Abastecimento de água crítico em VG
Os 86 poços artesianos que abastecem Várzea Grande estão secando e reduziram em 40% a capacidade devido a estiagem. A situação é crítica na cidade e os bairros chegam a ficar 1 mês sem abastecimento. A solução imediata oferecida pelo Departamento de Água e Esgoto (DAE) é o uso de caminhões-pipa. O problema é que há uma lista de espera. Quem solicita, precisa aguardar até 5 dias para ser atendido.
Os moradores estão trocando o dia pela noite. A pouca água que chega é de madrugada e não tem pressão suficiente para chegar até a caixa d"água. Eles usam panelas e baldes para conseguir encher o reservatório.
A população também denuncia um comércio ilegal da água, feito pelos servidores do DAE. Os funcionários cobram cerca de R$ 15 para "furar" a fila e entregar mil litros de água.
No bairro Costa Verde, a vendedora Mirian da Silva Oliveira, 25, relata que não toma banho de chuveiro há 1 mês e meio. A água para as tarefas domésticas e higiene pessoal precisa ser carregada em baldes.
Ela e outras 2 vizinhas fazem revezamento durante a noite para conseguir um pouco da água que chega na torneira para colocar nos reservatórios improvisados. Baldes, panelas e tanques são utilizados pela vizinhança.
As atividades que precisam de uma quantidade maior do produto, como lavar roupas, são realizadas na casa de parentes. A motorista Rosângela Santos, 40, tem o banheiro ocupado por pequenos recipientes e mandou a filha para a casa da mãe, até que a situação seja resolvida.
No bairro da Manga, a salgadeira Zair Domingos Dutra, 65, passa pela mesma situação. Ela mora com mãe, que é idosa, e o marido. A família fica até 5 dias sem água e já ligou várias vezes para o DAE, pedindo auxílio do caminhão-pipa. Como não foi atendida, desistiu. Ela ligou para uma empresa privada, mas o custo para abastecer uma caixa d"água é R$ 100. O valor não pode ser pago pela família, que não tem emprego fixo e vive de bicos. A solução encontrada é apelar para os vizinhos, que possuem reservatórios maiores.
A estudante Natália da Silva, 22, não sabe mais como agir. No final de semana, ela vai à casa de parente e enche vários garrafões. O marido dela toma banho no trabalho, porque tem receio de chegar em casa e não ter água suficiente.
A aposentada Maria Ângela, 65, mora no bairro Santa Maria e diz que nos finais de semana o fornecimento fica pior. As caixas d"água interna não conseguem atender o consumo. Enquanto na quadra da casa dela há escassez, a quadra de cima tem o abastecimento regularizado.
A comerciante Antonieta Costa Barbosa relata que todos os dias têm água nas torneiras.
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