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Economia
Domingo - 03 de Outubro de 2010 às 08:43
Por: Laís Costa Marques

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Passada a euforia do período de campanha eleitoral, trabalhadores voltam à realidade e saem em busca de emprego fixo que assegure o rendimento mensal. Nas principais avenidas das cidades, durante os três meses que antecederam as eleições, uma massa de pessoas se dividia entre abanadores de bandeiras, seguradores de cartazes e entregadores de santinhos, além dos coordenadores de equipes e motoristas. A partir de agora eles retornam às filas de agências de emprego ou voltam a distribuir currículos junto às empresas. A estimativa, de acordo com o que foi declarado pelas coligações Mato Grosso em Primeiro Lugar, Jonas Pinheiro e Mato Grosso Melhor Pra Você, é que 10,671 mil pessoas deveriam ser contratadas, número que poderia ser alterado até este sábado (2). A coligação Psol não tinha declarado as contratações até sexta-feira (1º).

Devido a estas contratações, o Sistema Nacional de Emprego (Sine) espera um aumento de 40% a 45% no movimento após as eleições, o que seria uma recuperação do que foi disperso nos últimos meses. A superintendente do órgão, Ivone Rosset, diz que a queda na procura é comum em anos eleitorais e que agora o que se espera é que a agência volte a fazer os 2 mil atendimentos mensais no Estado.

Entre os trabalhadores contratados pelas coordenações de campanha, homens e mulheres de diferentes idades há um fato em comum: a falta de emprego. Poucos são aqueles que estão ali para ganhar um dinheiro extra e que não procure entrar para a formalidade. Entre aqueles que buscam estabilidade está a jovem Ana Cláudia da Silva, de 22 anos. Ao avistar a equipe de reportagem ela veio correndo perguntando se era alguma empresa em busca de contratação. "Achei que fosse trabalho pra gente. Estou procurando emprego já faz algum tempo". Ana Cláudia terminou o Ensino Médio e já fez curso de computação para se qualificar, mas até o momento ainda não encontrou seu primeiro emprego.

Em outros casos, a experiência não é o suficiente para a colocação no mercado. Dona Iramar Luiza Rosa, 48, está há 1 ano desempregada e decidiu aceitar a proposta de trabalhar como cabo eleitoral. Segundo Iramar, a experiência valeu a pena, principalmente para pagar parte das dívidas e fazer algumas compras. No caso de Ana Luzia Rodrigues, 49, a oportunidade veio em boa hora, já que ela espera ser chamada para a vaga de merendeira que conquistou no concurso municipal. "Estava em casa sem fazer nada e resolvi aceitar o convite. Pelo menos é um mês que estou trabalhando".

Quanto ao destino destas pessoas, a superintendente do Sine está certa em esperá-las de volta. Segundo os entrevistados, a maioria vai procurar vagas no mercado e se inscrever na instituição. Esta, pelo menos, é a intenção de Maria do Socorro Gomes, 38, que nunca teve a carteira de trabalho assinada. A empregada doméstica ficou um mês sem trabalhar antes de aceitar o temporário na campanha, mas antes de perder o emprego, trabalhava em casa de família, o que ela não quer mais. "Depois da eleição vou ao Sine procurar emprego em uma empresa, não quero mais trabalhar em casa de família, eles sempre dizem que vão assinar a carteira e não cumprem".

Renda extra - Mas não são todos que procuram um emprego com carteira assinada, até porque alguns deles já possuem outra fonte de renda. O motorista Sérgio Batista, 49, por exemplo, é aposentado e presta serviços temporários para complementar o rendimento e assim ajudar nas despesas de casa. "Tenho 3 filhos na faculdade e estou sempre fazendo algum extra para dar conta". Sérgio Batista diz que ficou sabendo da vaga pela vizinhança e se interessou. "São R$ 800 que garanto este mês". Para os próximos meses ele deve voltar a procurar as vagas temporárias, visto que também não pretende ter um contrato fixo.

A vendedora de roupas Tatiana Cristina Pinto aproveitou a oportunidade para ganhar um extra e quem sabe emprestar o dinheiro a juros. "Sou autônoma e resolvi aceitar o trabalho para passar o tempo e ganhar um dinheiro a mais. O que eu receber, ou vou gastar ou vou emprestar cobrando juros". Além de Tatiana, a filha Thaíza Pinto Nascimento também participa da equipe de trabalho. Para a jovem de 18 anos esta é a primeira experiência de serviço remunerado e o dinheiro que irá receber, ela ainda não sabe como vai gastar.

Reflexos na economia - A injeção de dinheiro na economia por meio dos postos de trabalho gerados terá o reflexo a partir de outubro. Pelo menos é o que espera o comércio. De acordo o vice-presidente da Federação do Comércio de Mato Grosso (Fecomércio), Roberto Peron, em outubro o varejo deve perceber essa movimentação em virtude dos empregos temporários. "As pessoas estavam trabalhando e agora devem fazer compras e movimentar o comércio. Como são pequenos salários, eles geralmente se voltam para o consumo mesmo".

O diretor da Associação Mato-grossense de Supermercados (Asmat), Altair Magalhães, diz que houve uma variação positiva nas vendas influenciadas pelas eleições e que ao todo deve haver um incremento de 2% em decorrência dos temporários criados.

Além de pequenas compras, outro destino para o dinheiro recebido, segundo os trabalhadores, é o pagamento de dívidas em atraso. O estudante Luiz Ricardo Magalhães, 17, vai aproveitar os R$ 660 que irá receber para pagar as parcelas de uma compra que fez. "Comprei algumas roupas para mim e agora vou quitar a dívida. O que sobrar vou ajudar meu irmão em casa".

Doracy Auxiliadora da Silva,53, também quer pagar dívidas atrasadas com o extra que vai receber. Antes de perder o emprego, Doracy trabalhava como auxiliar de serviços gerais, mas desde que ficou desempregada contraiu algumas dívidas que agora pretende liquidar ou pelo menos amenizar. Segundo Roberto Peron, é comum as pessoas aproveitarem o dinheiro para pagar dívidas e assim recuperar o crédito no mercado, visto que muitas possuem contas em atraso devido à falta de salário para pagar.

A Câmara de Dirigentes Lojistas de Cuiabá (CDL) informa que é comum que a partir deste mês haja uma maior procura pelos consumidores para a retirada do nome do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), em busca de recuperação de crédito para fazer compras no fim do ano. O presidente da CDL, José Alberto Aguiar, diz que pelos últimos anos é notório o aumento na procura pelos órgãos para retirada do nome antes das festas do fim do ano. "Um dado interessante é que em outubro, independentemente da origem da renda extra, os cidadãos começam a pagar suas dívidas".





Fonte: A Gazeta

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