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Politica Brasil
Quarta - 05 de Abril de 2006 às 10:00
Por: Marcy Monteiro Neto

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O deputado federal Ricarte de Freitas, presidente regional do PTB, revela que o partido está aberto a conversas com todas as siglas em Mato Grosso. Como o partido estará livre nacionalmente para coligações, Freitas revela que a sigla tem sido assediada para formar alianças no Estado, mas que não tem interesse em negociar o tempo que o PTB terá no horário eleitoral gratuito. Ele reconhece, porém, que os dois minutos que o partido têm direito, são os motivadores do interesse de outras siglas em se unir ao Partido Trabalhista Brasileiro.

Ricarte explica que a prioridade do partido é ultrapassar a cláusula de barreira, elegendo o maior número de deputados federais. Além disso, a negociação com outras siglas para a formação de alianças no Estado tem que levar em consideração a participação do PTB na formação conjunta de políticas públicas.

O presidente do PTB foi o convidado desta quarta-feira no programa Bom Dia Mato Grosso, na série de entrevistas sobre como está o cenário político no Estado faltando seis meses para a eleição.

Confira abaixo a íntegra da entrevista:

BDMT - O PTB nacional não terá candidato à presidência da República e com isso estará livre para fazer coligações nos Estados. Que rumo tomará o seu partido?

Ricarte - Essa é a grande questão que se faz hoje. Houve já uma definição por parte da executiva nacional no sentido do partido ficar livre e não fazer uma aliança em nível nacional para ficar livre nos estados e que cada regional possa escolher seu caminho. Qual a grande questão hoje? Nós estamos vivendo uma eleição que será diferente. A questão é atingir a cláusula de barreira, atingir os 5% pela manutenção do partido.

O PTB não atingiu essa cláusula de barreira na eleição passada?

Na eleição passada faltou um pouquinho aí se fundiu com o PSD. A gente aguarda que, temos a expectativa positiva, de que nessa eleição, já com 46 parlamentares disputando, a gente espera poder atigir com uma certa facilidade essa cláusula. Com relação às alianças em Mato Grosso. O senhor conversou com Blairo Maggi, tem conversado com os líderes do PSDB e PFL. Qual o rumo mais provável que o PTB vai tomar?

Na verdade, tivemos a primeira conversa. Estávamos aguardando a verticalização. Aliás, em todos os Estados, tudo ficou paralisado, aguardando. Uma vez que foi definida que a verticalização seria mantida. Começa agora a formalização das alianças. A primeira convesa que tivemos foi no domingo passado com o governador Blairo Maggi e Pagot. Fomos convidados oficialmente pelo PPS para que pudéssemos fazer parte dessa aliança. Claro que esta é uma primeira conversa e o PTB já tem uma decisão tomada pela executiva regional de conversar com todos os segmentos políticos no Estado.

Então o senhor não deu resposta ao governador?

Não. Foi conversa boa, amigável. Eles mostraram interesse pelo PTB. O PTB quer construir e tem como prioridade a eleição de deputado federal, para manter a cláusula de barreira, deputado estadual. Temos a pretensão de participar da chapa da senatória com a indicação de um suplente. E queremos fazer parte de um governo em que a gente possa formular juntos políticas públicas, onde a gente possa discutir questões de que entendemos... O PTB tem colocado claramente que, qualquer que seja o próximo governo, que a gente venha a participar e a formular, tem que ter uma política agressiva com relação ao turismo no Estado. Mato Grosso é um estado que é o único que tem três ecossistemas.

Isso falta, na sua opinião?

Claro, com certeza que falta. Mato Grosso representa hoje 0,9% no turismo do país.

E o que falta para que isso melhore?

Faltam exatamente políticas de govenro. Hoje temos no governo federal uma política forte do turismo, crescendo 18% ao ano. E nós temos no Estado uma política ainda se iniciando, faltando inclusive uma decisão política de governo. Falei ao governador Blairo Maggi e ele concordou, dizendo que efetivamente o turismo, que é hoje um grande alavancador na geração de emprego e renda, é ambientalmente correto, politicamente correto. E o Estado tem todo o potencial e pode se transformar em um grande produto.

A nomeação de Antônio Kato para o cargo de secretário-chefe da Casa Civil no governo do Estado, ele é integrante do PTB, é uma aproximação? Facilita a aproximação do PTB com o PPS?

Não, até porque não podemos misturar as coisas. Antônio Kato é uma figura de respeito. Eu o conheci anos atrás. É uma figura inatacável, mas Antônio Kato não foi para o governo Blairo Maggi por indicação. O PTB não indicou ninguém ao governo Maggi. O PTB não fez parte da aliança de governo. E ele já tinha sido indicado antes, era sub-chefe da Casa Civil.

Isso não muda a relação com o PPS?

De forma nenhuma. Acho que a relação é uma relação cordial. As coisas podem evoluir, mas isso não significa absolutamente nada, porque o PTB não teve qualquer participação na escolha de Antônio Kato.

Além da questão do turismo, como o senhor avalia o governo Maggi?

Acho que, o governo Blairo Maggi, quem avalia melhor são as pesquisas de opinião pública, que dão a ele uma credibilidade grande. Eu particularmente entendo, o PTB entende, que existem coisas que podem ser melhoradas. Eu acho que é preciso fazer uma revisão, em termos conceituais, na questão do turismo especificamente, em políticas alternativas de desenvolvimento. Mato Grosso não pode viver apenas de comodities do agronegócio. Os três principais produtos hoje enfrentam a maior crise e você vê o desespero do desemprego acontecendo nos municípios. E nós não temos agregado nada a isso. Acho que precisa uma política forte no sentido de agregar...

O senhor acha que o PTB pode ajudar nisso?

Nós podemos ajudar nossa população, não tenho dúvida disso. É essa a nossa proposta, de poder sentar junto. Acho que nós precisamos rediscutir a carga tributária no Estado. Acho que nós precisamos rediscutir a questão das ações sociais no Estado. Acho que qualquer que seja a participação que venha fazer na formulação no próximo governo, essas coisas são prioritárias para que sejam colocadas à mesa.

O PTB se caracteriza por ser um partido que segue o trabalhismo de Vargas, que foi o governo que reconheceu alguns direitos dos trabalhadores. No entanto, o PTB tem votado contra os direitos dos trabalhadores. Que trabalhismo é esse que o PTB defende?

As grandes conquistas dos trabalhadores foram feitas pelo PTB. Se for pensar no 13º salário...

Isso na época de Vargas?

O 13º salário, tudo bem. Você tem a licença maternidade, o vale-transporte, um terço do abono de férias foram conquistas que o PTB trouxe na Constituição de 88 para o trabalhador. Agora, se rediscutir aquilo que seria um grande acordo nacional no sentido de facilitar a geração de emprego e que foi maldosamente colocado como se nós estivéssemos votando contra o 13º e tantas outras coisas que a própria CUT fez campanha contra, que não é verdade. Isso não pode ser colocado como sendo de lutar contra o trabalhador até porque as grandes conquistas foram da nossa responsabilidade.

Segundo bloco

No horário eleitoral gratuito o PTB tem pouco mais de dois minutos. O senhor acredita que este é o motivo de tamanho assédio que o PTB tem sofrido por parte de vários outros partidos?

Eu acho que esse é um bom motivo de interesse dos demais partidos. Mas nós do PTB não queremos usar isso como nossa mercadoria. Isso é um detalhe a ser colocado. Repito que estamos preocupados com a relação político-eleitoral, eleição de deputado federal, estadual, indicação na chapa majoritária de Senado e poder fazer parte da formulação de políticas do governo. É claro e não resta dúvidas que se tivéssemos só 12 segundos, com certeza o PTB não estaria sendo chamado para fazer parte das conversas com as alianças.

O senhor é candidato à reeleição?

Sou candidato à reeleição.

Um dos principais nomes do PTB no país é o ex-deputado Roberto Jeferson, que foi cassado após as denúncias do mensalão. O senhor acredita que o partido teve imagem a imagem comprometida nacionalmente?

Quero dizer que Roberto Jeferson hoje é ídolo nacional.

O senhor votou contra a cassação dele...

Votei contra a cassação. O Roberto, tenho o acompanhado a alguns lugares, tive oportunidade em trazê-lo para fazer um júri em Mato Grosso e vi o assédio que ele sofre na rua. Roberto, no sábado passado foi ao programa da Hebe, e foi aplaudido de pé. Roberto, as pessoas entendem que foi o grande canal da transformação desse país.

Mas há uma ala da população que o vê como vilão.

Mas sempre terá uma ala contra e uma ala a favor.

Ele não comprometeu a imagem do PTB?

Não. Acho que comprometeu as imagens de todos os partidos. Acho que vivemos um momento político muito ruim. Mas não da forma como diria, que o PTB está acabado. O PTB não perdeu nenhum deputado federal pela questão disso. O PTB não esteve envolvido com o mensalão. O PTB tem hoje uma preocupação, sim, em se reafirmar como partido e acreditamos que vamos superar a cláusula de barreira. Queremos participar, em Mato Grosso, na formação de políticas públicas.

O que o seu partido pretende fazer pela logística e infra-estrutura no Estado?

A questão da infra-estrutura e logística, o PTB tem o maior exemplo disso. Até porque toda a rediscussão da BR-163 começou através do PTB. Foi quando conseguimos colocar o governador Blairo Maggi junto com o setor dos produtores da questão dos grandes produtores de soja e a Zona Franca de Manaus buscando uma solução que até então não existia, que hoje passa a ser a discussão da proposta de se transformar em uma PPP, que seria a primeira a ser implantada no governo Lula. Nós temos a necessidade da BR-163.

Quando sai, definitivamente, a BR-163?

Ah, quem me dera se eu pudesse dizer. Na audiência que tivemos com o ministro dos Transportes no mês passado, há uma preocupação do ministro de que essa seria a primeira PPP lançada nesse governo e de que ainda este ano seria lançado o edital. Eu quero acreditar que nós vamos ainda ter um tempo para que isso aconteça. Até porque as coisas em Brasília estão realmente tumultuadas. Mas temos interesse. Temos trabalhado junto ao Ministério dos Transportes para que a parte do orçamento que se destina ao trecho do Pará, por exemplo, seja todo ele apoiando inclusive a iniciativa daquilo que foi a reunião no Pará com o governador Simão Jatene, de que toda ela seja no sentido da construção das pontes para dar trafegabilidade a essa rodovia.

Esse governo federal fez o que deveria ser feito para Mato Grosso, principalmente na infra-estrutura?

Eu acho que esse governo deixou a desejar, como o outro governo também deixou a desejar. Se formos olhar a BR-163, desde que ela foi construída, não teve uma restauração completa. Nós continuamos vivendo a era dos tapa-buracos. Nós temos uma perspectiva hoje do seguinte: BR-163, vamos pelo menos viabilizar o final dela na divisa do Pará com recursos do orçamento para este ano e fazer com que, trabalhar para que, se possa garantir pelo Ministério dos Transportes que o dinheiro destinado, R$ 52 milhões, para o trecho do Pará sejam construídas as pontes de concreto para dar trafegabilidade. E tem a bancada, inclusive, a preocupação de colocar recursos na BR-158, que é outra saída estratégica para a produção de Mato Grosso.

O senhor acha que no próximo mandato de Lula ou Alckmin essas questões podem ser resolvidas? Ou isso leva muito tempo?

Eu acho que esse país é muito grande para dizer que vai resolver tudo, em função até de uma política econômica que a gente questiona muito. A questão do superávit primário, que é uma previsão, e o cálculo na verdade se torna algo acima daquilo. Mas não resta dúvida de que, se este país não der uma solução de logística de transporte, de ferrovia, de melhorar a capacidade dos portos, nós cada vez mais vamos perder mais tempo. Eu acho que essa que tem que ser a grande preocupação. Acho que o próximo governo, já começar deste, deve se preocupar efetivamente para dar uma infra-estrutura aos portos e rodovias, ampliando as ferrovias para que a gente possa ter maior condição de exportação.





Fonte: RMTonline

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