Ecoturismo sustentável deve ser também compromisso da sociedade, afirma consultor

O ecoturismo vem se firmando como uma das alternativas mais viáveis para o desenvolvimento sustentado na Amazônia, região responsável pelo maior número de turistas que buscam a atividade. Para o consultor em turismo e professor de Administração da Universidade Federal de Santa Catarina, Luis Moretto Netto, o crescimento pelo qual passa a atividade deve ser estruturado de forma a atender a demanda existente e, antes de tudo, mudar as relações de comprometimento das comunidades com o meio ambiente.

Em palestra realizada na manhã deste sábado (21.08) durante a Amazontech 2004, "Turismo - Fator de desenvolvimento sustentável na Amazônia", Moretto destacou que atualmente, poucos empreendimentos turísticos na Amazônia estão dentro dos critérios de sustentabilidade. "O empreendedor deve ter compromisso com o negócio, com cuidados precisos e corretos sobre o espaço em que deseja inserir seu empreendimento, respeitando as relações com o meio ambiente", destacou Luís.

O setor do ecoturismo cresce a 7% ao ano e por ano mais de 10 milhões de turistas estrangeiros buscam as regiões brasileiras, em especial a Amazônia, para desfrutar das belezas naturais. O mercado movimenta anualmente no Brasil, entre em torno de R$ 2 a R$ 3 bilhões/ano, contra US$ 40 bilhões/ano nos Estados Unidos e cerca de, US$ 3 bilhões/ano na Argentina. "O ecoturismo e as relações de sustentabilidade só têm sentido se possibilitam a ascensão das pessoas envolvidas no processo", avaliou Moretto.

Esta é uma alternativa viável para a atração de consumidores e novos investimentos para Mato Grosso, pois a parceria entre iniciativa privada e o poder público tem obtido bons resultados, principalmente fomentando atividade turística, aumentando a competitividade entre os destinos turísticos e contribuindo de forma eficaz para um real desenvolvimento do turismo no estado de Mato Grosso.

A secretária de Estado de Desenvolvimento do Turismo, Yêda Marli Assis, explicou que o Governo do Estado está desenvolvendo 18 ações em todo o território mato-grossense, buscando fomentar e fortalecer o turismo regional."Estamos promovendo Mato Grosso, com o objetivo de destinar o turista para os produtos existentes, aumentando a competitividade entre os destinos turísticos e contribuindo de forma eficaz para um real desenvolvimento do turismo no Estado", destacou Yêda.

Como parte da programação da tarde deste sábado na Amazontech 2004, a secretária participa de um fórum que discutirá as políticas públicas para o turismo na Amazônia.

PROECOTUR – Visando estruturar e atrair investimentos de forma sustentada para a Amazônia Legal, o Governo Federal, por meio dos ministérios do Turismo e Meio Ambiente, está desenvolvendo o Programa de Desenvolvimento do Ecoturismo na Amazônia Legal (Proecotur), que investirá até 2007, cerca de 167 milhões de reais. O programa contempla ações de sensibilização e posteriormente, de capacitação, procurando criar condições de desenvolvimento e sustentabilidade nas comunidades, conciliando exploração do turismo com a preservação da biodiversidade na Amazônia Legal.

O programa mapeou pólos de ecoturismo em toda a Amazônia. Em Mato Grosso, o Proecotur está investindo em ações em dois pólos, na região de Aripuanã, no Norte do Estado, e no Vale do Guaporé, desde o Município de Cáceres até Vila Bela da Santíssima Trindade. Para a execução da primeira fase, o Estado foi beneficiado com R$ 162 mil.

Luis Moretto avalia o Proecotur como uma das alternativas viáveis do planejamento estratégico que deve ocorrer para fomentar o ecoturismo no País. "O que deve acontecer é a mudança da face do turismo regional, buscando uma relação de comprometimento e responsabilidade, não somente do Estado, mas principalmente, da sociedade com o espaço, definindo políticas e ações sérias e práticas, que irão repercutir em um futuro muito próximo", finalizou.