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Brasil Eleições 2012
Segunda - 26 de Julho de 2010 às 07:12

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Às vésperas de se afastar do Planalto, em férias, para coordenar o programa de governo da coalizão em torno de Dilma Rousseff (PT), Marco Aurélio Garcia afirma que o texto final deve ser "geral", enxuto, e que as propostas polêmicas, como redução de jornada de trabalho, taxação das grandes fortunas e controle social da mídia devem ficar nas mãos do Congresso, depois das eleições.

Com representantes de partidos aliados, Garcia trabalha em um texto que será discutido em até 10 dias. "Nós não estamos simplesmente fazendo um condomínio aqui. Estamos construindo uma proposta que nos permita juntos governar no próximo período", diz.

Segundo ele, devem entrar no texto uma proposta de reforma política e diretrizes para uma "doutrina de defesa nacional".

FOLHA - Pontos polêmicos de textos anteriores entrarão no programa final?
MARCO AURÉLIO GARCIA - Só entrarão temas consensuais. E temas que a candidata esteja de acordo. A existência de outros, não consensuais, não significa que eles sejam proibidos. Eles simplesmente serão abordados no momento devido pela instância devida, que é o parlamento. O Congresso vai definir, com o perfil que tiver, com uma base governamental que nós esperamos que seja bem majoritária.

Então temas como a redução da jornada de trabalho e taxação de grandes fortunas serão discutidos só depois?
Serão discutidos depois, queiramos ou não. Porque são temas de sociedade. Nós temos suficientes temas de unidade para governar bem o país para construir uma proposta de governo.

E o controle social da mídia?
Quero deixar claro que isso tem reaparecido com uma certa frequência por parte de alguns donos de jornais, televisões e rádios. Esse tema não pode aparecer como uma questão problemática porque nós não temos nenhuma restrição à liberdade de imprensa no país. Pelo contrário, nós nunca vivemos num clima de liberdade de imprensa comparável. Quem tiver dúvida sobre isso que veja como um governo que tem mais de 80% de popularidade é tratado por uma imprensa que o destrata com mais de 80%. A única censura que os meios de comunicação podem sofrer no Brasil é dos seus leitores, ouvintes e telespectadores. São esses que vão dizer se a imprensa é boa, se tem credibilidade.

Então será um programa genérico, evitando polêmicas?
Não vai ser genérico, vai ser um documento geral, mas vai demarcar muito claramente o nosso campo em relação ao campo da oposição. Queremos que [o programa de governo] seja um documento curto, porque um documento curto será lido por milhões de brasileiros e brasileiras. Um documento longo poderá fazer a alegria dos acadêmicos, dos jornalistas, dos estudiosos, mas não vai cumprir sua função. Nós pensamos em ser uma espécie de compromissos da Dilma com o Brasil e que vão estar de certa maneira caracterizados por isso que a campanha tem dito até agora: dar continuidade a esses oito anos mas avançar muito mais.

Em que pontos há acordo?
Estamos trabalhando em um texto que vai ser discutido daqui a uns 10 dias, que é o tempo que nós pretendemos para registrar o programa. Seria uma usurpação da minha parte dizer algo antes. Nos vem à cabeça uma coisa clara, a ideia de um projeto de desenvolvimento centrado nas transformações sociais do país, que não vão se fazer exclusivamente por meio de políticas sociais, mas que vão ser feitos por um conjunto de políticas, inclusive econômicas. Não se pode ter uma politica econômica conservadora e uma politica social progressista. Vamos ter uma politica econômica progressista, mas que será equilibrada.

Isso inclui a proposta de reformas? Com constituinte específica?
Temos que aprofundar a democratização do Estado e da sociedade. A candidata tem defendido a necessidade de uma reforma política, provavelmente nós vamos definir critérios gerais para essa reforma. Eu acho que seria positivo uma constituinte especifica. Apesar de ter ressonância no grupo, eu não gostaria de ser peremptório.

O sr. também fala em "reforço da defesa nacional"...
Isso tem que ser no mínimo aludido, até por ser uma questão exitosa no governo. O que muitos têm apresentado como uma corrida armamentista do Brasil é uma bobagem. O que estamos fazendo é recuperando os equipamentos que estavam muito defasados. Você não pode ter forças armadas só para desfile do 7 de Setembro. Estamos adequando essa doutrina de defesa nacional aos novos desafios de manutenção de soberania nacional. Temos o Pré-sal. Sabe o que vamos fazer para protegê-lo? Ou o Pré-sal não será objeto de cobiça? Temos a Amazônia, e quantos discursos aparecem aqui e ali sobre a internacionalização da Amazônia? 






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