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Saúde
Sexta - 06 de Agosto de 2010 às 04:46

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O Brasil está pela primeira vez numa posição inédita na área científica.  A vacina contra a esquistossomose – primeira vacina brasileira da história e também a primeira do mundo no combate a vermes - será produzida pela Ourofino, uma indústria 100% nacional.  A doença, também conhecida como barriga d’ água, atinge 200 milhões de pessoas em 74 países e causa 200 mil mortes por ano.

A Ourofino formalizou essa semana a compra da Alvos Consultoria, empresa de fomento que detinha a licença da tecnologia da Fiocruz desde 2005.

“A Ourofino é uma empresa que acredita e investe na pesquisa nacional. Entendemos que o futuro está na prospecção da biotecnologia e no controle das doenças por meio da prevenção”, afirma o diretor de Pesquisa e Inovação, Carlos Henrique.

A médica Miriam Tendler, pesquisadora titular da Fiocruz e coordenadora da equipe que desenvolveu a vacina contra a esquistossomose, está confiante na produção da vacina pela Ourofino. “De nada adianta tanto esforço se as pesquisas permanecerem dentro do laboratório. A tecnologia gerada precisa chegar às populações a que se destina e para isto precisamos de parceria industrial”, diz.

Foi no início dos anos 90 que o grupo de pesquisadores da Fiocruz descobriu a proteína SM 14, um antígeno contra o verme Schistossoma mansoni, causador da esquistossomose. A substância foi um dos seis antígenos prioritários selecionados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Isso porque a proteína descoberta por Mirian está em todos os helmintos causadores da doença e a técnica utilizada permite a produção de uma vacina mais segura e com maior qualidade. Mais tarde, apenas duas vacinas se mostraram promissoras, sendo a brasileira a mais abrangente e de maior impacto.

Descobriu-se também, posteriormente, que a mesma proteína SM 14 também serve na proteção contra a fasciolose hepática, doença que atinge 300 milhões de cabeças de bovinos e ovinos no mundo e causa prejuízos superiores a três bilhões de dólares por ano.

Para a Ourofino, que assumiu as duas vacinas e está entusiasmada com a produção, o acordo vai fazer história. “O Brasil é o primeiro país em desenvolvimento a criar uma tecnologia para o controle de uma doença endêmica. E a Ourofino, que se orgulha de ser 100% brasileira, vai tornar a pesquisa realidade”, diz o presidente-fundador Norival Bonamichi.

O grupo Ourofino, que atua há 23 anos no setor de saúde animal, vai construir uma nova planta para a produção da vacina contra a esquistossomose, que poderá estar disponível até 2015. Já a vacina contra a fasciolose hepática, que se encontra em estágio mais avançado e poderá ser produzida no próprio complexo da empresa, em Cravinhos-SP, deve chegar ao mercado dentro de dois anos. 






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