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Cultura
Terça - 06 de Junho de 2006 às 11:11

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Quem pensa que São João resume-se a uma pequena quermesse na frente da igreja ou a apresentações de quadrilha no pátio da escola, nunca ouviu falar das grandiosas festas juninas do Nordeste brasileiro. Os festejos dedicados aos três santos homenageados em junho (Santo Antônio, São João e São Pedro), tradição que veio de Portugal no século 16, são, para muitas cidades nordestinas, mais importantes do que o carnaval.

"São João significa um novo Natal. As pessoas vêm rever a família no período junino", conta o coordenador de Turismo e Eventos de Campina Grande, na Paraíba, Frederico Ozanan Pinto Gomes Pereira.

O São João da cidade, aliás, é um dos maiores do País. Segundo Pereira, o município de cerca de 400 mil habitantes deverá receber até 2 milhões de pessoas ao longo do mês. "Superamos 1,5 milhão de visitantes no ano passado; todos os hotéis ficaram lotados", diz. O município conta com 3,2 mil leitos, mas grande parte do público hospeda-se em casas de moradores ou nas cidades vizinhas. O investimento no que Campina Grande diz ser "o maior São João do mundo" chega a R$ 4 milhões - e 10 mil pessoas foram contratadas só para trabalhar no Parque do Povo, área que concentra as festividades.

Disputa O título de "a mais grandiosa festa junina" é disputado. Caruaru, no interior de Pernambuco, também gosta de dizer que tem o melhor São João do País. "Temos uma saudável disputa sobre quem faz o melhor e maior São João. Como Caruaru e Campina Grande estão a pouco mais de 150 quilômetros uma da outra, o turista tem o benefício de poder experimentar as duas festas e decidir", afirma o presidente da Empresa de Turismo Pernambucana, Kleber Dantas.

Com pouco mais de 253 mil habitantes, Caruaru espera receber mais de um milhão de visitantes. "Onde houver uma cama, será ocupada", diz Dantas. O investimento no São João de lá também é de R$ 4 milhões.

Outras festas Aracaju, em Sergipe, e Mossoró, no Rio Grande do Norte, também preparam enormes festas juninas. "Junho para o turismo é tão alta estação quanto janeiro e fevereiro", conta o superintendente geral de Turismo de Sergipe, Lula Pedreira. A capital sergipana estima um público de 100 mil pessoas por noite.

Já Mossoró, que recebeu um milhão de pessoas em junho de 2005, espera superar este número este ano. Para a festa, foi construída uma Cidade Junina, com 30 projetos, e o investimento ronda R$ 2 milhões. "O turismo aumenta 70% durante o São João", afirma o secretário municipal de Comunicação, Antônio Carlos de Farias.

A festa no Maranhão é um pouco diferente. A estrela, lá, é o bumba-meu-boi. O governo do Estado investiu R$ 8,5 milhões no evento.

Tradição O São João no Nordeste adota o forró como principal chamariz. Os festejos juninos, no entanto, existem há muito mais tempo que esse ritmo. Eles vêm de celebrações pagãs da Grécia e Roma antigas, quando o solstício de verão era celebrado em junho. Os deuses da colheita eram reverenciados com enormes fogueiras, cantorias e danças. Para homenagear Ferônia, deusa dos cultos agrários do centro da Itália, predestinados caminhavam sobre as brasas dos fogaréus. A tradição é repetida até hoje no interior paulista (veja reportagem na página 13).

Parte das tradições das festas de São João foi importada da Europa, mas as comidas típicas são bem brasileiras. Pé-de-moleque, pamonha e paçoca, entre tantas outras, dão o toque verde-amarelo à festa milenar.





Fonte: Agência Estado

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