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Repórter News - reporternews.com.br
Economia
Terça - 11 de Janeiro de 2011 às 15:56

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A Associação dos Criadores e Mato Grosso –ACRIMAT, apresentou durante coletiva com a imprensa nesta terça-feira (11) em Cuiabá (MT), o balanço do setor pecuário de 2010 do estado de Mato Grosso. O levantamento dos dados solicitados pela Acrimat ao Imea (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária) demonstra que 2010 foi um ano positivo para a pecuária, bem melhor que 2009 onde a crise mundial ditou o ritmo do setor. “Houve no segundo semestre uma recuperação extremamente positiva nos preços da arroba e a manutenção nos preços dos custos de produção”, disse o presidente da Acrimat, José João Bernardes.

O presidente da Acrimat também é otimista quanto ao desempenho do setor em 2011. O preço da arroba do boi gordo à vista foi o ponto alto para o pecuarista em 2010 e isso deve se manter. O preço máximo praticado em 2009 foi de R$ 68,03 e em 2010 esse valor alcançou R$ 97,79. “Houve uma recuperação no preço da arroba o que garantiu uma rentabilidade melhor para o produtor que vinha operando no vermelho há vários anos. Isso vai permitir que o pecuarista invista em sua propriedade no que se refere a recuperação de pastagem, infraestrutura da fazenda e melhoria genética do seu rebanho”, analisou. Bernardes ressalta que esses investimentos têm reflexo direto no meio ambiente já que “diminuiu a pressão de abertura de novas áreas de pastagem”. O que ficou constado também no levantamento foi de que o valor de R$ 84,39 da arroba do boi gordo, caso os custo de produção permanecem no mesmo patamar, daria ao produtor uma rentabilidade positiva.

Para o superintendente da Acrimat, Luciano Vacari, a recuperação no preço da arroba aconteceu por diversos fatores. “A demanda pela carne vermelha é crescente em todo mundo e aqui no Brasil, a melhor distribuição de renda permitiu um consumo maior da proteína, fortalecendo assim, o mercado interno. Além disso, a oferta restrita de boi gordo, causada pelo abate de fêmeas em 2006 e 2007, teve reflexo direto, sem contar com a seca pesada que ocorreu no ano passado”.

As exportações também registraram índices positivos em 2010. Foram exportadas 214.840 mil toneladas (equivalente carcaça), representando um aumento de 20,08% com relação ao ano de 2009, quando foram exportadas 171.417 mil toneladas (eq.carcaça). O Oriente Médio foi o destino para 33% de toda carne produzida em Mato Grosso, sendo que no ano anterior, representava apenas 18%. A União Europeia continuou com 6% da fatia, enquanto a China caiu de 10% para 6% em 2010. A Rússia também comprou menos, de 34% em 2009 baixou para 26% de nossos produtos.

Para Vacari foi um ano de consolidação do Brasil no mercado externo pós-crise de 2006, o que garantiu o posto de 2º maior produtor de gado do mundo, com um rebanho de qualidade e volume. “Os impactos foram suplantados e recuperamos os mercados perdidos, num processo interrompido pela crise mundial do final de 2008 e superado, mês a mês, em 2010. Nesse cenário, Mato Grosso também tem se firmado com maior produtor de gado do país, com quase 28 milhões de cabeças e o segundo em exportação de carne. A tendência é que essa posição continue em ascensão, pois países produtores como Argentina, Austrália, Nova Zelândia e outros, enfrentam problemas que refletem diretamente em nossas exportações”.

A evolução de preços registrada no varejo, atacado e arroba em 2010, mostrou que o varejo continua sendo o vilão no preço do bife do consumidor. A Imea analisou os dados com base dos preços praticados desde 2005. Nesses últimos cinco anos, enquanto os preços da arroba evoluíram 101,21% o varejo registrou um aumento de 151,46%, uma diferença de 49,65%. “O varejo praticou de forma irresponsável e de total desrespeito com o consumidor o repasse muito acima da arroba e do atacado. Uma prática que já se tornou comum e até hoje sem nenhuma explicação técnica e plausível”, ponderou o superintendente da Acrimat.

A situação dos frigoríficos continuou sendo o ponto negativo para o setor em Mato Grosso. Das 40 plantas frigoríficas SIF - Serviço de Inspeção Federal –, com capacidade de abate de 38.406 animais/dia, 17 não funcionaram em 2010, que impactou em 30% a capacidade de abate no estado. Em 2009, das 38 unidades, 14 estavam paradas. A situação mais critica continua sendo a da região Nordeste, detentora de 4,8 milhões de cabeças, com 78% da capacidade de abate parada e na região Noroeste do estado, onde se concentra mais de 5 milhões de cabeças de gado, 51% da capacidade de abate está comprometida.

Luciano Vacari disse que “continuamos batendo na tecla de que precisamos de uma política pública voltada para o médio e pequeno empresário da indústria, com linhas de financiamentos compatíveis, pois acreditamos que seja equivocada a política do BNDES em favorecer apenas os grandes frigoríficos. O Banco Nacional do Desenvolvimento Social foi criado para atender a todos”.

O superintendente do Imea, Otávio Celidonio, avaliou o ano de 2010 como “muito bom”. Ele ressalta que “os números comprovam que foi o melhor nos últimos seis anos, tanto na recuperação do preço da arroba como nas exportações e isso vai refletir nos próximos anos de forma positiva”.

O presidente da Acrimat, João Bernardes, acredita que 2011 a oferta do boi gordo vai continuar restrita devido ao abate das fêmeas em 2006 e 2007 e a seca registrada no ano passado, que vai continuar impactando neste ano. ”Apesar disso, acreditamos que para o consumidor final não vai haver um impacto negativo, pois os supermercados já acumularam um valor considerável nos preços da carne, o que deve garantir a manutenção dois valores este ano, sem novos aumentos”.






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