Serra desafia Lula a explicar suas contas

Prefeito de São Paulo e um dos postulantes à vaga de candidato do PSDB na sucessão presidencial do ano que vem, José Serra desafiou ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a dar explicações públicas sobre irregularidades na campanha petista de 2002, quando ambos foram oponentes.

Foi uma reação à resolução do Diretório Nacional do PT divulgada anteontem, que acusa Serra de ter se beneficiado de caixa dois na disputa de três anos atrás.

"Sugiro que o presidente dê uma coletiva só para falar de caixa dois na campanha dele", disse o prefeito, em evento do qual participou, em São Paulo, ao lado do governador Geraldo Alckmin, outro presidenciável do PSDB.

Serra negou que sua campanha à Presidência em 2002 tenha se utilizado de caixa dois. "Nós não fizemos nenhuma irregularidade na campanha. Nossas dívidas estão registradas no Tribunal [Superior Eleitoral]. Acho muito engraçado que venham cobrar do candidato que perdeu a eleição explicações enquanto que o candidato que ganhou não dá explicação nenhuma o tempo inteiro", disse o prefeito, antes de fazer o desafio: "Na hora em que o presidente Lula convocar uma coletiva só para falar de caixa dois na campanha dele, convoco também uma coletiva para mostrar as contas da nossa campanha".

O documento petista --que também traz "fogo amigo", com críticas à política econômica de Lula-- afirma que a campanha de Serra é "objeto de uma ação na Justiça Federal de R$ 32 milhões".

O prefeito tucano evitou associar o ataque recebido dos petistas ao fato de ser um dos presidenciáveis do PSDB. "O PT tem a seguinte estratégia: antigamente diziam que eram diferentes. Com o que aconteceu agora, dizem que é todo mundo igual a eles, mas não é", afirmou Serra, segundo o qual o problema de caixa dois do PT "é um detalhe". "O que teve mesmo é desvio de dinheiro das empresas públicas. Corrupção mesmo."

Alckmin, que durante o evento anunciou a liberação de verbas para a recuperação da Estrada Turística do Jaraguá (zona norte), também criticou os adversários petistas e as declarações do presidente Lula segundo as quais a oposição é golpista. "O presidente e o PT não aprenderam com a crise. Continuam a querer responsabilizar terceiros por um problema interno, de relação indevida entre o público e o privado, entre governo e partido", afirmou Alckmin.