Repórter News - reporternews.com.br
Meio Ambiente
Quinta - 05 de Maio de 2022 às 10:30
Por: Dantielle Venturini/Gazeta Digital

    Imprimir


Chico Ferreira

A proibição da implantação de 6 pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) no rio Cuiabá, após aprovação de projeto de pela Assembleia Legislativa nesta quarta-feira (04), garante a reprodução dos peixes de todo o Pantanal e o sustento de milhares de famílias que dependem da pesca de subsistência para sobreviver, afirmam especialistas. Dados da Agência Nacional de Águas (ANA) apontam que o rio Cuiabá é o mais importante para a economia pesqueira no Pantanal. Dos 7.667 pescadores profissionais artesanais do Pantanal, 4.142 estão na sub-bacia do rio Cuiabá e 3.704 pescadores estão no rio Cuiabá. Todos eles praticam a pesca de subsistência para manter suas famílias, de modo que cerca de 13 mil pessoas vivem da pesca e conseguem renda total de R$ 26,1 milhões por ano somente no rio Cuiabá. Na bacia que alimenta o Pantanal, os mais de 7 mil pescadores faturam R$ 69,8 milhões por ano. Além desse valor que é conseguido pelos pescadores na venda do peixe, há toda uma cadeia de insumos e de revenda do pescado que movimenta a economia regional.

Para especialistas e ambientalistas, a implantação das PCHs traria prejuízos às comunidades e ecossistemas, além de afirmarem que o investimento nesse tipo de geração de energia está ficando ultrapassado quando vemos o avanço de outras opções como, por exemplo, a solar, que tem ganhado o mercado na Capital.

Ecologista, professora da Universidade de Mato Grosso (Unemat), Carolina Joana da Silva afirma que o rio Cuiabá tem grande importância econômica e cultural e, apesar da Capital ter dado “as costas” para o rio, ele é “vivo e vibra” na Baixada Cuiabana, em municípios como Poconé, Barão de Melgaço, Santo Antônio do Leverger, entre outros. “O rio Cuiabá é uma das principais rotas migratórias dos peixes pantaneiros, sendo essencial para sua reprodução, garantindo renda e segurança alimentar para milhares de famílias. Rio que poderia até ser tombado como um patrimônio histórico”.

A professora lembra ainda que dentre os diversos impactos socioambientais que esses empreendimentos causam estão as alterações na qualidade de água e diminuição na vazão do rio, pontos fundamentais para manter os regimes de inundação e reprodução dos peixes. Desta forma, as espécies migratórias do rio estariam em risco com a implantação de PCHs, devido à falta de conectividade que novas instalações podem causar.

A nota técnica da ANA aponta que na bacia do rio Cuiabá, o índice de conectividade pode cair dos atuais 90% para 15% caso sejam construídas as usinas localizadas ao longo do eixo do rio principal. Se o impacto sobre a população de peixes for na mesma ordem, essa alteração possivelmente inviabilizaria atividades econômicas como o turismo, pesca difusa e profissional, tanto na bacia do rio Cuiabá, como em boa parte da Região Hidrográfica Paraguai.





Comentários

Deixe seu Comentário

URL Fonte: https://reporternews.com.br/noticia/452034/visualizar/