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MT Eleições 2014
Sábado - 03 de Abril de 2010 às 10:58
Por: Rafael Costa

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A eleição de outubro promete ser o maior teste do PMDB em Mato Grosso nos últimos anos. Além da aposta em eleger o governador Silval Barbosa ao Palácio Paiaguás - que assumiu o cargo nesta semana com a desincompatibilização de Blairo Maggi - o partido luta para manter sua parcela de influência na Assembleia Legislativa, após a base eleita em 2006 se esfacelar.

Dos quatro parlamentares eleitos pela legenda, apenas Adalto de Freitas, o "Daltinho", completará o mandato. José Carlos do Pátio e Juarez Costa foram eleitos prefeitos de Rondonópolis e Sinop, respectivamente. Walter Rabello deixou o partido para se filiar ao PP em meados de 2007. Juntos, os três somaram 137.504 votos.

Para o cientista político Lourembergue Alves, à primeira vista, o PMDB tende a enfrentar dificuldades para repetir o bom desempenho por conta das características do comportamento do eleitorado brasileiro.

"Devemos entender que os 137.504 votos não foram atribuídos diretamente ao PMDB. Parte daqueles eleitores que votaram naqueles candidatos não são eleitores exclusivos do partido", comentou Alves, em entrevista ao Midianews.

Efeito populismo

O estudioso explicou que Walter Rabello e José Carlos do Pátio, por exemplo, tinham perfis populares e com mandatos já exercidos anteriormente à candidatura de deputado estadual, o que os fortaleceu na disputa pelas vagas na Assembleia Legislativa.

"O populismo ainda é muito aceito pelo brasileiro e candidatos com este perfil costumam ganhar a simpatia de boa parcela do eleitorado. Muitos eleitores de Walter Rabello e José Carlos do Pátio não são eleitores do PMDB, mas, os escolheram pela imagem que representavam", explicou.

Lourembergue Alves lembra ainda que é costume do eleitorado brasileiro não focar projetos políticos-partidários no momento do voto. "A questão do personalismo é muito forte no Brasil, onde os programas e teses partidários são deixados de lado para discutir pessoas. Assim, muitos eleitores que escolheram estes candidatos não deverão votar, preferencialmente, em candidatos do PMDB", disse o cientista.

Apresentador de um programa programa policial na TV, Rabello foi eleito com 70.646 votos e a visibilidade nos meios de comunicação é considerada um dos motivos pela alta quantia de votos alcançada em 2006. Pátio já concorria ao terceiro mandato com base eleitoral já consolidada na região Sul de Mato Grosso e pregava o discurso de defesa das classes mais pobres e movimentos sociais.

Ascensão e renovação

No entanto, o cientista político explica que a presença de candidatos populares concorrendo a vagas no Parlamento não é sinônimo de ascendência em todas as ocasiões e destaca o exemplo do que aconteceu em São Paulo.

"Em 2002, o Enéas Carneiro se elegeu deputado federal com mais de 1 milhão de votos e, em 2006, reeleito com 386.905 votos. Daí a necessidade de um partido renovar suas lideranças e lançar nomes potenciáveis a cada disputa".

Lourembergue Alves ainda destaca as dificuldades enfrentadas pelos candidatos a deputado estadual. "Há pouco espaço para divulgação em rádio e TV, o que leva a necessidade de ter alguns nomes já identificados pelos eleitores, ter alguém como ‘"puxador de votos", como é identificado pelo nosso sistema eleitoral o candidato que tem mais capacidade de somar votos".

Bezerra aposta em recuperação

Presidente do diretório estadual do PMDB, o deputado federal Carlos Bezerra, afirma que o partido tem capacidade para manter a base na Assembleia Legislativa ou até mesmo ampliá-la.

"Nos encontros partidários, o partido tem levado suas propostas e apresentando a relação dos seus pré-candidatos a deputado estadual. A meta é eleger de quatro a seis parlamentares e, para isso, estamos com fortes representantes que detém base eleitoral em diferentes regiões do Estado", revelou em entrevista ao Midianews.

O dirigente partidário ainda destaca os nomes que considera potenciáveis na disputa. "Estamos com Baiano Filho [Secretário de Estado de Esportes e Lazer], e Mauro Garcia [presidente da Câmara Municipal] em Sinop, Romualdo Júnior em Alta Floresta, Adalto de Freitas na região do Araguaia e Wallace Guimarães e Tetê Bezerra na baixada cuiabana. Ainda temos Antônio Brito e Nilson Santos concorrendo novamente".

Bezerra aposta também no crescimento do vice-governador Silval Barbosa nas pesquisas de intenção de voto para conquistar boa parcela de vagas no Parlamento. "Silval Barbosa será um puxador de votos, já está com uma média acima de 20% nas intenções de votos e deverá crescer ainda mais a partir de abril assumindo o Estado em definitivo".

O PMDB tenta firmar nas proporcionais uma espécie de chapão com PR e PT, porém, Bezerra ainda não confirma. "Somente em maio teremos definições a respeito disso".

Coeficiente eleitoral

Para eleger deputados estaduais a coligação ou candidato deverá alcançar a média de 67,4 mil votos. O número é correspondente ao coeficiente eleitoral que será utilizado em Mato Grosso nas eleições de outubro.

A marca é atingida levando-se em consideração o seguinte cálculo: Dividi-se o número de votos válidos pelo número de vagas disputadas, o que em Mato Grosso são 24 na Assembleia Legislativa. Ao resultado, dá-se o nome de coeficiente eleitoral, quantidade mínima de votos a ser atingida pelo candidato ou coligação.

Em 2006, apenas o atual presidente da Assembleia Legislativa, José Riva e Walter Rabello ultrapassaram o coeficiente eleitoral, que na época correspondia a uma média de 66,3 mil votos. Ambos receberam 82.779 e 70.646 votos respectivamente.

No entanto, as normas que serão usadas na eleição de outubro deverão ser anunciadas em maio pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Um dos imbróglios é se um adolescente que completa 16 anos após o pleito pode ser considerado eleitor ou não, o que interfere no cálculo a ser feito.






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