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Politica Brasil
Terça - 30 de Maio de 2006 às 14:37

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Os planos de Lula de fazer do ex-ministro Ciro Gomes (PSB) seu companheiro de chapa nas eleições deste ano esbarraram na resistência de cardeais do PT e de integrantes da ala governista do PMDB. O receio é o de que, eleito como vice de Lula, Ciro se credencie automaticamente como candidato à presidência em 2010.

Na linha de frente à oposição ao nome de Ciro estão pelo PT: o senador Aloizio Mercadante, candidato do partido ao governo de São Paulo e o deputado cassado José Dirceu (PT-SP). E pelo PMDB lulista: o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) e o senador José Sarney (PMDB-AP).

No PT, o movimento anti-Ciro vai muito além de Mercadante e Dirceu. A preocupação é a de que, se eleito como companheiro de chapa de Lula em 2006, Ciro prevaleça como alternativa presidencial para 2010, em detrimento de alternativas petistas. No PMDB, o receio é o de que Ciro, tachado nos bastidores de “personagem desagregador”, prejudique os esforços para atrair o apoio do peemedebismo para um eventual segundo governo de Lula.

Em diálogos reservados com lideranças do seu partido, o PSB, Ciro informou que não deseja ser vice de Lula. O próprio ex-ministro da Integração Nacional afirma que seu nome “não agrega valor” à chapa de Lula. Ele disse isso inclusive ao presidente.

Afora as resistências internas que começa a enfrentar, Ciro menciona o fato de que o grosso de sua base eleitoral está no Nordeste, uma região em que Lula não precisa de ajuda. É onde o presidente ostenta as maiores taxas de intenção de voto, ao redor de 70%. O melhor para Lula, diz Ciro, seira que o vice saísse da região Sul ou do Sudeste.

O aparente desinteresse de Ciro, comunicado ao presidente do PT, Ricardo Berzoini, pelo presidente do PSB, Eduardo Campos, é visto pelo petismo como jogo de cena. Avalia-se que, se convidado formalmente por Lula, o ex-ministro aceitará prontamente o “desafio”.

A aversão interna ao nome de Ciro fez com que Lula e a cúpula do PT voltassem a considerar a hipótese de repetir em 2006 a mesma chapa de 2002, com a manutenção de José Alencar no posto de vice. Tenta-se agora convencer a ala governista do PMDB a “apadrinhar” o nome de Alencar.

A nova articulação prevê que Alencar, hoje filiado ao inexpressivo PRB, se transfira para o PMDB depois da eleição. Seria uma maneira de acomodar o PMDB na chapa, sem que o partido precise formalizar uma coligação com Lula no primeiro turno da eleição, ficando livre para fazer alianças com outras legendas nos Estados, inclusive com PSDB e PFL.

Quem conduz a articulação, em nome de Lula, é o ministro Tarso Genro (Relações Institucionais). Mas o próprio presidente decidiu se envolver no processo. Já conversou com Renan Calheiros a respeito. Vai falar com Orestes Quércia, presidente do PMDB de São Paulo. E deseja procurar Michel Temer, presidente nacional do PMDB.





Fonte: Folha de S. Paulo

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