Antes mesmo que o Ibope apontasse a liderança da candidata petista na corrida presidencial, um núcleo da campanha presidencial de José Serra (PSDB) já vinha cobrando um engajamento mais firme em São Paulo por parte do candidato tucano ao governo do Estado, Geraldo Alckmin.

Antigos rivais no PSDB, hoje Serra e Alckmin compartilham o mesmo palanque no Estado, depois da aproximação que levou o candidato derrotado à prefeitura de São Paulo a ocupar uma secretaria de peso na gestão Serra.

O crescimento das intenções de voto no reduto paulistano --maior colégio eleitoral do país e onde Serra goza de força nas urnas-- é considerado crucial para Serra fazer frente à liderança de Dilma Rousseff (PT) no Nordeste.

Alckmin tem mais de 50% das intenções de voto e tem chance de levar a eleição no primeiro turno. Ele não precisa, necessariamente, arregaçar as mangas para inflar o patrimônio de votos de seu aliado, mas tem prometido levar o correligionário em sua campanha.

Pela sondagem do Ibope divulgada na quarta-feira, Dilma tem 47% de intenção de voto no Nordeste, onde Serra fica com 30%. E os dois já estão colados no Sudeste, onde Serra lavava vantagem. Agora a petista apareceu com 37%, contra 36% do ex-governador paulista.

Campanhas com grande margem de vantagem, como a de Alckmin, optam por entrar mais tarde de cabeça para economizar dinheiro e evitar polêmicas desnecessárias com os adversários.

Um colaborador dos dois comitês, ambos localizados no edifício Joelma, no centro da capital paulista, reclamou do que chamou de "um certo descolamento", versão que o grupo de Alckmin contesta frontalmente.

"Essa crítica não é justa. O Geraldo tem chamado o Serra para sua agenda constantemente. Às vezes, abre mão de seus próprios compromissos políticos para acompanhá-lo em eventos que não o interessam eleitoralmente", rebateu um integrante da campanha alckmista.

O coordenador-geral da campanha de Alckmin, deputado estadual Sidney Beraldo, também acredita que as duas campanhas estão integradas.

"Hoje há um projeto político que une os dois. Sem dúvida, eles estão bastante unidos", disse o deputado.

Alckmin, segundo o coordenador, foi enfático na convenção que oficializou sua candidatura de que vai ser "soldado" da campanha de Serra.

De lá pra cá, Geraldo Alckmin tem nacionalizado boa parte dos seus discursos quando posa ao lado de Serra. Faz críticas a Dilma e ao governo, muitas delas evitadas pelo próprio presidenciável.

Na quarta-feira, dia da divulgação do Ibope, Alckmin acompanhou Serra em caminhada pela região central da cidade de Guarulhos. Dois dias antes sentou-se na plateia da sabatina em que Serra foi questionado por jornalistas da Folha.

Há um esforço de unificar o máximo possível as duas campanhas. Colocar os dois comitês no mesmo prédio, e também o do candidato ao Senado Aloysio Nunes Ferreira, foi o passo fácil dessa integração. Também está no plano aproximar o estilo dos programas de TV dos dois candidatos. A tarefa cabe ao marqueteiro Luiz González, dono de ambas as contas.

A integração de campanhas também traz o benefício de redução de custos e aproveitamento e recursos, lembrou Beraldo.

Apesar de os dois terem sido governadores de São Paulo, Alckmin ficou no cargo por mais tempo (2001 a 2006). O partido conta ainda com o recorde de ter vencido todas as disputas pelo governo estadual desde 1994. Em comum, Serra e Alckmin carregam a derrota presidencial para Luiz Inácio Lula da Silva em 2002 e 2006.