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Judiciário e Ministério Público
Quarta - 17 de Julho de 2024 às 06:47
Por: Alexandre Aprá/Do Isso é Notícia

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O juiz Wladymir Perri, que registrou suspeita no Tribunal de Justiça
O juiz Wladymir Perri, que registrou suspeita no Tribunal de Justiça

O juiz Wladymir Perri, que atou na 12ª Vara Criminal de Cuiabá e atualmente é titular da 2ª Vara Criminal de Várzea Grande, comunicou à Coordenadoria Militar do Tribunal de Justiça de Mato Grosso que suspeita que ele poderia ter sido vítima de um atentado contra sua vida que seria praticado por um assessor do TJ-MT que tentou entrar armado em uma sessão da 2ª Câmara Criminal, no começo do mês.

Noticiei que estaria presente as pessoas próximas do meu convívio, acredito que poderia ter “vazado” essa minha manifestação e, consequentemente, gerado o fato do servidor encontrar armado

O assessor trata-se de Mauro Viveiros Filho, que é filho do procurador de Justiça aposentado, Mauro Viveiros, ex-corregedor-geral do Ministério Público Estadual (MPE) de Mato Grosso. Mauro Filho atua como chefe de gabinete do desembargador João Ferreira Filho.

Segundo documento da coordenadoria militar, ao qual o Isso É Notícia teve acesso, Mauro Viveiros Filho tentou entrar armado em uma sessão no plenário 4, onde julgava-se um recurso relativo à morte de seu irmão, o cantor Ramon Alcides, que foi atropelado em frente à boate Valley Pub, em dezembro de 2018 e acabou morrendo cinco dias depois.

Em documento enviado ao setor militar do TJMT, Wladymir Perri revela que vem sofrendo ameaças desde que, em sentença assinada em 2022, decidiu não mandar a bióloga que atropelou Ramon à Júri Popular, entendendo que não ocorreu um homicídio doloso, como defende o MP e a assistência da acusação, representada pela família da vítima.


A decisão foi revertida recentemente pela 2ª Câmara Criminal do TJMT. Perri narrou ao TJMT que participaria da sessão da 2ª Câmara Criminal do TJ no último dia 3 de julho, data do incidente envolvendo Mauro Viveiros Filho.

O magistrado atribui as ameaças que vem sofrendo ao procurador de Justiça aposentado, Mauro Viveiros, pela não aceitação de sua sentença, no processo sobre a morte do filho.

“Considerando que nessa sessão cogitei estar presente, e considerando que venho recebendo constantes ameaças até os dias atuais, instigado pelo assistente de acusação daquele processo [Valley], qual seja, pelo individuo, Mauro Viveiros, coincidentemente, pai do servidor que teria ou estaria armado”, relatou o juiz ao TJMT.

“Outrossim, considerando que noticiei que estaria presente as pessoas próximas do meu convívio, acredito que poderia ter “vazado” essa minha manifestação e, consequentemente, gerado o fato do servidor encontrar armado, cujo acredito que poderia ser potencial vítima, já que desde ano 2022 venho sofrendo constante ataques pelo Ministério Público e do citado indivíduo, cujo a coragem deste último limita apenas na instigação aos outros para ofensas e ameaças”, argumentou o juiz.

Não cessaram nenhuma ameaça contra a minha pessoa, justamente, porque instigam a população para que a qualquer momento algum psicopata crie a mesma “coragem”

A coordenadoria do TJ confirmou que o servidor foi barrado armado dentro do plenário da Corte e afirmou que iria reportar os fatos apresentados pelo juiz à Comissão de Segurança do Tribunal. O documento do setor militar ainda informa que o assessor possuía registro e porte válidos no momento da abordagem.

“(…) informo que no dia 03 de julho de 2024 o militar de serviço da Coordenaria Militar percebeu que o chefe de gabinete do Exmo. Sr. Desembargador João Ferreira, Sr Mauro Viveiros Filho, portava arma de fogo ao passar pelo pórtico detector de metal onde foi acompanhado até plenário 4, local em que ocorreria a sessão de julgamento da 2ª Câmara Criminal, após isso, foi devidamente desarmado”, informou a coronel Jane de Souza Melo, coordenadora militar do TJMT.

Juiz lembrou morte de advogados em Cuiabá

Em um outro ofício enviado à Coordenadoria Militar do TJMT, o juiz Wladymir Perri ainda fez menção às execuções dos advogados Roberto Zampieri e Renato Nery. Ambos foram executados por pistoleiros e suspeita-se que as mortes tenham a ver com processos judiciais em que participavam.

“Visando melhor esclarecimento sobre os fatos, já que vislumbro como sendo possível alvo de um atentado contra a minha vida, eis que, desde quando julguei o processo do irmão do funcionário do Poder Judiciário ( Sr. Mauro Viveiro Filho ), cujo encontrava armado na sessão de julgamento recursal, perante esse egrégio Tribunal de Justiça, não cessaram nenhuma ameaça contra a minha pessoa, justamente, porque instigam a população para que a qualquer momento algum psicopata crie a mesma “coragem”, cujo aconteceu com a morte do advogado Renato Gomes Nery (…)”, escreveu o juiz no documento.

MPE comprometido com procurador de Justiça envolvido

O juiz ainda pediu ao TJMT que, caso algo aconteça contra a sua vida, os fatos sejam investigados por órgãos federais, já que, segundo ele, o Ministério Público Estadual (MPE) é comprometido com o procurador Mauro Viveiros.

“É que, desde então só contam inverdades, inflamando a população, cujos documentos ameaçadores encontram todos arquivados, inclusive, deixando registrado se algum mal vier acontecer contra minha pessoa, primeiramente, seja investigado por algum órgão federal, segunda, seja feita pela Procuradoria da República, eis que o Ministério Público de Mato Grosso é comprometido com então Procurador Justiça aposentado, o também indivíduo Mauro Viveiros”, relatou o magistrado.

Desde 2022, após a sentença do “Caso Valley”, Wladymir Perri passou a responder pelo menos três processos disciplinares. Em um deles, aonde deu voz de prisão a uma testemunha, Perri atribui a uma armação engedrada por promotores de Justiça supostamente a mando de Mauro Viveiros.

O que dizem os citados

O Isso É Notícia procurou a assessoria de imprensa do Ministério Público de Mato Grosso para tentar ouvir o procurador de Justiça aposentado, Mauro Viveiros, mas nenhum contato foi obtido.

A reportagem também procurou a assessoria de imprensa do TJMT para ouvir o assessor Mauro Viveiros Filho, mas não conseguiu contato com o chefe de gabinete.

O TJ informou que está apurando o caso envolvendo o assessor e que reforçou os detectores de metais nas dependências do Tribunal. O espaço continua aberto para manifestações.





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