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Economia
Domingo - 08 de Agosto de 2010 às 07:58
Por: Marcondes Maciel

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Custos financeiros elevados pela ascensão da arroba do boi, defasagem cambial, queda das exportações, baixos preços da carne no mercado internacional, dificuldades de crédito e pressões ambientais. Em um cenário de dificuldades para o setor industrial frigorífico, a situação não poderia ser pior: 19 plantas com Serviço de Inspeção Federal (SIF) fechados no Estado, algumas temporariamente, outras em recuperação judicial, e muitas trabalhando com capacidade ociosa. E isso, em apenas pouco mais de 12 meses.

Enquanto os sobreviventes ‘gigantes’ procuram se aglutinar, formando grandes grupos, os pequenos buscam alternativas de sobrevivência neste difícil mercado. “Não existe uma fórmula pronta, mas a regra geral nos mostra que a saída é o enxugamento dos gastos das empresas, redução dos custos e um eficiente sistema de gestão”, aponta o presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo), Luiz Antônio Freitas Martins.

Ele diz que as dificuldades mercadológicas e ambientais são um tiro no pé do segmento que hoje gera mais de 18 mil empregos e R$ 130 milhões em ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) para o Estado. “O empresário se sente inseguro e, ainda, sofre com a volatilidade dos preços e os elevados custos financeiros. A situação requer muita criatividade por parte dos gestores e jogo de cintura para superar os momentos de adversidade”.

Freitas Martins, que é dono da rede de frigoríficos Pantanal, foi obrigado a fechar quatro unidades no Estado (Rondonópolis, Várzea Grande, Matupá e Juara) e ficar somente com as plantas de Tangará da Serra e Ji-Paraná, esta última em Rondônia. “Estávamos trabalhando com margem negativa e decidimos parar no momento certo. Quando o mercado estiver viável economicamente retomamos as atividades”, explicou. (Veja quadro)

As dificuldades, segundo ele, não atingem só os pequenos frigoríficos. “Os grandes também sofrem, pois possuem uma capacidade de abate alta e não conseguem manter uma boa média devido à restrita oferta de animais no mercado. Isso é prejudicial para toda a cadeia e acaba desestabilizando as empresas”.

Sonair Nogueira de Morais, gerente da planta do Mata Boi, em Rondonópolis (210 quilômetros ao sul de Cuiabá), diz que o segredo é trabalhar com “mão-de-obra enxuta e gastos financeiros reduzidos”. O frigorífico, que está em Mato Grosso desde 2007, gerando 350 empregos diretos e capacidade para abater 500 animais por dia, acredita na economia do Estado, no crescimento do agronegócio e na estabilidade econômica. “Acho que, apesar das dificuldades que enfrentamos no mercado diante dos grandes concorrentes que têm fácil acesso às linhas de crédito, ainda temos condições de brigar e de nos mantermos no mercado”.

O diretor comercial do frigorífico Quatro Marcos, em Vila Rica (1.300 quilômetros ao nordeste de Cuiabá), Anísio Vilela Junqueira Neto, também critica a postura do governo federal em relação à questão de crédito. Segundo ele, as grandes empresas são privilegiadas com linhas de financiamento [do BNDES] para socorrê-los no momento que precisam. “Já os pequenos não têm acesso a este benefício, sendo obrigados a adotar medidas de contenção de despesas e redução de custos operacionais para continuar na atividade”, diz. O Quatro Marcos de Vila Rica tem capacidade para abater até 800 animais por dia, mas abate entre 400 e 500. “Os preços não estão favoráveis e, não bastasse isso, ainda sofremos pressões por parte dos órgãos ambientais. Temos que ser muito eficientes na gestão dos nossos negócios”.

Para o presidente do Sindifrigo, Freitas Martins, não existe uma “fórmula mágica” de sobrevivência para os pequenos. “Cada um tem seus problemas e suas peculiaridades e deve resolvê-los de acordo com a sua política de atuação, procurando reduzir custos e cortando despesas. O que nos preocupa é que nos próximos três anos poderemos ter um novo período de turbulência no nosso segmento. E todos devem estar preparados para esse momento”.






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