Indústria brasileira corta vagas em junho, aponta Dieese/Seade

O nível de ocupação do setor recuou 0,2% na comparação com o mês anterior, com sete mil vagas a menos. De acordo com o coordenador de análise da pesquisa, Alexandre Loloiana, a queda reflete as incertezas dos empresários em relação ao cenário econômico.

"Essa passagem do primeiro para o segundo semestre é mais volátil porque estão se desenhando cenários para o final do ano. É um período de incertezas", aponta o coordenador. De acordo com ele, o resultado negativo do setor não permite concluir que a indústria se desacelerou. "Isso só será possível com os próximos resultados", afirma.

Ele lembra, no entanto, que o emprego na indústria deve apresentar resultados positivos no quarto trimestre, refletindo as contratações para as festas de fim de ano.

SÃO PAULO

O resultado negativo da indústria sofreu forte influência do fechamento de vagas em São Paulo. No Estado, o nível de ocupação no setor caiu 1,4%, para um total de 1,709 milhões de funcionários. O setor, que foi o mais afetado com a crise, mostrava recuperação desde o meio do ano passado.

O ritmo de contratação ganhou força principalmente no fim de 2009 e começo de 2010 quando pesaram os incentivos tributários do governo para consumo. O índice criado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) para medir a variação das vagas saiu de 86,9 em outubro de 2009 para 94,1 em maio deste ano.

Naquele mês, a pesquisa mostrava 1,733 milhão de funcionários trabalhando na indústria, o maior nível desde o pico registrado no período pré-crise, quando o mercado atingiu, em novembro de 2008, 1,761 milhão de pessoas ocupadas em fábricas no Estado.

Os dados de São Paulo representam cerca de 48% do resultado nacional da pesquisa de emprego e desemprego. Esse percentual é ainda maior na indústria, de acordo com os técnicos.

A queda no Estado só não foi pior que a registrada na Região Metropolitana de Belo Horizonte, onde o nível de ocupação na indústria diminuiu 2,4%. O índice também ficou negativo em Recife, com baixa de 0,7%.

As maiores altas foram observadas no Distrito Federal, com 6,8% e 6,5%. Apesar disso, o técnico do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), Sérgio Mendonça, lembra que o parque industrial das duas regiões são menores e tem menor peso no mercado total.