Ciro diz que não vai dividir o palanque com Dilma

O deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE) disse ontem que estará do mesmo lado político da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, durante a campanha à sucessão do presidente Lula, "mas não no mesmo palanque". O deputado também reafirmou a intenção de ser candidato à presidência, apesar da pressão do presidente Lula para que os partidos aliados se unam em torno de um candidato único, que seria a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e avisou: "Sou candidato para ganhar".

Na última pesquisa eleitoral divulgada pela CNT/Sensus, em um dos cenários para o primeiro turno, no qual além de Dilma e Serra aparecem os possíveis candidatos Ciro Gomes (PSB) e Marina Silva (PV), o governador paulista lidera com 33,2% ante 27,8% da ministra. A diferença entre os dois candidatos, de 5,4 pontos porcentuais, porém, é praticamente a metade dos 10,1 pontos de diferença que separavam Serra e Dilma na edição anterior da pesquisa, quando o primeiro tinha 31,8% e Dilma, 21,7%.

Mais cedo, no Rio de Janeiro, a ministra Dilma Rousseff elogiou Ciro Gomes e disse que gostaria de estar no mesmo palanque que ele. "Tenho uma relação muito forte com o deputado Ciro Gomes. Convivi diariamente com ele no primeiro governo. É uma pessoa leal, correta, inteligente, capaz. Gostaria sempre de estar em palanque com ele, mas é uma decisão que não é minha", afirmou a ministra, depois de participar, ao lado do presidente Lula, da inauguração do Gasoduto Cabiúnas.

Em resposta, Ciro Gomes disse, para um grupo de repórteres, na Câmara dos Deputados, que a declaração da ministra foi "extremamente lisonjeira". "Todos sabem da minha admiração, mas eu quero ser candidato. Vamos estar do mesmo lado político, mas não no mesmo palanque", ponderou.

Segundo o deputado, a única possibilidade de ele desistir da disputa pela presidência será se o partido dele, o PSB, pedir. "Eu vou resistir firmemente. A única circunstância para eu desistir é se o PSB pedir para retirar meu nome, aí eu aceito docilmente. Agora, se o PSB pedir para eu ser candidato a governador de São Paulo, aí eu vou espernear muito e depois resolver", afirmou o deputado que, no final do ano passado, trocou seu título de eleitor do Ceará para São Paulo.

Mas a decisão do deputado Ciro Gomes (PSB-CE) de manter a sua pré-candidatura à presidência da República, reforçada ontem por ele em várias entrevistas, poderá encontrar obstáculos no seu partido. O PSB enfrenta dificuldade para conquistar apoio de partidos do bloco aliado ao governo para sustentar uma candidatura própria. Sozinho na disputa, sem outros partidos aliados, Ciro Gomes teria, em um cálculo preliminar, apenas 1 minuto e 11 segundos no horário eleitoral gratuito, enquanto PT e PMDB, juntos, chegam a quase 6 minutos.