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Café transgênico está longe de chegar ao mercado
Pesquisadores em países como Brasil, França e Estados Unidos estão tentando desenvolver um café geneticamente modificado livre de cafeína e que possa ser colhido mais facilmente ou resistir melhor à estiagem, às geadas e às doenças. Entretanto, o produto transgênico está muito longe de chegar ao mercado, podendo demorar de 15 a 20 anos, segundo informações divulgadas em um seminário da Organização Internacional do Café (OIC) em Londres.
"Não beberemos uma xícara de café GM amanhã. Não há meios de avaliar em qual ano chegará, mas definitivamente não nesta década", afirmou o diretor do Serviço de Padrão e Qualidade de Alimentos da Organização de Agricultura e Alimentos (FAO, em inglês). O Brasil, maior produtor de café do mundo, está investindo milhões de dólares em pesquisas, mas provavelmente não terá o café transgênico no mercado em um prazo de 15 a 20 anos, por causa das diversas barreiras técnicas, legislativas e comerciais, disse o pesquisador da Embrapa, Luiz Gonzaga Vieira.
Experiências de campo na Guiana Francesa sofreram destruição por pessoas não identificadas em agosto do ano passado, atrasando a pesquisa para uma variedade de café resistente às doenças, afirmou o consultor de café do instituto de pesquisa CIRAD, Christophe Montagnon. As safras transgênicas, como as de milho e as de soja, são cultivadas em grande escala nos EUA, Canadá, China, Argentina e no Brasil, mas na União Européia há resistência por parte dos consumidores e de grupos ambientalistas.
Nenhuma nova aprovação para cultivo de organismos geneticamente modificados (OGMs) foi concedida no bloco europeu desde 1998, quando a região começou a impor uma barreira sobre a permissão de importação de novos OGMs. Café transgênico prejudicaria países pobres
Juntamente às discussões ambientais e de saúde que envolvem os organismos geneticamente modificados, o café provoca outra preocupação, com argumentos ainda mais emotivos por causa de sua importância para economias de países pobres na África, na Ásia e na América Latina.
Produtores apenas saíram recentemente de uma crise causada pela superprodução e pela queda nos preços, que atingiram o menor patamar em 30 anos em 2001. "O problema no café é o equilíbrio da oferta e da demanda, dos preços baixos e da qualidade. A principal questão é: o café transgênico poderá resolvê-lo?", indagou Francois Meienberg, da suíça Berne Declaration.
Diferentemente de outras safras transgênicas comercializadas até então, o café não é um alimento primordial, mas um produto de luxo. "Para os produtos que dependemos para nossa sobrevivência, uma solução transgênica é necessária. Mas o café é vendido porque atrai a parte emocional do cérebro, se não há prazer, não há consumo", declarou o presidente da italiana Illycafe, Ernesto Illy.
Ele disse que a indústria deveria manter seu foco na produção tradicional ao invés da engenharia genética e reclamou que as pesquisas de GMs se concentraram até agora no aumento da produção e não na melhora da qualidade. O café também é uma safra perene, com pés durando cerca de 30 anos, diferente das safras anuais produzidas atualmente por meio da biotecnologia. "Um produtor não pode apenas semeá-lo e, então, removê-lo após um ano se não funcionar... os pés perenes serão as últimas (safras) a serem comercializadas", afirmou o coordenador de projetos de café da britânica Cabi Bioscience, Peter Baker.
Ele acrescentou ainda que a primeira conquista em relação ao café transgênico provavelmente não virá do Brasil, que cultiva cerca de um terço do café do mundo e onde as geadas e a estiagem devastaram safras no passado. Porém, o pesquisador da Embrapa afirmou que devido ao custo das pesquisas de GMs, ao invés de um único país, uma grande companhia de biotecnologia produzirá a primeira variedade de transgênicos.
Pequenos produtores, particularmente na África, devem ser prejudicados pela tecnologia, afirmou o diretor da OIC, Néstor Osório. Ele disse que a OIC apoiará as iniciativas para pesquisas de desenvolvimento de seus membros, mas que cada país terá de tomar suas próprias decisões sobre o debate dos organismos geneticamente modificados.
Experiências de campo na Guiana Francesa sofreram destruição por pessoas não identificadas em agosto do ano passado, atrasando a pesquisa para uma variedade de café resistente às doenças, afirmou o consultor de café do instituto de pesquisa CIRAD, Christophe Montagnon. As safras transgênicas, como as de milho e as de soja, são cultivadas em grande escala nos EUA, Canadá, China, Argentina e no Brasil, mas na União Européia há resistência por parte dos consumidores e de grupos ambientalistas.
Nenhuma nova aprovação para cultivo de organismos geneticamente modificados (OGMs) foi concedida no bloco europeu desde 1998, quando a região começou a impor uma barreira sobre a permissão de importação de novos OGMs. Café transgênico prejudicaria países pobres
Juntamente às discussões ambientais e de saúde que envolvem os organismos geneticamente modificados, o café provoca outra preocupação, com argumentos ainda mais emotivos por causa de sua importância para economias de países pobres na África, na Ásia e na América Latina.
Produtores apenas saíram recentemente de uma crise causada pela superprodução e pela queda nos preços, que atingiram o menor patamar em 30 anos em 2001. "O problema no café é o equilíbrio da oferta e da demanda, dos preços baixos e da qualidade. A principal questão é: o café transgênico poderá resolvê-lo?", indagou Francois Meienberg, da suíça Berne Declaration.
Diferentemente de outras safras transgênicas comercializadas até então, o café não é um alimento primordial, mas um produto de luxo. "Para os produtos que dependemos para nossa sobrevivência, uma solução transgênica é necessária. Mas o café é vendido porque atrai a parte emocional do cérebro, se não há prazer, não há consumo", declarou o presidente da italiana Illycafe, Ernesto Illy.
Ele disse que a indústria deveria manter seu foco na produção tradicional ao invés da engenharia genética e reclamou que as pesquisas de GMs se concentraram até agora no aumento da produção e não na melhora da qualidade. O café também é uma safra perene, com pés durando cerca de 30 anos, diferente das safras anuais produzidas atualmente por meio da biotecnologia. "Um produtor não pode apenas semeá-lo e, então, removê-lo após um ano se não funcionar... os pés perenes serão as últimas (safras) a serem comercializadas", afirmou o coordenador de projetos de café da britânica Cabi Bioscience, Peter Baker.
Ele acrescentou ainda que a primeira conquista em relação ao café transgênico provavelmente não virá do Brasil, que cultiva cerca de um terço do café do mundo e onde as geadas e a estiagem devastaram safras no passado. Porém, o pesquisador da Embrapa afirmou que devido ao custo das pesquisas de GMs, ao invés de um único país, uma grande companhia de biotecnologia produzirá a primeira variedade de transgênicos.
Pequenos produtores, particularmente na África, devem ser prejudicados pela tecnologia, afirmou o diretor da OIC, Néstor Osório. Ele disse que a OIC apoiará as iniciativas para pesquisas de desenvolvimento de seus membros, mas que cada país terá de tomar suas próprias decisões sobre o debate dos organismos geneticamente modificados.
Fonte:
Reuters
URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/339445/visualizar/
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