Após "bombardeio", Orkut do acusado de matar Glauco recebe apoio de amigos

Após receber mais de 5.500 mensagens ofensivas, a página na rede social Orkut de Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 24, acusado de matar o cartunista e líder religioso Glauco Vilas Boas, 53, e seu filho, Raoni, 25, começou a receber, nesta terça-feira (16), mensagens de apoio de seus amigos virtuais.

Os recados pedem que "Deus ilumine o caminho de Cadu" e o fim do julgamento do jovem por pessoas desconhecidas. "Não julgues para não serdes julgados, Com a medida que julgares serás também julgado SÓ DEUS PODE JULGAR!!!!!!!!! Ninguém sabe o que realmente aconteceu!! [sic]", escreveu uma das amigas.

A página de recados do Orkut de Cadu era aberta para qualquer pessoa. Ontem, a configuração do perfil foi alterada e, agora, apenas as pessoas que estão na sua rede podem deixar recados.

Cadu tinha, na semana passada, cerca de 330 amigos virtuais na sua página. Na tarde desta quarta-feira, eram 277.

Os amigos do acusado se dizem inconformados com a atitude de Cadu e com a repercussão do assassinato de Glauco. "cadu porq vc fez isso cm agente.......... eu acredito q seja um disturbio mental porq vc naum~°e esse mostro quem conhece sabe disso q Deus perdoe seus pecados............... [sic]", escreveu uma pessoa.

Eles tambem escreveram sobre a oportunidade de um encontro. "te amooooo cadu eu sei qm vc e e vc nao eh o que idiotas q se sentem no poder de julgar eh....... sorte paz amor equilibrio esperanca determinacao fike com deus irmao quero te veeeee [sic]", disse uma amiga no Orkut.

Entre as milhares de mensagens ofensivas e de indignação com o crime, os perfis criticaram o Santo Daime e a suposta omissão da família de Cadu, por não ter tratado o vício do jovem. "PLAYBOY BRANCO + CULTURA DOS INDIOS + PEDRA/FARINHA = M... P/ SOCIEDADE. [sic]", escreveu uma pessoa no Orkut de Cadu.

Felipe Iasi, 23, que levou Cadu de carro até o local do crime, era amigo do suspeito no Orkut e estava nas mesmas comunidades da rede do acusado de matar Glauco e seu filho.

Na rede, ambos são fãs do bairro Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, do cantor Bob Marley, de festas raves e e estão na comunidade "Eu amo a minha mãe". Logo após a Folha publicar que Iasi tinha se entregado à polícia, no dia 14, a página dele no Orkut saiu do ar.

Caso

Glauco e Raoni foram mortos a tiros na casa do cartunista, em Osasco (Grande São Paulo), na madrugada de sexta-feira (12). Segundo as testemunhas, o suspeito chegou ao local e rendeu, primeiro, a enteada de Glauco, que mora em uma casa no mesmo terreno.

Cadu era conhecido da família por já ter frequentado a igreja Céu de Maria, que segue os princípios do Santo Daime e foi fundada por Glauco.

Segundo o relato das testemunhas, Cadu estava transtornado e delirava. Ele estava armado com uma pistola automática e uma faca. Glauco tentou negociar com Nunes e chegou a ser agredido. De acordo com Veras Júnior, Glauco não reagiu.

No meio da discussão, porém, Raoni chegou ao local de carro. Em seguida, Cadu atirou contra pai e filho, mas os motivos ainda não foram esclarecidos. Os dois chegaram a ser atendidos no hospital, mas não resistiram e morreram.