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Politica Brasil
Quinta - 15 de Junho de 2006 às 14:45

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A nove dias da convenção que vai oficializar o seu nome como candidato à reeleição, Lula ainda não atraiu para a sua chapa nenhum partido político. Corre o risco de disputar a eleição com o apoio solitário do PT. O PC do B, única legenda que admitira a hipótese de coligar-se à sua candidatura, ameaça dar meia-volta.

Nesta quarta-feira, o presidente do PC do B, Renato Rabelo, informou ao blog que seu partido decidiu rediscutir o casamento de papel passado com Lula. Sente-se desprestigiado pelo PT. Alega ter reivindicado a reciprocidade do “parceiro” em três localidades –Brasília, Tocantins e Ceará. Não foi atendido em nenhuma das três solicitações. Rabelo travou com o blog o seguinte diálogo:

- Essas pendências podem levar o PC do B a não se coligar com Lula? Adiamos a nossa convenção (de 14 para 29 de junho) em parte por isso. O risco existe. - A resolução das pendências é pré-condição para o acerto com Lula? É essa a questão que temos levantado. Em toda aliança tem que haver reciprocidade. Não pode existir só bônus ou ônus para um dos lados. Os ganhos têm que ser recíprocos. Por isso adiamos a convenção, para ver que posição adotar. - Lula pode disputar a eleição só com o PT? Esse risco existe.

Para o governo de Brasília, o PC do B pediu o apoio do PT à candidatura do ex-ministro Agnelo Queiroz (Esportes). O “aliado” preferiu lançar o nome da petista Arlete Sampaio, deputada distrital. Para o governo de Tocantins, o PC do B lançou o senador Leomar Quintanilha. Sem candidato, o PT preferiu associar-se à campanha do governador Marcelo Miranda (PMDB), candidato à reeleição.

No Ceará, PT e PC do B patrocinam a candidatura a governador de Cid Gomes (PSB). O PC do B quer que a vaga de senador seja entregue ao deputado Inácio arruda, dos seus quadros. Mas o PT prefere apoiar para o Senado o nome do ex-ministro Eunício Oliveira (Comunicações), do PMDB.

Por razões diversas, também o presidente do PSB, deputado Eduardo Campos (PE), informou a Lula, em reunião realizada na segunda-feira, que seu partido não deve participar da coligação nacional com o PT. “Precisamos ter atenção para a realidade dos Estados e para a necessidade de cumprir a cláusula de barreira”, disse Campos.

A exemplo do PC do B, o PSB reclama da falta de disposição do PT para se compor nos Estados. Entre eles Pernambuco, onde Campos disputa o governo local. A pedido de Lula, o presidente da CNI, Armando Monteiro, que concorria ao governo pernambucano pelo PTB, renunciou em favor do candidato petista Humberto Costa. O gesto envenenou as relações do PSB com o Planalto.

A julgar pelas pesquisas de opinião, com ou sem PC do B e PSB, Lula pode bater o adversário tucano Geraldo Alckmin ainda no primeiro turno. O problema é que, coligado ao PFL, Alckmin dispõe de 9 minutos e 2 segundos para fazer campanha no rádio e na TV a partir de 15 de agosto. Aliando-se aos comunistas e aos socialistas, Lula já teria um tempo menor: 8 minutos e 22 segundos. Concorrendo só com o PT, o tempo de propaganda do presidente cai para 5 minutos e 44 segundos, quase quatro minutos a menos que Alckmin.

No início do ano, Lula planeja disputar a reeleição coligado a seis partidos além do PT: PC do B, PSB, PTB, PP, PL e PMDB. Em encontro nacional realizado no final de abril, o PT aprovou resolução favorável a uma política ampla de alianças. Abriu-se inclusive a possibilidade de composição com as legendas do mensalão.

Porém, a resolução não foi seguida de uma estratégia capaz de casar o interesse nacional com as conveniências regionais. E Lula desdobra-se agora para salvar ao menos o acordo com o PC do B, uma legenda que o apoiou em todas as suas quatro campanhas presidenciais anteriores.





Fonte: Folha de S. Paulo

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