Apiacás sedia audiência sobre o Parque Nacional de Juruena

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) inicia nos próximos dias, em Apiacás (MT), as audiências públicas para a criação do Parque Nacional de Juruena, localizado entre as regiões norte de Mato Grosso e sudeste do Amazonas. As audiências públicas são reuniões abertas a todos os interessados na criação do parque nacional. Nestas reuniões, são feitas apresentações de propostas e a população local e interessados têm a oportunidade de se manifestar para esclarecer dúvidas ou contribuir para a melhoria das propostas.

"Esta área está exatamente na região de expansão das fronteiras de ocupação na região norte de Mato Grosso. É uma questão de ocupação para o uso agrícola, de queimadas e desmatamentos. Tudo está chegando ali. A razão de nós estarmos dando prioridade a esse assunto é, exatamente, para evitar que se estabeleça esse processo que já se iniciou, mas ainda é incipiente", disse o engenheiro agrônomo da Diretoria de Ecossistemas do Ibama, Sérgio Brant.

De acordo com ele, esta é uma área de alta relevância biológica e uma região-chave para o controle do desmatamento. "O objetivo da criação do parque é a proteção da diversidade biológica e a ordenação do solo na região".

A secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso já deu sinal verde para a criação do parque. "Nós fomos conversar com o secretário de Meio Ambiente do Mato Grosso, Moacir Pires de Miranda, e ele ficou muito entusiasmado com a idéia. Disse que o governo do estado aprovava a idéia e, não só queria que fosse criado o parque, mas que o trabalho do Ibama fosse ampliado e se estendesse a toda região norte do estado, na divisa com o estado do Amazonas", afirma Brant. O estado do Amazonas ainda está analisando o projeto. Segundo o agrônomo, o presidente do Ibama, Marcus Barros, conversou com o governador do Amazonas, Carlos Eduardo de Souza Braga, que disse ter simpatia pela proposta.

O Parque Nacional de Juruena será o segundo maior do país e terá uma área de cerca de 3 milhões de hectares. O projeto será financiado com recursos internacionais e com dinheiro do governo brasileiro, através do Projeto Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), que tem como objetivo expandir e consolidar um sistema de áreas protegidas no bioma da Amazônia brasileira. Além da preservação, o parque também desenvolverá o ecoturismo. "O objetivo é proporcionar esse tipo de atividade econômica na região, até como uma forma alternativa de renda".

A área entre os dois estados é de extrema importância biológica. O Ibama já registrou 13 espécies de primatas de grupos diferentes; 84 espécies de anfíbios que só sobrevivem em ambientes muito bem preservados. A região também abriga cerca de 500 espécies de aves, muitas em risco de extinção. "O potencial para se ter espécies novas, que ainda não são conhecidas, é muito grande. Inclusive para o grupo dos primatas e aves. Esperamos chegar a um consenso entre os dois estados para criar o parque", declarou Sérgio Brant.