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Repórter News - reporternews.com.br
Meio Ambiente
Terça - 20 de Julho de 2010 às 08:03
Por: Eduardo Reina

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Cada vez que Alexandre Christianini tira seu Mitsubishi Lancer 95 movido a gasolina da garagem no Jardim Esther, Butantã, zona oeste, e vai até o trabalho na Avenida Brasil, zona sul, 360 gramas de monóxido de carbono são lançados na atmosfera de São Paulo. Esse volume de poluição originada do motor de um carro com mais de 15 anos de uso é 28 vezes maior que o de um carro novo, com menos de 6 mil km rodados.

 

O levantamento consta de pesquisa da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Christianini conta que comprou o carro há três anos e toma todos os cuidados para não deixar queimar óleo ou desregular o motor. "Vou fazer a inspeção veicular neste mês e estou tranquilo, pois acabei de fazer o motor e o catalisador está em ordem. Não acho que polui muito. O ruim são os carros que têm motor cansado e queimam muito óleo."

"Cerca de 33% da frota é responsável por 80% da poluição", diz Henry Joseph Junior, presidente da Comissão de Energia e Meio Ambiente da Anfavea, referindo-se à porcentagem de veículos com mais de 15 anos de uso. "E um carro com mais de 15 anos de rodagem, se não estiver bem regulado e com manutenção perfeita, polui ainda mais."

Números. A frota paulistana, segundo números do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), soma hoje mais de 6,7 milhões de veículos. Excluindo os que já deixaram de circular e estão sucateados, a estimativa da Anfavea é que sejam entre 4,5 milhões e 5 milhões de carros circulando por aí. Do total, 23,9% têm mais de 20 anos de rodagem e despejam na atmosfera 67,1% dos poluentes. Outros 9,9% dos veículos têm entre 15 e 20 anos e emitem 13,1% dos gases que sujam o ar diariamente.

Já foi pior. Depois do Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), as emissões foram reduzidas drasticamente. "Em 1988, o monóxido de carbono emitido por um veículo de passeio era de 24 gramas por quilômetro. Baixou para 12 g/km em 1992. Depois foi a 2 g/km, em 1997, e, hoje, chega a 1,3 g/km", diz Joseph.

Hoje, a idade média dos automóveis com placas de São Paulo é de 12,7 anos. A de picapes e outros veículos comerciais leves é de 11,8 anos; de caminhões, 17,1 anos; de ônibus, 13,9 anos.

Quilometragem. Mas, de acordo com a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), um carro no seu primeiro ano de uso roda cerca de 19 mil km, enquanto um com 15 anos chega a rodar em torno de 12 mil km por ano. Já os com 30 anos rodam apenas 2 mil km anualmente.

"O dono de um carro com 15 anos ou mais, em geral, não tem poder aquisitivo para abastecer e fazer tanta manutenção que permita rodar muito. Circula mais na periferia mesmo", explica Carlos Lacava, gerente do Departamento de Desenvolvimento Tecnológico e Sustentabilidade da Cetesb.

Ele afirma que cada veículo novo que entra em circulação em São Paulo passa a ter grande influência na poluição atmosférica ao longo dos anos, e o papel dos veículos velhos nessa equação da poluição é menor.

"Basta andar pelas ruas e ver que a imensa maioria é formada por carros novos. Os mais velhos da frota estão na periferia e muito pouco nas áreas centrais", afirma Lacava.

Ele observa que a grande quantidade de veículos novos desregulados e com muito uso são os principais responsáveis pela grande emissão de poluentes na atmosfera. "No tráfego pesado da cidade os veículos rodam muito e contribuem para aumentar a emissão. Qualquer veículo de frota hoje, novo, roda 300 mil km sem ter feito nem sequer uma retífica", diz o gerente da Cetesb.

Efeito para a saúde
1,3 ano

será reduzido da vida de cada morador de São Paulo com o adiamento para 2012 do programa de redução de poluentes

4 mil

pessoas morrem por ano de doenças provocadas ou agravadas pela poluição em São Paulo

1.500

mortes por ano foram evitadas na região metropolitana de São Paulo nos primeiros dez anos do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), segundo pesquisa da USP

8%

das mortes de idosos estão associadas aos altos níveis de material particulado encontrado na atmosfera, segundo pesquisa do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da USP 






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