MT é o 18º em doadores de órgãos e diminui operações

Mato Grosso está em 18º lugar no ranking de doadores efetivos de órgãos com um índice de 2,4 doadores por milhão de população (pmp), enquanto a média do Brasil é 8,7. Em 2009, foram realizados 4 transplantes de rins e 117 de córneas no Estado, muito diferente de Santa Catarina, que ocupa a primeira posição e realizou 258 transplantes de rim e 414 de córneas. Entre os 21 estados analisados e o Distrito Federal, Mato Grosso está na frente apenas do Piauí, Maranhão, Pará e Alagoas.

Com base nos dados divulgados pela Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), Mato Grosso realizou um número menor de transplantes do que em 2008, quando foram feitos 162 transplantes de córneas e 6 de rins. Mesmo com a queda do número de operações, a taxa de doadores aumentou em relação a 2008, quando o Estado tinha 1,4 doadores efetivos pmp. Esse índice representa o número de doações que partiram de pessoas com morte encefálica e é a padronização mais utilizada no mundo para avaliar o avanço do sistema de transplantes.

Para o vice-presidente da ABTO, Ben-Hur Ferraz Neto, a taxa de doadores e o número de transplantes efetuados no Estado são ruins e retratam uma situação que se repete em outros estados do Norte e Centro-Oeste. Segundo Ben-Hur, esta "situação crônica" se deve à falta de políticas. O vice-presidente lembra que a ABTO pode oferecer formação especializada aos profissionais e implementar projetos na área, "mas é preciso que haja vontade e iniciativas locais".

A nefrologista Paulete Dossena Grando, concorda que em Mato Grosso não existem equipes autorizadas nem profissionais suficientes para realizar todas as operações envolvidas em um transplante, como preparação, cirurgia, acompanhamento, suporte e etc. Um dos motivos é a falta de escolas para formar especialistas na área. "Somos ainda um deserto quando o assunto é doação e transplantes de órgãos".

Em contrapartida, a nefrologista acredita que a nova regulamentação de doações e transplantes de órgãos no Brasil, determinada pelo Ministério da Saúde, pode melhorar esse processo. Pela nova portaria, a lista única do Sistema Nacional de Transplantes passou a ser regional e, nessa divisão, os pacientes mato-grossenses unem-se a São Paulo, que é referência em cirurgias desse tipo. "Com a nova regulamentação, teremos a disposição toda a estrutura de São Paulo e cada estado deverá ter uma comissão para captar adequadamente as doações e achar um paciente em espera".

Outro lado - A Secretaria de Estado de Saúde informou só irá se manifestar depois de receber o relatório.