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Economia
Quarta - 24 de Fevereiro de 2010 às 03:49
Por: Marcondes Maciel

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Jana Pessoa/DC
Feirões e queimas de estoques estão sendo mantidos pelas varejistas como forma de reverter cenário de retração às vendas
Feirões e queimas de estoques estão sendo mantidos pelas varejistas como forma de reverter cenário de retração às vendas

Os primeiros 20 dias do retorno do IPI (Imposto sobre Produtores Industrializados) sobre os eletrodomésticos foram avassaladores para as vendas do segmento na Grande Cuiabá. Algumas empresas contabilizam perdas de até 40% em relação às três primeiras semanas de janeiro depois que o governo federal decidiu acabar com a isenção parcial ou total do imposto nos eletrodomésticos da chamada “linha branca” (máquinas de lavar, geladeiras, ventiladores, fogões, condicionadores e outros).

O IPI das geladeiras foi reduzido de 15% para 5%, das máquinas de lavar de 20% para 10% e, fogões e tanquinhos, tiveram IPI zero. O prazo da redução do IPI para eletrodomésticos era para valer até 17 de julho de 2009, mas o governo resolveu prorrogar o prazo por duas vezes, encerrando no último dia 31 de janeiro.

Muitos lojistas esperavam um novo prazo para a volta do imposto. Sem a confirmação, a frustração dos gerentes e vendedores é visível. “Ficamos decepcionados com a decisão do governo federal em retornar com a cobrança do IPI. Estávamos apostando em uma nova prorrogação”, disse um dos gerentes da loja Ponto Frio.

De acordo com os empresários, a maior preocupação é a falta de estímulo que isso pode provocar na fabricação dos produtos do chamado “selo verde”, que, desde o final do ano passado, tiveram redução proporcional do IPI por consumirem menos energia.

A escassez de produtos da linha branca já é notória nas lojas de Cuiabá. “Ainda estamos em falta com produtos de algumas marcas”, disse um vendedor do Ponto Certo. O motivo é a explosão do consumo provocado pela redução do IPI, que aqueceu a economia e estimulou a procura por eletrodomésticos. A média de crescimento nas vendas chegou a 40% no último mês de janeiro, acumulando incremento de até 100% no trimestre outubro-dezembro de 2009, em comparação com igual período do ano anterior.

A idéia inicial do governo federal era diminuir a carga tributária dos eletrodomésticos para que o comércio continuasse aquecido e não sofresse com a queda de vendas após a crise de renda gerada pela explosão da bolha norte-americana em setembro de 2008.

Com o superaquecimento das vendas, as lojas chegaram a ofertar produtos similares, mas de marcas diferentes. Eletrolux e Brastemp foram as que tiveram problemas de estoque.

Eduardo Hussein, gerente de uma das lojas do Ponto Certo na Rua 13 de Junho, diz que as vendas de produtos da linha branca recuaram em até 40%. “No último trimestre do ano passado, chegamos a dobrar as vendas. Este mês o movimento teve queda drástica. Mas a tendência é que o mercado mantenha as ofertas para atrair clientes às lojas, como estamos fazendo”. Mesmo com a campanha – que prevê a manutenção dos preços de alguns produtos – a loja projeta perdas para fevereiro.

O Ponto Frio também teve suas vendas reduzidas nas primeiras três semanas deste mês, segundo informou um vendedor da loja da Rua 13 de Junho.

SURPRESA - O anúncio do fim da redução do IPI para a linha branca pegou de surpresa a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). “A medida veio em momento inoportuno e pode causar um impacto extremamente negativo, com queda em torno de 10% a 15% nas vendas desse segmento no primeiro trimestre”, alerta o presidente da entidade, Roque Pellizzaro Junior.

A CNDL já enviou documento ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) solicitando que seja mantida a redução do IPI por pelo menos mais 60 dias. “Temos grandes esperanças de que nossa reivindicação seja acolhida. Porque só vai resguardar a economia doméstica e quem ganha com isso é o consumidor”, sustenta Pellizzaro.






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