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Politica Brasil
Sexta - 23 de Junho de 2006 às 09:01
Por: Onofre Ribeiro

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Não vou falar de programas de qualidade total, até porque não é bem a minha praia. Mas também não posso deixar de associar a qualidade ao nosso futebol nesta copa do mundo. Nos dois primeiros jogos, o que valeu foram os interesses comerciais dos patrocinadores e dos próprios jogadores, na forma de pressão sobre a comissão técnica. Que, aliás, também tem os seus próprios interesses. A rigor, mesmo, o futebol era o que menos estava interessando.

Pois bem. Nos dois primeiros jogos, embora a seleção brasileira tenha vencido, ficou bem claro que a qualidade foi péssima. Isso se manifestou durante e depois do jogo. A comissão técnica tentou explicar que importante era a vitória, mas não convenceu porque, realmente, a qualidade não ajudou.

No segundo jogo, fizeram umas gracinhas, mudando uns, mas de novo foi muito ruim. O mais importante é que a opinião pública fez a comissão e os próprios jogadores perceber que não estavam agradando de forma alguma. De novo, explicações, que também não convenceram.

Talvez a gota d´água tenha sido o mau desempenho de Ronaldo. Ele tentou forçar a barra com seu poderoso marketing Nike, mas não colou. Teve que jogar futebol, que é o seu papel, e marcar gols. E a comissão técnica teve que fazer o possível para agradar a opinião pública. A seleção teve que marcar gols e os jogadores tiveram que mostrar que estavam ali para jogar.

Ainda ficou muito a desejar. Mas uma coisa ficou claríssima: a sociedade brasileira sabe distinguir qualidade e já está sabendo cobrar também.

Se a seleção brasileira jogasse com as poderosas seleções do passado, como a inglesa, a francesa, a italiana, a holandesa, seria um vexame se jogasse esse futebolzinho de compadre.

O nível emocional de futebol piorou muito. Ficou mais técnico, mas perdeu a garra que era a marca do futebol dos anos 50, 60, 70 e 80. Hoje é um negócio muito caro, que envolve patrocínios caríssimos, salários astronômicos e custos altíssimos. Esporte tornou-se um negócio do mundo globalizado. Nessa condição, as influências são outras em relação àquele de tempos atrás, quando a camisa era a religião de uma seleção esportiva.

Basta recordar a copa que o Brasil perdeu para a França, por decisão da Nike, que pôs em campo um Ronaldinho doente, saindo de uma crise de epilepsia. Pôs porque o acordo era o Brasil perder para que a França ganhasse a copa. E ganhasse por uma série de razões de ordem econômica.

Hoje as coisas estão bem mais complicadas. Mas é assim no mundo globalizado. Não existe mais espaços para esportes puros baseados só no esforço muscular dos esportistas. O cérebro dos esportes estão fora de campo e do próprio esporte, ancorados em grandes patrocinadores que jogam milhões de dólares anuais num time ou num único jogador.

Mas o que interessa realmente, é destacar que a opinião pública brasileira interferiu nesse mundo de negócios e obrigou a seleção brasileira de futebol a jogar futebol. Parece óbvio, não? Mas não é. Os interesses conexos são muito maiores do que isso. Mas a opinião pública brasileira conseguiu neste jogo contra o Japão, impor uma qualidade que não deveria existir. Melhor para o Brasil. Pior para a seleção, para a comissão técnica e para os patrocinadores.

Onofre Ribeiro é articulista deste jornal e da revista RDM

onofreribeiro@terra.com.br





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