Faixas reavivam disputa

Faixas espalhadas pelas principais ruas e avenidas de Cuiabá demonstram que a capital mato-grossense ainda está vivendo o clima de eleição municipal, que, pela primeira vez, foi decidida em segundo turno numa disputa acirrada entre PT e PSDB. “Juiz petista, caneta não ganha eleição”, ou “Cuiabá venceu! Fora juiz petista” são algumas das frase estampadas em letras vermelhas espalhadas em pontos estratégicos de Cuiabá.

Mesmo sem citar nomes, fica evidente a referência ao juiz federal Julier Sebastião da Silva, que autorizou durante a campanha uma operação de busca e apreensão na sede do Diretório Regional do PSDB, no escritório do ex-governador Dante de Oliveira, presidente da sigla, e na residência de Paulo Ronan, também dirigente da legenda, no intuito de encontrar documentação que comprovasse a ligação com as factorings do bicheiro João Arcanjo Ribeiro.

Após ter autorizado a busca e apreensão, Julier foi chamado de juiz petista pelo senador Antero Paes de Barros (PSDB) durante pronunciamento no Senado Federal. Coincidentemente, as faixas foram colocadas no mesmo dia em que a assessoria do senador divulgou a notícia de que Paes de Barros está processando o juiz Julier da Silva por calúnia injúria e difamação. (veja matéria)

Procurado pela reportagem, Julier Sebastião da Silva preferiu não se manifestar a respeito dos ataques. “Tem meu nome lá?”, questionou ele. Diante da negativa, ele preferiu não comentar o assunto, mesmo considerando que apesar de seu nome não estar escrito nas faixas, as frases se referiam a ele. “Coisa anônima ninguém comenta”, limitou-se.

O senador Antero Paes afirmou que não tem da a ver com as faixas. “Se tivesse eu assumiria, até mesmo porque eu usei a tribuna do Senado para falar que o comportamento dele foi de um juiz petista”, frisou.

Em alguns pontos da capital, como na Avenida Fernando Corrêa da Costa, as faixas repudiam a administração petista com frases como “O PT é uma mentira! Fora Lula”.

A deputada estadual Vera Araújo (PT), ao se manifestar sobre o assunto, por meio da sua assessoria de imprensa, atribuiu a autoria das faixas ao PSDB e afirmou que elas têm o objetivo de “ofuscar” a verdade sobre a existência do “comitê da maldade”, que teria a função de divulgar informações negativas a respeito do candidato Alexandre Cesar. “A eleição já acabou”, diz Verinha. “A quem, então, querem atingir com estas faixas”, questiona.

Da mesma forma, o procurador da República em Mato Grosso, que foi quem solicitou a busca e apreensão nas dependências do PSDB e de seus dirigentes, atribuiu a ação ao “Comitê da maldade”. “Isso é digno do comitê da maldade, de quem faz e esconde a mão”.

Segundo o presidente do Executiva Municipal do PSDB, vereador Edivá Alves, que foi também um dos coordenadores da campanha de Wilson Santos, as faixas não foram uma iniciativa do diretório.