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Economia
Segunda - 15 de Março de 2010 às 07:19

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Após duas décadas na Toyota, onde era considerado um guru do marketing, Jim Farley foi para a Ford no fim de 2007, convidado por Alan Mulally. Aos 47 anos, ele responde agora pela área global de marketing da empresa e também pelas unidades do Canadá, México e América do Sul. Em entrevista, diz que a matriz antes via o Brasil como o país do futuro. "Agora, dizemos que o Brasil é o país do presente." A seguir, os principais trechos da entrevista.

Como a Ford escapou do terremoto que abala outras montadoras nos EUA?

Fomos favorecidos por termos garantido um empréstimo de US$ 23 bilhões antes que os mercados de crédito começassem a se comportar de maneira diferente. Isso ajudou a garantir um fluxo constante de investimentos em produtos, mesmo com a economia começando a enfraquecer. O mais importante, porém, é que já tínhamos um plano - que chamamos de One Ford (Uma Ford). Fizemos uma reestruturação agressiva para operar lucrativamente. Nos adequamos à atual demanda e mudança da preferência do consumidor. Aceleramos o desenvolvimento de produtos que os clientes realmente querem e valorizam, com valor agregado e alta qualidade. Priorizamos a eficiência e economia de combustível, segurança e tecnologias inteligentes. Financiamos nosso plano e melhoramos os resultados da Ford. Aproveitamos os recursos globais da Ford, tais como nossas plataformas de produtos mundiais. Ter esse plano, e ter aderido a ele, fez toda a diferença. Finalmente, estamos num caminho para crescimento lucrativo.

Em fevereiro, a Ford foi líder em vendas nos EUA. É uma posição que será mantida?

Não estamos preocupados com listas. Estamos trabalhando por um crescimento rentável. Se isso ocorrer e vier a nos colocar como líder em termos de tamanho, tanto melhor.

Como o sr. vê a filial brasileira?

Dentro da Ford, costumávamos dizer que o Brasil era o país do futuro. Agora, dizemos que o Brasil é o país do presente. Não é apenas um mercado em crescimento, mas aqui os clientes querem o mesmo produto com o mesmo desempenho daqueles vendidos em outras áreas do mundo. Isso gera ainda mais um case de negócios para nossos produtos globais, como você já viu com o Focus, Fiesta e o Edge. Além disso, a Ford Brasil ajuda a reforçar nossos planos de plataformas globais. Por exemplo, recentemente anunciamos que os motores 1.6 fabricados no Brasil equiparão o novo Fiesta na América do Norte.

No Brasil, a Ford não consegue sair do quarto lugar no ranking de vendas. O sr. espera alguma mudança nessa posição?

Mais uma vez, digo que não estamos interessados em saber quão grande somos. Estamos focados em como somos rentáveis. Esta é uma grande mudança, porém um passo importante. Nosso negócio vai crescer à medida que continuamos a fornecer veículos de qualidade mais alta, com eficiência de combustível e que as pessoas queiram comprar.

Como será a indústria automobilística daqui a dez anos?

Ainda mais competitiva e, provavelmente, mais consolidada. As mudanças que acompanhamos em 2009 sugerem que poderíamos ver uma indústria completamente diferente em 2020. O mais provável, porém, é que os líderes automotivos de amanhã irão abraçar mais ainda a globalização de seus portfólios de produtos.

O mercado americano vendeu pouco mais de 10 milhões de veículos em 2009, volume de 30 anos atrás. Este será o patamar daqui em diante?

O tempo dirá. Não podemos controlar isso. O que podemos fazer é assegurar que a Ford está apta para competir - e ser bem sucedida - no caso da indústria manter-se nestes níveis, ou retornar aos volumes anteriores, de 17 milhões de unidades por ano. Novamente, a chave para conseguir isso é através de grandes produtos.

O mundo automotivo será para carros elétricos?

Os veículos elétricos já existem há mais de 100 anos. O que os torna mais desejáveis agora é que a tecnologia continua a melhorar. Se a infraestrutura de apoio a carros elétricos continuar melhorando, haverá uma porcentagem crescente de consumidores e eles se tornarão mais atrativos. No curto prazo, provavelmente será ainda um porcentual relativamente pequeno. A Ford vai oferecer ao mercado quatro novos veículos elétricos até 2012.

Como o sr. avalia a atual situação da Toyota, empresa em que trabalhou, e que surpreendeu o mercado com problemas de qualidade?

Não nos cabe opinar sobre esse tema. / C.S.






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