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Internacional
Quarta - 17 de Fevereiro de 2010 às 21:22

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O Irã não abandonará suas atividades de enriquecimento de urânio e as potências ocidentais devem se acostumar com a ideia, afirmou Ali Asghar Soltanieh, representante iraniano na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), da ONU, nesta quarta-feira.

"O Irã não abrirá mão de enriquecer urânio, por nenhum preço. Até mesmo a ameaça de um ataque militar não nos deterá", disse o embaixador iraniano. "O Ocidente terá que se acostumar com a ideia de um Irã forte, um país com milhares de anos de civilização, e agora um mestre do enriquecimento. Sei que é difícil para eles aceitarem isso, mas é a realidade".

O Irã afirma que seu programa nuclear tem fins pacíficos e visa produzir energia elétrica. Teerã anunciou, no início deste mês, que começou a enriquecer urânio a 20%, aumentando o receio de países ocidentais de que Teerã tenha a ambição de construir armas nucleares.

Os EUA pressionam para que o Conselho de Segurança da ONU imponha uma nova rodada de sanções ao Irã. Para Soltanieh, tais ameaças refletem uma "mentalidade colonialista".

"Ameaçando o Irã com sanções e ação militar, [os EUA] estão apenas dificultando ainda mais a situação. Isso não funciona", disse o representante iraniano.

Ele lembrou que o presidente americano, Barack Obama, chegou ao poder com um slogan de mudança. "Se ele poderá traduzir aquelas palavras em ação, nós teremos que ver. Até agora, Obama não conseguiu mudar nada, e recorre à mesma linguagem de ameaças que o [ex-presidente americano] George W. Bush. Isso é muito decepcionante", disse Soltanieh.

Brasil e EUA

Em coletiva de imprensa ontem, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, defendeu uma possível mediação do Brasil na crise nuclear, ressaltando pontos em comum entre os dois países. Para ele, da mesma forma que o Irã, o Brasil "procura mudar as coisas".

"Temos muitos amigos no mundo interessados em ajudar e colaborar e que, como nós mesmos, não estão de acordo com as tensões e buscam a paz", afirmou Ahmadinejad.

"Entre eles estão o povo e o governo do Brasil, com quem mantemos boas relações. O Brasil foi um dos países que defendeu o Irã", acrescentou.

Em relação aos EUA, Ahmadinejad disse que seu país "não leva a sério" as declarações da secretária de Estado americana Hillary Clinton. Em visita ao Oriente Médio, ela usou um tom extremamente duro contra o Irã, dizendo que o país se torna uma ditadura militar, e que as instituições civis e lideranças religiosas estão sendo substituídas pela Guarda Revolucionária.

"Não levamos a sério os seus comentários. Ela é obrigada a dizer essas coisas (...) Vemos contradições na administração americana, e não sabemos qual a sua verdadeira posição".

Carta

A França, os Estados Unidos e a Rússia disseram estar preocupados com a escalada do programa nuclear do do Irã em uma carta assinada por seus embaixadores e entregue à AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), organização ligada à ONU.

Segundo os três países, membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), o enriquecimento de urânio a 20% por Teerã é injustificado --já que a proposta nuclear entregue pelas potências para a troca do material por combustível nuclear incluía garantias para o benefício do país.

A carta enviada nesta terça-feira ao diretor-geral da AIEA, Yukiya Amano, é uma resposta ao argumento iraniano --reforçado nesta terça-feira pelo presidente Mahmoud Ahmadinejad-- de que Teerã não aceitou a proposta nuclear das potências por não considerar os termos adequados.

Os diplomatas disseram que a carta foi entregue à imprensa para refutar as declarações de uma autoridade iraniana de que as potências ofereceram um novo acordo para o Irã.

com agências internacionais






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