As Casas Bahia terão participação maior na nova companhia de comércio eletrônico criada pela fusão de suas operações com o Grupo Pão de Açúcar, de acordo com os termos do novo acordo selado pelas empresas nesta sexta-feira.

A parcela da empresa da família Klein, que era de 17% no contrato inicial, passa a 23,5%, restando 76,5% nas mãos do Pão de Açúcar. De acordo com o presidente do grupo, Enéas Pestana, a renegociação foi feita para aliar os interesses de todos em relação ao comércio eletrônico.

"O comércio eletrônico traz uma certa concorrência com o varejo físico. E nós temos mais de mil lojas de varejo físico, então evidentemente precisávamos ter um alinhamento muito claro entre os dois", afirmou em teleconferência para analistas.

De acordo com ele, a interação entre os dois mercados é muito importante. "Hoje é muito comum a pessoa fazer sua compra através do comércio eletrônico e querer retirar o produto na loja", disse.

O novo acordo começou a ser desenhado depois que a família Klein se mostrou insatisfeita por ter vendido o controle do negócio, acreditando que ele tenha sido subavaliado. A fusão foi anunciada em dezembro de 2009.

Sob os novos termos, o Pão de Açúcar fará ainda um aporte adicional de R$ 689,8 milhões na Globex (Ponto Frio), que formará, junto com os ativos operacionais das Casas Bahia --e 25% da frabricante de móveis Bartira-- a nova companhia.

Além disso, o Pão de Açúcar pagará, pelos próximos três anos, R$ 140 milhões anuais --corrigidos pelo IPCA-- às Casas Bahia pelo aluguel de suas lojas e centros de distribuição, já que os imóveis permanecem como propriedade da família Klein. A partir do quarto ano, o valor correspondente à locação das lojas (cerca de 50%), será acrescido de um percentual a ser definido das vendas brutas.

Quinta maior

A compra do controle da Casas Bahia transformou o Pão de Açúcar na quinta maior empresa do país, com R$ 40,2 bilhões de faturamento --considerando dados de 2009. Os grupos se tornaram sócios de uma nova holding, que é dona da Globex, rede de bens duráveis que era subsidiária integral do Grupo Pão de Açúcar.

Para ficar com o controle da nova empresa, o Pão de Açúcar, que agora terá 53% de participação, entrou com a rede Ponto Frio e a rede Extra Eletro, avaliadas em R$ R$ 1,45 bilhão, em valores contábeis divulgados nesta sexta.

A Casas Bahia entrou com ativos e passivos operacionais, incluindo 25% da fábrica de móveis Bartira, pertencente à família Klein, avaliados em R$ 1,48 bilhão.

O fato relevante divulgado hoje afirma ainda que a associação das empresas estará pronta em cerca de quatro meses. Pestana, porém, ressaltou que Pão de Açúcar e Casas Bahia assinaram com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) um acordo de reversibilidade da operação.

Sob esse acordo, chamado de Apro, as empresas devem manter suas estruturas separadas até que o negócio seja totalmente aprovado pela autoridades de defesa da concorrência.

Apesar disso, o presidente do Pão de Açúcar afirmou que as sinergias da fusão já devem começar a aparecer no curto prazo, embora ainda não haja estimativas financeiras sobre elas.