Otaviano Pivetta. Há, inclusive, nos últimos dias um entendimento nosso de que um ou outro poderá ser suplente do outro e temos aí o empresário de Cuiabá Altevir Magalhães como alternativa. Ou seja, para o PDT é estratégico ter a candidatura ao Senado e acreditamos que para Mato Grosso também. É preciso entrar nesse debate ao Senado com uma discussão diferente daquilo que está posto. Até o momento, só está se discutindo o interesse dos partidos e dos políticos. Até o momento, nenhum dos pré-candidatos ao Senado colocou-se a discutir aquilo que é importante para Mato Grosso no cenário nacional.
Diário - O senhor acha que a construção desse arco de alianças pró-Blairo Maggi está sendo feita de forma equivocada, deputado?
Brito – Eu olho sempre com preocupação. O governador Blairo Maggi foi eleito em 2002 porque representava novidade, porque carregou consigo o desafio e consequentemente a crença da população com uma prática política estabelecida há décadas no Estado e no País. Penso que é um governo que não conseguirá cumprir todas aquelas expectativas, até porque você não vai em quatro anos conseguir superar todas as mazelas da administração pública estabelecidas aí há mais de século. Mas acho que o governador avançou na transparência, na ousadia, na forma de administração pública e na eficiência de resultados, que foram valores defendidos em 2002. Me preocupa muito quando vejo esses valores sendo substituídos por movimentações tradicionais, convencionais, como se um maior número de partidos, um maior número de políticos, fosse a fórmula exclusiva para se vencer uma eleição. E não é. A própria eleição de Blairo Maggi em 2002 demonstrou isso. Eu fico me perguntando se é realmente esse o caminho. Eu temo muito como a população possa receber essas articulações todas. Quer dizer, a preocupação, na minha forma de entender exacerbada, com quem será os adversários. Ora, que os adversários se preocupem com seus projetos. Tanto nós como eles teremos que nos apresentar à sociedade e é ela quem vai decidir. Eu acho que nesse instante o governador Blairo Maggi tem um saldo positivo com a opinião pública. Acho que não deve haver essa preocupação se deve ou não estar vinculado ao candidato federal, e entendo que o governador carrega consigo resultados de uma conduta política que lhe permite estar principalmente fiel às razões que o elegeram. Eu temo que esses valores sejam substituídos e os resultados sejam adversos de 2002. Você pode ter um grande palanque, bonito, cheio de gente, mas quem decide são aqueles que estão fora do palanque, embaixo, acompanhando, assistindo. E o Blairo tem que ter clareza do governo que fez. Eu não vejo qualquer dificuldade para enfrentar qualquer adversário.
Fonte:
Diarío de Cuiabá
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/292797/visualizar/
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