Roseana, PP e PMDB atrasam a reforma ministerial de Lula

A reforma ministerial atrasou de novo e sua conclusão pode ficar para o início da próxima semana. Principais razões: indefinição na substituição de Aldo Rebelo na Coordenação Política, arestas a aparar com o PMDB para eventualmente dar as Comunicações ao PP e articulações finais para encontrar um lugar para a senadora Roseana Sarney, de saída do PFL maranhense.

Assessores do presidente, porém, pressionavam por uma decisão ainda nesta semana para evitar mais desgastes na equipe com a indefinição. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai dedicar o dia de hoje às articulações.

José Dirceu (Casa Civil), que centraliza as articulações políticas, e a cúpula petista desejam que o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) responda afirmativamente à sondagem para ocupar o lugar de Aldo.

Já foi dito a João Paulo que não é preciso que ele abdique de disputar a condição de candidato do PT ao governo de São Paulo em 2006. O petista, porém, exige que algumas atribuições hoje da Casa Civil sejam transferidas para a Coordenação Política, como o poder para nomeação de cargos.

Nesse quadro, surgiu a cotação para Roseana ir para a Coordenação Política, mas a reação contrária do PT diminuiu essa possibilidade e aumentou a de dar a ela Cidades. Por ora, Roseana é uma ministra à procura de uma pasta.

Formalizada a indicação do deputado federal Ciro Nogueira (PP-PI) para ministro, o PP ouviu de Dirceu que a pasta destinada a eles seria a das Comunicações, hoje de Eunício Oliveira (PMDB). Eunício disse à cúpula do governo que aceita trocar de cargo, para a Integração Nacional de Ciro Gomes, que irá para a Saúde.

Parte da cúpula do PMDB resiste à entrega das Comunicações antes que seja resolvido o destino de Roseana. Temem que sobre a ela um cargo de segunda linha.

O problema é que José Dirceu já prometeu Comunicações aos pepistas, numa conversa anteontem com o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE). "Vamos para as Comunicações. Está decidido", disse ontem Severino.

Caberá a Lula determinar que o PMDB abra mão das Comunicações para honrar o acerto já realizado com o PP. De outra forma, será a segunda vez que o presidente descumprirá sua palavra com essa sigla -no fim do ano passado, prometeu Esportes para o deputado Pedro Henry (PP-MT), algo que não concretizou.

Convidado por Lula, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) irá para a Previdência, apesar de reportagem da Folha ter mostrado que ele foi sócio de empresa devedora do INSS. Um ministro disse à Folha que o governo averiguou as denúncias contra Jucá e considerou que um cidadão inscrito no Cadin (Cadastro de Inadimplentes da União) está, pelo menos, tentando resolver seu problema. Ou seja, as acusações, por ora, não têm força para impedir sua ida para a Previdência.

Anteontem, Lula costurou com o prefeito de Recife, João Paulo (PT), a saída de Humberto Costa da Saúde, que deve ficar com Ciro. Ficou acertado que Costa terá preferência no projeto estadual do PT em Pernambuco. Lula avalia que Costa é um bom gestor, que vai bem na intervenção no Rio, mas que fracassou do ponto de vista político.

Outro cotado para integrar o ministério é o deputado Paulo Bernardo (PT-PR), que pode ir para o Planejamento.