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Politica Brasil
Terça - 23 de Maio de 2006 às 15:57
Por: Cleber Lima

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Um dos aspectos da crise do mensalão é a discussão em torno da chamada governabilidade. Para garantir maioria no Congresso, sobretudo na Câmara Federal, o Governo (qualquer um) precisa desenvolver uma boa relação com os deputados e senadores, à base da articulação política ou da cooptação deliberada. Em quaisquer dos casos, normalmente entram na negociação espaço político nos ministérios, liberação de recursos para os projetos das diferentes bancadas, emendas, etc.

Até aí tudo bem, porque política é um jogo de ganho recíproco. Ninguém dá apoio em troca de nada. Nem o eleitor. No melhor dos casos, o eleitor vota pela expectativa de poder, de espaço, de emprego, de execução de determinadas obras, de realização dos seus anseios coletivos ou particulares. Na pior, é por botina e dinheiro mesmo.

Recupero essa discussão para entrar no assunto prometido na semana passada, de avaliar a decisão ainda provisória do PMDB de não lançar candidato a presidente da República, mas com uma tendência de a maioria de seus quadros mais expressivos aderirem à campanha à reeleição do presidente Lula.

Para a governabilidade, partidos como o PMDB são a melhor alternativa de construção de uma maioria estável e, dentro do possível, saudável. É um partido com uma das maiores bancadas, e com lideranças nacionais fortes. Ainda que o PMDB seja uma federação, como dito anteriormente, eles desenvolveram uma boa formula interna de administração das suas diferenças.

Ao negociar com um partido que sozinho responda ao pelo menos um terço do Congresso, mais o um terço que normalmente o partido que vence a eleição de presidente conquista (na urna ou na sedução antes da posse), evita-se a negociação no varejo, com partidos intermediários, presididos por deputados federais, que são o pior câncer da práxis partidário-legislativa do Brasil dos últimos 100 anos.

Portanto, penso que tanto para o PT como para o PSDB, o PMDB é muito importante durante a eleição, mas é particularmente importante para a construção da maioria no Congresso, da governabilidade. Com um partido grande, negociam-se ministérios, grandes projetos nacionais, grandes espaços políticos. E com pouca gente. A miudeza fica para a negociação interna corpori.

Já com partidos de deputado federal, o poder central tem de ficar de cócoras para negociar a filigrana com todo o baixo clero, e é quando acaba metendo a mão na lama. Claro que há muitas outras explicações para o fenômeno, mas o mensalão tem sua gênese nessa opção equivocada do PT de preferir negociar com partidos intermediários, de deputado federal, a negociar com os grandes partidos, tais como o PMDB.

Como se diz em política, errar é humano, mas persistir no erro é idiotice. Por outra, “loucura é fazer as coisas sempre da mesma maneira desejando alcançar resultados diferentes”, segundo James C. Hunter. E como espera-se que os dirigentes de dois dos cinco maiores partidos do país não sejam nem idiotas tampouco insanos, haverão de ter aprendido muita coisa com o escândalo do mensalão.

KLEBER LIMA é Jornalista, Consultor Político filiado à ABCOP (Associação Brasileira de Consultores Políticos), e Consultor de Comunicação da KGM SOLUÇÕES INSTITUCIONAIS. kleberlima@terra.com.br e www.kgmcomunicacao.com.br.





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