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Economia
Domingo - 13 de Junho de 2010 às 19:30
Por: Amanda Brum

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Passada a euforia gerada pela notícia de que o Brasil cresceu em ritmo chinês – a alta do PIB (produto interno bruto, que mede o total de riquezas produzidas pelo país) foi de 9% no primeiro trimestre de 2010 se comparado com igual período do ano passado –, resta agora saber se esse nível de crescimento será sustentável.

Para especialistas ouvidos pelo R7, ainda não chegou o momento em que o país crescerá a uma velocidade próxima a 10% ao ano. Isso não significa, contudo, que haverá recessão daqui por diante. Pelo contrário. As apostas apontam para taxas de crescimento que ficam entre 4% e 7% nos próximos anos.

Ilan Goldfajn, economista-chefe do Banco Itaú-BBA, diz acreditar em uma expansão de 7,5% da economia brasileira neste ano. A tendência daqui para frente, na opinião dele, é que as altas oscilem entre 4% e 5% por ano.

O presidente da Funcef (Fundação dos Economiários Federais), Guilherme Lacerda, é mais otimista. Segundo ele, o Brasil tem condições de registrar, de forma sustentável, expansão anual de 5% a 6%. O economista defende que o crescimento econômico criou um mercado doméstico muito maior do que se pode imaginar.

- O Brasil conta com regiões distintas, que pulsam economicamente, e que vão fazer a diferença nesse novo ciclo de expansão em que o país se encontra. 

Para Lacerda, é necessário que o país reveja a metodologia de cálculo do PIB, especialmente no que diz respeito à composição da renda, que vem apresentando um crescimento expressivo nos últimos anos.

- O governo Lula tem feito um trabalho extraordinário com a sociedade civil e empresarial. Estamos no caminho certo, mantendo o controle sobre as contas públicas.

Na opinião do diretor de gestão e estratégia do BRAM (Bradesco Asset Management), Joaquim Levy, o Brasil consegue facilmente fechar o ano com uma expansão entre 6,5% e 7%.

- Para o crescimento brasileiro ser sustentável, é preciso coordenação política, integração entre setor público e privado, financiamento e preparação de quadros (mão de obra qualificada). Aí teremos condições de manter, com segurança, altas da ordem de 6% ao ano.

Goldfajn, do Itaú Unibanco, faz outra ressalva: tudo dependerá dos índices de crescimento que a economia registrará no segundo trimestre deste ano.

- Desde abril, a economia já vem demonstrando sinais de desaceleração. Precisamos ficar atentos ao andamento da crise europeia e aos impactos que ela trará ao Brasil.

Crise europeia

É consenso entre os especialistas ouvidos pelo R7 que o Brasil não deve sofrer grandes impactos da crise europeia, caso seja mantido o ritmo atual em que o problema evolui.

Levy, do BRAM, indica que a situação só se complicaria caso houvesse um ‘grande aperto’ que levasse o dinheiro que circula pelo mundo de volta para as grandes economias internacionais.

- Mas as chances de isso ocorrer por conta da crise da Europa são pequenas. Nem quando houve a crise de 2008 isso aconteceu.

Para o presidente da Funcef, dois fatores provam que o Brasil está preparado para sair ileso da crise europeia: a balança comercial brasileira, que mede a diferença entre as exportações e importações do país; e a relação dívida pública/PIB, que mostra o quanto das riquezas do Brasil seria necessário usar para quitar a dívida pública.

- Temos pouca dependência da Europa para vender e comprar produtos. Isso significa menor ligação com essas economias e maior segurança para o país. Além disso, a nossa relação dívida/PIB caminha para 40% a 45%, o que é um grande avanço se compararmos com os níveis de 2002, que giravam em torno de 60%.

O diretor do Centro de Economia Mundial da FGV, Carlos Langoni, é mais enfático.

- A quebra do Lehman Brothers [banco de investimentos norte-americano cuja falência marcou o início da crise financeira internacional que afetou o mundo todo em 2008] teve mais impacto na economia do Brasil do que a falência da Grécia. Hoje temos países ‘super-emergentes’, como os que formam o BRIC (sigla para Brasil, Rússia, Índia e China), que equilibram as forças da economia mundial.

Para ele, o mais importante é aproveitar as crises para fazer ajustes fiscais. Levy, do BRAM, concorda e vai além.

- Em dez anos, o Brasil mudou muito. Deixamos de ser um país exótico para sermos reconhecidos e respeitados no mundo todo. Precisamos, contudo, estar preparados tanto para o crescimento, como para as mudanças que possam ocorrer no ambiente internacional. Essa preparação inclui a necessidade de investimentos em infraestrutura.

O executivo do BRAM lembra, por exemplo, o gargalo energético do país, que representa a necessidade de gerar ao menos 5 mil MW de energia por ano.

O economista-chefe do Banco Itaú-BBA pondera, entretanto, que ainda que o país não cresça absolutamente mais nada daqui para frente, a expansão registrada nos três primeiros meses do ano será suficiente para garantir um avanço de 6% frente ao resultado do ano passado.

Histórico

Nesta semana, o mundo foi surpreendido com a notícia de que o Brasil registrou a maior taxa de crescimento desde 1995, ano em que começou a série histórica dessa medição. O PIB avançou 9% no primeiro trimestre de 2010 se comparado com igual período de 2009 e 2,7% frente aos últimos três meses do ano passado, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Esse foi o primeiro resultado trimestral positivo desde o fim de 2008.

A indústria foi a grande responsável pela ampliação da produção das riquezas nacionais. Do primeiro trimestre do ano passado para cá, o setor teve um crescimento de 14,6%. Os serviços aumentaram sua produção em 5,9%, puxados pelo comércio. A agropecuária voltou a crescer (5,1%) após um ano inteiro de perdas.

Projeções de bancos e consultorias econômicas apontaram no mês passado que o Brasil poderia ter o segundo maior crescimento econômico entre os países. E isso se confirmou. Apenas a China ficou à frente do Brasil, com uma alta de 11,9%. A Índia, que também apareceria no topo, cresceu 8,6% no primeiro trimestre, na comparação com o mesmo período de 2009.

O Banco Central e o governo falam em uma alta de 6,6% em 2010, o que já serviria para colocar o país entre os que mais cresceram no mundo. Se repetidos durante os outros três trimestres, este crescimento de 2,7% poderia somar algo entre 10% e 12% no ano.

 


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Fonte: do R7

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