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Opinião
Quinta - 14 de Setembro de 2017 às 08:24
Por: Julio Cezar Rodrigues

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O Partido dos Trabalhadores – PT, ideologicamente à esquerda do espectro político, cujo Art. 1º do seu Estatuto, disponível no site do TSE, diz, com todas as letras do nosso rico alfabeto o seu objetivo, sua finalidade ou seja, qual o modelo de sociedade o partido canalizará esforços para construir, implantar, estabelecer: “Art. 1º - O Partido dos Trabalhadores (PT) é um associação voluntária de cidadãos e cidadãs que se propõe a LUTAR POR DEMOCRACIA, pluralidade, solidariedade, transformações políticas, sociais, institucionais, econômicas, jurídicas e culturais, destinadas a eliminar a exploração, a dominação, a opressão, a desigualdade, a injustiça e a miséria, com o OBJETIVO DE CONSTRUIR O SOCIALISMO DEMOCRÁTICO”.

Esse Partido, em coalizão com o PMDB e outras legendas de esquerda (aliás, temos partido de direita no Brasil?) governou o País de 2003 a 2016 (apeados do poder pelo processo de impedimento de Dilma Rousseff). Em tese, direcionaram seus esforços para o cumprimento do seu objetivo maior: o tal do socialismo democrático (algo impossível por definição). Na prática, apenas amealharam recursos ilícitos para fazer caixa fins de financiamento do projeto de poder. Simples assim.

Com imensa popularidade em seus primeiros anos de governo, o Sr. Luis Inácio não os aproveitou para realizar as mudanças e reformas necessárias para o Brasil obter um crescimento sustentável. Restou apenas o projeto de permanência no poder a qualquer custo. Hoje, colhemos os resultados nefastos da política econômica implantada e, constatamos que o PT é da mesma natureza fisiológica que os demais partidos.

A Operação Lava-Jato, revelou a uma nação estarrecida, como era a arquitetura do poder em Brasília. O capitalismo de “compadrio” foi elevado a sua máxima expressão. Bilhões de reais foram desviados (ainda não sabemos o real tamanho do buraco). No orçamento, o déficit para 2017 já está em 159 bilhões. Bem, mas isso todo mundo já sabe porque os capítulos são apresentados diariamente pela mídia.

Quero voltar ao artigo 1º do Estatuto do PT acima transcrito. De todas aquelas bandeiras ali colocadas e que não resistem a mais simples investigação racional de como pretendem implantá-las, detenho-me na tão propalada por todos os nossos partidos de esquerda: “lutar por democracia”. Amigo leitor, qualquer manual básico de ciência política vai lhe ensinar que “esquerda” e “democracia” não andam juntas. Democracia e, consequentemente, sua maior expressão, o sufrágio universal, para essa espécie e homo-politicus é apenas, MEIO / INSTRUMENTO para tomada e conquista de poder.

O pior da história é que o expoente da esquerda brasileira, o agora Réu em seis ações penais, condenado em 1ª instância em uma delas a 9,5 anos de prisão e mais recentemente denunciado duas vezes pela Procuradoria Geral da República, a tal da “alma mais honesta do país”, verbalizou esse propósito antes da eleição de 2002 e, lamentavelmente, não houve eco. Todos estavam “anestesiados”, “embriagados” e “carentes” de uma liderança que finalmente trouxesse o tão falado Brasil do futuro para o presente.

Em um excelente livro lançado este ano, intitulado “Corrupção da Inteligência”, o analista político Flávio Gordon faz uma análise do Brasil que o PT criou nesses treze anos no poder. Esse Brasil é, nas palavras de Gordon “ perigoso, feio, miserável e insustentável”. Mas os grandes questionamentos que o autor coloca é: o que tornou tudo isso possível? Como personagens da estirpe de Lula e Dilma Rousseff chegaram ao poder? O que entorpeceu a alma da sociedade brasileira tão profundamente para que ela se permitisse representar por personalidades tão toscas e malformadas?

Quais são as raízes mais profundas da crise que aflige a nação? Qual foi o papel dos intelectuais brasileiros nisso tudo? Para saber as respostas é preciso ler esta obra. Contudo, quero destacar, e este é o aspecto do meu argumento, a informaçao que Gordon trás logo na introdução do livro.

No dia 02 de outubro de 2002, seis dias antes do primeiro turno das eleições presidenciais, o jornal francês Le Monde publica uma matéria sobre Lula intitulada: “A esquerda brasileira às raias do poder”. O conteúdo da reportagem tinha o caráter de falar sobre a biografia de Lula, destacando suas tentativas anteriores de elerger-se Presidente. Gordon transcreve um trecho dessa matéria em seu livro, a qual reproduzo in verbis:

Em privado, Lula, aos 58 anos de idade, confessa em alto e bom som que a eleição é uma “farsa” [a matéria coloca aspas de citação e itálico, indicando tratar-se de termo do próprio Lula] pela qual é preciso passar a fim de se chegar ao poder. Donde, entre outras inovações dificilmente digeríveis pelo radicais do partido, sua decisão de confiar a organização de sua campanha ao guru nacional do marketing político, Duda Mendonça.

Perceba a gravidade desta declaração fornecida dias antes do mais importante pleito eleitoral do país. Lula usou a palavra “farsa” referindo-se ao principal ato em uma democracia: o voto livre. Tudo está explicado. Mensalão; petrolão; Eike Batista; JBS; Construtoras; Campeãs nacionais; Propinas; Pixulecos; malas e caixas de dinheiro; doleiros; paraísos fiscais; Offshore... Por que? Você se questiona. Porque o modelo mental da ideologia socialista no mundo atual é utilizar a democracia e todos os seus valores como instrumento para chegar ao poder. Lula foi honesto em sua declaração. Apenas reproduziu aquilo que os intelectuais de esquerda professam em seus encontros privados. Considerando que pela “ditadura do proletariado” não vão conseguir nada, fá-lo-ão pela via da democracia. Dá um pouco mais de trabalho, mas, “mãos à obra”.

Cada “companheiro” é um soldado dessa luta. Se na época do Governo militar, usavam táticas de guerrilha urbana, saques, roubos de banco e sequestros para financiarem a “revolução”, no ambiente democrático as técnicas são outras. O financiamento deverá vir da corrupção com os opressores capitalistas. Cooptando-os e seduzindo-os com a peça orçamentária bilionária, o partido se capitaliza para a permanência no poder. Simples assim. O depoimento avasslador de Palocci dia 06 esclarece com riqueza de detalhes como se operava o esquema de financiamento do projeto de poder deste partido. O rei está nu!

Em paralelo, os intelectuais estabelecidos principalmente nas universidades públicas e setores da mídia lançam e massificam o discurso que legitima toda a estrutura. Sabem usar a linguagem dos símbolos e uma retórica de desqualificação do oponente com muita maestria. Com completa ausência do pensamento conservador ou liberal no país, a grande maioria é presa fácil do discurso ideológico da esquerda.

Reflita um pouco sobre o Brasil atual e faça algumas conexões básicas entre os discursos que você tem ouvido e os fatos surgidos diariamente. Pense no desprezo que nossos representantes, agora de todas as matizes, possuem pela lei, a ordem, a honestidade, a transparência, a coragem moral, a assunção de responsabilidades etc. Observe o silêncio sepulcral da esquerda com o governo da Venezuela, Cuba, Coreia do Norte, Irã e outras ditaduras na África e Ásia. Preste atenção nas falas atuais de Lula sobre a imprensa, MST, reforma agrária, déficit fiscal, reformas etc. Recordem o braço em riste com o punho cerrado de Dirceu e Genoíno ao serem ovacionados pela claque petista quando saíram da cadeia. Analise e associe essas condutas à fala de Lula para o jornal Le Monde em 2002...

Tire suas próprias conclusões. Aprofunde-se no assunto. Existem obras excelentes que explicam como funciona a mente esquerdista. A teoria de Gramsci da hegemonia e tomada do poder pelo controle do pensamento e do conhecimento ideológico. O papel da propaganda e dos intelectuais, e por aí vai...

Corrompida a inteligência das pessoas, destrói-se uma Nação!


Julio Cezar Rodrigues é economista e advogado (rodriguesadv193@gmail.com)



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