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Repórter News - reporternews.com.br
Economia
Sexta - 23 de Abril de 2010 às 07:15
Por: Edna Simão/Fabíola Salvador

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Preocupado com a disparada dos preços, o governo federal vai leiloar os estoques públicos de feijão preventivamente para impedir a repetição da "inflação do feijãozinho", fantasma que impulsionou o preço dos alimentos em 2008 e tirou o sono do ministro da Fazenda, Guido Mantega.

 

A venda de parte das 177 mil toneladas de feijão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) deve começar em, no máximo, 20 dias.

O governo quer conter a alta dos preços e evitar estragos maiores durante um ano eleitoral. O feijão, assim como o tomate e a batata, está pressionando os índices inflacionários. Somente de dezembro do ano passado até o início deste mês, o preço do feijão carioca, no atacado, mais que dobrou, passando de R$ 60 para R$ 140 a saca de 60 quilos.

Esse aumento impactou diretamente o valor do produto. Em março, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o feijão subiu 10,46%.

Historicamente, a saca de 60 quilos é vendida a R$ 60. Redução na área plantada e problemas climáticos elevaram os preços do feijão para cerca de R$ 105. O presidente do conselho do Instituto Brasileiro do Feijão (Ibrafe), Marcelo Eduardo Lüders, acredita que a pressão na panela do governo não diminuirá com a venda dos estoques. "É apertar o cinto porque os preços vão continuar subindo."

Estoque. O diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Silvio Porto, acredita que não há "possibilidade"de os preços do feijão subirem ainda mais e atingir a alta histórica de R$ 285 no dia 18 de janeiro de 2008. "Naquela época, o governo não tinha estoque", disse Porto. Para Lüders, o feijão da Conab não dá para encher a barriga de ninguém. O consumo mensal de feijão é 4,7 milhões de sacas, segundo dados do Ibrafe.

Ele lembra que a produção da terceira safra de feijão só estará disponível a partir de setembro. "É só fazer a conta", disse. Lüders explica ainda que, quando há problemas na primeira e na segunda safras, como acontece com o atual ano agrícola, a produção dificilmente se recupera na terceira safra.

Para o economista da consultoria LCA, Fabio Romão, quando o governo atua vendendo estoque normalmente consegue administrar a alta de preço. O analista da consultoria Tendências, Rafael Bacciotti, acredita que com o fim das chuvas haverá uma normalização da oferta, fazendo com que os preços recuem. "Esse é um risco que precisa ser monitorado", afirmou o analista.

 

PARA ENTENDER
Copom deve elevar juros contra inflação

A disparada dos preços dos alimentos no início deste ano tem contribuído diretamente para a alta de inflação. Para evitar aumento generalizado, o Comitê de Política Monetária do (Copom) Banco Central (BC) deve elevar a taxa de juros, atualmente de 8,75% ao ano, na próxima semana.
A realização do leilão da Conab para amortecer a elevação do preço ao consumidor é bem-vida, mas não deve influenciar na decisão do Banco Central. A expectativa é de queda dos preços dos alimentos, principalmente, no segundo semestre. Além disso, o aumento nos preços de alimentos se deve a uma questão climática, sazonal.






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