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Economia
Domingo - 14 de Março de 2010 às 05:34
Por: Jonas da Silva

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Usina de biodiesel Fiagril está instalada em Lucas e produz o biocombustível a partir do óleo da soja
Usina de biodiesel Fiagril está instalada em Lucas e produz o biocombustível a partir do óleo da soja

Considerado um dos principais polos econômicos de Mato Grosso, o município de Lucas do Rio Verde (354 km de Cuiabá) recebe amanhã (15), o lançamento e a apresentação da Ferrovia de Integração Centro-Oeste. O modal vem para consolidar a região como uma das mais estratégicas para o agronegócio estadual. Além disso fará com que o município se torne ainda mais atrativo a novos investimentos. E em um curto prazo, o resultado será a agroindustrialização da produção, o que acarreta em ganho de renda para o Estado como um todo, que poderá disponibilizar ao mercado produtos elaborados e de maior valor agregado.

No futuro, empresas instaladas na região utilizarão o local como plataforma exportadora global e espaço para abastecer mercados internos do Centro-Oeste, Nordeste e Norte. Entre empresários, a obra do governo federal é necessária para ampliar a competitividade, o chamado segundo ciclo econômico, ou o salto a mais da agroindústria, como o que vem ocorrendo na região nos últimos 5 anos. Mas Lucas e cidades do seu cinturão produtivo também têm desafios sociais a superar.

O diretor executivo da usina Fiagril (produtora de biodiesel), Miguel Vaz, prevê uma mudança econômica forte com a ferrovia e resolução de outros gargalos de transporte. "Quando você pega produto primário e transforma em carne bovina, aves e suínos, agrega até 7 vezes mais em valor". Conforme ele, a empresa tem crescido em média 20% anualmente nos últimos 5 anos.

A cidade e outros municípios do agronegócio próximas a ela, como Nova Mutum, Sorriso e Primavera do Leste têm indicadores socioeconômicos acima da média estadual e puxam a economia mato-grossense. Elas estão entre as 10 maiores exportadoras do Estado. Nos 4 municípios são produzidos, conforme a safra atual, cerca de 7 milhões de toneladas de soja e milho (ou quase 30% dessa produção total de Mato Grosso), matérias-primas para cortes de frangos, suínos e aves. Em frangos, a Brasil Foods (BRF Foods) abateu 9,3 milhões em 2008, avançou para 31 milhões ano passado e projeta 40 milhões de unidades este ano.

Investimentos na cidade ampliaram em 7 mil novas vagas de empregos com carteira assinada entre janeiro de 2005 e dezembro de 2009. Um dos marcos que incluíram a verticalização da produção e o arraste de fornecedores industriais para a região de Lucas e Nova Mutum foi a implantação em 2007 no município do Complexo Industrial Senador Atílio Fontana. A partir de então, foram 4 indústrias com aplicação de cerca de R$ 1,5 bilhão em investimentos (como Sadia, Amaggi, Fiagril Biodiesel, Danica Termoisolantes entre outras).

Como referência sobre o impacto da ferrovia, o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Glauber Silveira, informa que na primeira década após a conclusão da ferrovia, ela elevará em 130,7% a renda agrícola em termos de soja e milho, saltando de R$ 13 bilhões para R$ 30 bilhões. A ferrovia deve reduzir o frete em cerca de R$ 1 bilhão, e serão transportados pelo modal ferroviário cerca de 6 milhões de toneladas das duas commodities por safra. A ferrovia tem recursos previstos de R$ 6,4 bilhões da segunda parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), a ser aplicado entre 2011 e 2014.

A doutora em Economia Aplicada da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Sandra Bonjour, afirma que apesar dos investimentos em infraestrutura, a região de Lucas e outros polos de Mato Grosso, necessitam de outros investimentos. "Precisa de logística, transporte, armazenagem e embalagem. A região é muito carente, depende de investimento do Estado". Ela reforça a vantagem de se transportar produto agregado, proteína animal, ao invés de grãos. "Tem que ter ainda armazém para poder diluir o transporte ao longo do ano para não concentrar só na safra".

Social - Com todo o cenário positivo para o futuro, o município e cidades vizinhas têm mazelas sociais que a resposta sozinha do poder público não consegue superar, como o crescimento acelerado da população e a demanda por serviços. O número de pessoas interfere nos repasses de recursos federais para políticas públicas, pois quanto maior a população, mais verbas. Essa pressão fez o município de Lucas do Rio Verde elaborar um estudo de análise demográfica junto com a Faculdade La Salle para a verificar a população real da cidade. Nos dados do IBGE da estimativa de 2009, há 33,556 mil habitantes.

Mas o estudo projeta uma população média de cerca de 45 mil, com base nos cadastros de residências construídas, do Programa Saúde da Família (PSF), registros de famílias de alunos matriculados, de unidades de consumo de energia elétrica e de empregos formais. Entre 1998 e 2009 foram quase 4 mil casas. O secretário de Desenvolvimento Econômico, Raimundo Dantas, contabiliza a população em 50 mil pessoas. "Nossa população já passou de 50 mil e temos recursos de 30 mil"

Em outro dado, entre janeiro de 2005 e dezembro de 2009, empreendimentos no município geraram 27,783 vagas com carteira assinada, 37% das quais na faixa de 18 a 24 anos. O número de consumidores de energia residencial na área urbana também mostra o efeito multiplicador da crescente produção agrícola, investimentos, valor agregado e demandas sociais que pressionaram a cidade. Em 2001, eram 4,211 unidades consumidoras, que evoluiu para 9,629 mil em 2008 e 11,129 mil em julho de 2009.





Fonte: A Gazeta

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