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Meio Ambiente
Domingo - 02 de Maio de 2010 às 09:13
Por: Patrícia Campos Mello

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Sob críticas pela lenta reação em conter o desastre ecológico no Golfo do México, causado pelo derramamento de petróleo que se seguiu à explosão da plataforma da British Petroleum (BP) no dia 20, o presidente dos EUA, Barack Obama, decidiu viajar hoje cedo para a Louisiana para acompanhar in loco o trabalho de contenção do vazamento. Outro estrago é político: Obama enfrenta a possibilidade de ver engavetada sua Lei do Clima.

 

A imensa mancha de petróleo, que mede 113 quilômetros de comprimento por 210 quilômetros, já atingiu a costa da Louisiana e ameaça o litoral da Flórida e do Alabama - os três Estados decretaram na sexta-feira estado de emergência.

Ontem, cresceram os temores de que o vazamento poderá ficar fora de controle. O motivo é a dificuldade técnica de conter a saída de óleo justamente do equipamento gigante (cerca de 350 toneladas e mais de 10 metros de altura, encravado a 1,5 quilômetro abaixo do nível do mar) de prevenção de explosões. Chamado de BOP (sigla em inglês para blow out preventer), o equipamento é instalado na cabeça de um posto petrolífero durante a perfuração e, em tese, deveria selar o poço em caso de pressão do reservatório. Entre as alternativas estudadas está a perfuração de outro poço ao lado para tentar destruir a jazida, com injeção de fluidos a alta pressão.

As autoridades anunciaram ontem a retirada completa de funcionários de uma plataforma e a paralisação da produção de outras duas numa área do Golfo do México para onde a mancha se movimentava.

Na sexta-feira, Obama - cujo governo enfrenta o desgaste político pela lentidão em reagir à tragédia, a exemplo de seu antecessor George W. Bush durante o furacão Katrina - anunciou na sexta-feira que não autorizará a exploração de petróleo em alto-mar até que as causas do vazamento sejam investigadas e novas medidas de segurança, adotadas em plataformas.

A medida pouco altera a produção no golfo (o próximo projeto de exploração só está previsto para meados de 2012), mas terá impacto político: Obama perderá o apoio de muitos republicanos, cujos votos são necessários para aprovar a Lei do Clima.

Em março, Obama havia anunciado que iria suspender a moratória de exploração de petróleo em alto-mar, como parte da barganha para ganhar apoio dos republicanos para sua lei climática. Para conseguir apoio da oposição a medidas como a adesão ao mercado de créditos de carbono e o aumento de energia alternativa na matriz energética do país, foram incluídas na lei medidas populares com os republicanos - como a expansão de usinas de energia nuclear no país e licenças para exploração de petróleo e gás em algumas áreas. A ex-governadora do Alasca Sarah Palin, uma das principais lideranças do Partido Republicano, ficou famosa com seu bordão Drill, baby, drill - "Perfure, baby, perfure."

Debate. "O acidente vai mudar o debate político", disse David Pumphrey, do Programa de Energia do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais. Obama tinha enfrentado ambientalistas e legisladores de Estados como a Flórida ao anunciar o fim da moratória de exploração em alto-mar. Para defender a medida, ele chegou a anunciar no dia 2 de abril: "Hoje em dia, plataformas de petróleo não causam vazamentos; elas são tecnologicamente muito avançadas." No dia 20, a plataforma da BP no golfo explodiu, deixando 11 mortos.

"A única maneira de evitar tragédias ambientais como essa é voltar a ter a moratória de exploração em alto-mar e substituir combustíveis fósseis por renováveis", disse o diretor executivo do Greenpeace, Philip Radford. O Golfo do México responde por um terço da produção de petróleo e um quarto da produção de gás natural dos EUA. Lideranças democratas já demonstraram que irão se opor à inclusão da exploração em alto-mar na Lei Climática. "Esse acontecimento terrível exige que nós reexaminemos a maneira como extraímos os recursos energéticos em alto-mar", disse na sexta-feira o líder dos democratas no Senado, Harry Reid.

A lei climática já estava em situação delicada. A proposta de lei estava prevista para ser apresentada no Senado na segunda-feira da semana passada. Mas um dos patrocinadores da lei, o republicano Lindsay Graham, retirou seu apoio depois que democratas resolveram pressionar pela votação da lei de imigração neste ano. Sem o apoio do republicano, o democrata John Kerry decidiu adiar a apresentação do projeto de lei.






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