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Internacional
Terça - 09 de Março de 2010 às 13:08

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O presidente interino da Nigéria, Goodluck Jonathan, ordenou nesta terça-feira uma "profunda investigação" sobre o massacre protagonizado por pastores muçulmanos da etnia fulani ocorrido no fim de semana nos arredores da cidade de Jos (centro), onde mais de 500 cristãos da etnia berom morreram.

Segundo o porta-voz de Jonathan, Ima Niboro, o presidente também deu ordens aos chefes das forças de segurança para que reassumam o controle da situação na região e evitem mais violência em Jos, capital do Estado de Plateau.

As tropas nigerianas patrulham nesta terça-feira os vilarejos da região de Jos para evitar também uma possível retaliação, em um ambiente de evidente tensão.

"Vamos nos vingar", afirmou um jovem durante um enterro nesta segunda-feira, em Dogo Nahawa, uma das três aldeias atacadas.

Segundo a agência de notícias France Presse, um jornalista muçulmano que cobria um funeral quase foi linchado e um soldado morreu em Bukuru, a 20 km de Jos, quando tentava acalmar os jovens cristãos que planejavam represálias.

"Não confiamos nas Forças Armadas nigerianas responsáveis pela segurança do Estado de Plateau" afirmou o Fórum dos Cristãos do Estado de Plateau.

As autoridades nigerianas responderam às acusações com o anúncio de prisões. Segundo o ministro de Informação do governo local, Gregory Yenlong, 95 suspeitos de participação no massacre foram detidos.

Jonathan também anunciou a substituição do conselheiro de Segurança Nacional, o general reformado Sarki Mukhtar, por Aliyu Gusua, que já ocupou o cargo duas vezes.

Massacre

O ataque é o mais recente episódio do confronto étnico-religioso na região, que opõe agricultores cristãos e animistas a pastores muçulmanos fulanis na disputa pela exploração de terras.

Armados com revólveres, metralhadoras e machados, pastores da etnia fulani invadiram casas das cidades de Dogo Na Hauwa, Ratsat e Jeji neste domingo e mataram todos que encontraram pela frente.

Em apenas três horas, centenas de pessoas, entre elas muitas mulheres e crianças, foram mortas e queimadas, segundo testemunhas, que descrevem cenas de horror e violência.

A violência deixou ao menos 500 mortos, segundo balanço informado pelo porta-voz do governo do Estado de Plateau, Gregory Yenlong. O balanço foi confirmado por Dan Majang, responsável pela comunicação do Estado de Plateau, citado pela agência de notícias France Presse.

Testemunhas citadas pelo jornal "The Nation" disseram que os criminosos eram entre 300 e 500.

A hipótese das autoridades é de que o massacre, ocorrido a menos de 2 quilômetros da casa do governador de Plateau, Jonah Jang, tenha sido resposta dos pastores aos confrontos religiosos de janeiro passado --que deixaram 326 mortos. O incidente foi considerado pelos membros da etnia fulani uma ação organizada dos cristãos para assassinar muçulmanos.

O massacre aconteceu mesmo com a imposição de um toque de recolher, que vigora na região das 18h às 6h desde janeiro passado.

Os conflitos envolvendo cristãos e muçulmanos na Nigéria deixaram mais de 12 mil mortos desde 1999, quando foi implantada a sharia (lei islâmica) em 12 Estados do norte do país.

Com Efe e France Presse






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