PF vasculha Seduc por ‘crime eleitoral’

A Polícia Federal cumpriu mandado de busca e apreensão na Secretaria de Estado de Educação (Seduc), a maior do governo de Mato Grosso. O objetivo é investigar suposto uso da pasta em benefício dos candidatos do PT Carlos Abicalil e Ságuas Moraes, que disputam vagas de senador e deputado federal, na coligação que tem o governador Silval Barbosa (PMDB) como cabeça de chapa.

O mandado de busca e apreensão partiu do corregedor do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), desembargador Márcio Vidal, e atende pedido do procurador regional eleitoral Thiago Lemos de Andrade. Ele investiga o caso depois de uma denúncia do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE). O grupo alega que a estrutura da Seduc estaria sendo usada para enviar e-mails, propagandas e convites para servidores públicos, o que é proibido.

O TRE confirmou ontem a busca e apreensão, feita sem alarde no fim da tarde por agentes da Polícia Federal e oficiais de Justiça do Tribunal Regional Eleitoral. O teor do material apreendido, no entanto, não foi divulgado, já que a investigação da Procuradoria Regional Eleitoral está sendo feita em sigilo.

O coordenador do MCCE, Antônio Cavalcante Filho, o Ceará, confirmou que a denúncia foi feita depois que servidores da Seduc teriam sido flagrados atuando intensivamente na campanha de Abicalil, Ságuas e Silval. "Estão enviando e-mails e convites aos servidores e usando a estrutura do governo. É um flagrante uso da máquina pública".

A denúncia encaminhada ao procurador Thiago Lemos partiu do advogado do MCCE, Vilson Nery, e foi feita depois que o petista Ságuas Moraes deixou a Seduc para a atual secretária Rosa Neide, que pertence ao mesmo grupo político que ele e o presidente estadual do PT, deputado federal Carlos Abicalil. Todos apoiam a reeleição do governador Silval Barbosa através da coligação "Mato Grosso em Primeiro Lugar".

Além da busca e apreensão, o MCCE pediu ainda à Procuradoria Regional Eleitoral que sejam quebrados sigilos telefônicos de servidores da Secretaria de Educação, que possui cerca de 30 mil servidores. Quer ainda que sejam tomados depoimentos para confirmar as irregularidades. É o primeiro caso de busca e apreensão nessa campanha, o que movimentou e muito os bastidores da política ontem.