Quércia lança Itamar e cogita concorrer em SP

Para surpresa do partido, o presidente do PMDB de São Paulo, Orestes Quércia, decidiu lançar o ex-presidente Itamar Franco ao Palácio do Planalto como estímulo para sua própria candidatura ao governo do Estado. Orquestrada no fim de semana, a manobra sepultaria a candidatura de Anthony Garotinho à Presidência.

A idéia agrada a muitos petistas, que enxergam no lançamento da candidatura de Quércia um instrumento capaz de evitar a vitória do ex-prefeito José Serra no primeiro turno, além de impedir o apoio formal do PMDB à sua candidatura no Estado.

O próprio presidente nacional do PT, deputado Ricardo Berzoini, já chegou a dizer que "o partido tem de estimular a candidatura de Quércia".

Segundo um petista, uma hipótese seria a construção de um palanque para Quércia que incluísse o PC do B e o PSB. Nesse caso, seriam três os palanques. Mas, em conversas com peemedebistas, Quércia estaria apostando na desistência do PT em seu favor.

Segundo especulações, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B), seria até o candidato ao Senado na chapa de Quércia.

O presidente nacional do PC do B, Renato Rabelo, admitiu que "existem propostas nesse sentido [de aliança PMDB/PC do B]". Como são amigos, Aldo e Quércia conversaram diretamente, mas nada está fechado.

O tesoureiro do PSB, Márcio França, disse que, apesar das consultas, não houve qualquer proposta formal do PMDB.

Ontem, Quércia repetiu que se esforçará pela candidatura de Itamar porque Garotinho "tem uma rejeição tão grande" que "só o atrapalharia no Estado".

"Itamar sendo candidato, sou candidato a governador. Vou enfrentar o Serra e a Marta e o Mercadante. É minha preferência", disse Quércia. Consultado por lideranças, Itamar, entretanto, disse que não vai para a convenção.

Michel Temer, presidente do PMDB, minimizou: "Foi uma lembrança do Quércia. Ele falou com A, com B, com C. Nada que tenha prosperado. Foi, por enquanto, uma lembrança".