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Concursos/Empregos
Domingo - 31 de Janeiro de 2010 às 02:01
Por: Fernando Duarte

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Depois do caos, muitas mudanças no megaconcurso
Depois do caos, muitas mudanças no megaconcurso

Com a anulação das provas no dia 22 de novembro e a investigação que resultou na confirmação de fraude por funcionários da Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), transformações na logística foram feitas no concurso público do Estado. A instituição de ensino superior não apenas teve a participação reduzida no certame como também foi supervisionada por um Comitê de Acompanhamento e contou com o apoio de professores da Universidade Federal do Ceará (UFCE), Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), esta última cedendo a "sala-cofre" e também auxiliando na formulação das provas.

Idealizado como o maior concurso público de Mato Grosso com 10.086 vagas (o que colocaria no livro dos recordes brasileiro), as mudanças começaram com a fragmentação nas datas das provas em 3 dias, além de hoje (fundamental), 21 de fevereiro (médio) e 21 de março (superior). Ao invés dos mais de 274 mil candidatos participarem no mesmo dia, no período matutino e vespertino, nos 17 municípios pólos (contando Cuiabá e Várzea Grande), a primeira etapa do concurso será feita somente à tarde e contará com 75.131 pessoas, quase 200 mil a menos que no dia 22 de novembro. Somente em Cuiabá e Várzea Grande a expectativa é que haja 41,2 mil candidatos nas 105 instituições de ensino, sendo 162 em Mato Grosso.

De acordo com o secretário de Administração, Geraldo de Vitto, todas as providências foram tomadas para que o concurso aconteça sem problemas. "O critério usado para a divisão dos candidatos foi a formação. Como os da primeira etapa são para Ensino Fundamental, todos vão fazer o mesmo tipo de prova".

Somado a isso, o candidato fará a prova próximo ao domicílio, o que o incentiva ir à pé ao local. Para isso foi usado o sistema de distribuição de cartas dos Correios, em que se baseou no Código de Endereçamento Postal (CEP) do candidato.

Se essas mudanças fossem feitas ano passado, a dona-de-casa Natalina de Oliveira Cardoso não precisaria sair do bairro Costa Verde (Várzea Grande) para a Escola Estadual Presidente Médici. "Estava uma loucura. Aquele dia parecia que colocaram até carroça para andar na cidade".

Natalina, que prestará o concurso deste fim-de-semana para merendeira, fará a prova próximo de casa, na Escola Estadual Gonçalo Botelho de Campos.

Para garantir o fluxo no trânsito em Cuiabá, o secretário Geraldo de Vitto disse que enviou 3 ofícios à Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito Urbano de Cuiabá (SMTU) para que não haja problema. Além disso, as linhas de ônibus foram reforçadas.

Fiscalização - Mas chegar ao local foi apenas um dos problemas. Falta de preparo dos fiscais, ausência de acomodações para os candidatos e até escolas em reformas no dia das provas foram exemplos do caos que estava. Com essa situação, quase 40 boletins de ocorrência foram registrados, grande parte do Centro Universitário Cândido Rondon (Unirondon) e da Universidade de Cuiabá (Unic). Nessa primeira etapa, elas não acolherão os candidatos, isso será feito para as provas do Ensino Médio e Superior.

Assim, foram convocados servidores públicos estaduais para serem fiscais e coordenadores. Eles receberam 3 linhas de treinamento que inclui uma apostila explicativa e DVD em que detalhes de como se portar no dia do concurso são apresentados. "Tem informações até sobre o cara que cola", disse o presidente do Comitê de Acompanhamento, o secretário da Casa Militar, Alexander Torres Maia.

A professora Erevanil Carmen de Moraes será fiscal no bairro CPA 3. Ela receberá R$ 80 para fazer o trabalho e contou que, em cada sala, haverá 1 fiscal e 1 coordenador, além do fiscal localizado no corredor das instituições. Este será encarregado de acompanhar algum candidato que necessite beber água ou ir ao banheiro.

O número de pessoas que participam da realização das provas passa de 8,6 mil pessoas, além dos Policiais Militares, Civis e do Corpo de Bombeiros que estão apoiando. Segundo De Vitto, cerca de 60% dos funcionários públicos do Estado aceitaram trabalhar no concurso em troca da remuneração diária ou de um dia de folga.

O Comitê de Acompanhamento se reuniu na sexta-feira (29) pela manhã para ser apresentado o panorama geral do que foi feito em relação à fiscalização, trânsito, alimentação dos fiscais, segurança, entre outros itens. "Ninguém está preocupado com o desgaste político. O que tinha que acontecer, já aconteceu", diz Maia.

Crime - Vinte de novembro, 2 dias antes da anulação das provas, peritos do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) levaram CPUs da residência da coordenadora da Comissão de Vestibulares da Unemat, Geyhsa Atala, que mora em Cáceres (225 km a oeste de Cuiabá), à sede da instituição mato-grossense. Novamente outro mandado foi solicitado e mais materiais foram apreendidos. Após a investigação, que contou com a participação da Perícia Oficial e Identificação Técnica do Estado (Politec), foi confirmado que houve fraude no certame.

Na ação, descobriu-se que os cadernos de provas, as respostas e as justificativas das respostas estavam em computadores e pen drives apreendidos e foram manuseados por Sandra Raquel de Almeida Cabral, Renilse Miranda Cebalho Barbosa e Geyhsa Atala Gomes Curvo fora do local permitido. Todas ligadas à elaboração dos questionários. Elas foram retiradas da organização e podem responder criminalmente por violação de sigilo funcional, o que dá pena de 2 a 6 anos de prisão. Caso seja confirmado que houve comercialização e/ou distribuição dos cadernos, a punição pode ser aumentada.

O Ministério Público Estadual de Cáceres ainda está analisando as imagens cedidas pelo reitor da Unemat, Taisir Karim. Com a verificação das gravações, os promotores Januária Dorilêo Bulhões e Samuel Frungilo deverão oferecer denúncia contra as 3 pessoas.

Após as confirmações de fraude, o Comitê de Acompanhamento exigiu que a elaboração das provas não acontecesse em Cáceres e fosse mudada para Cuiabá, em uma "sala-forte" monitorada 24 horas e que, para entrar, o professor deve passar a impressão digital para autorização. Nela é registrado o dia, a hora e o tempo de permanência na sala. Fora do recinto Policiais Militares vigiam. De acordo com Maia, mais de 20 professores participaram da confecção das provas, inclusive da UFMT.

Outra mudança é em relação a gráfica. A RR Donnelley Moore, empresa americana com filial em São Paulo, foi contratada pela coordenação do concurso como a responsável pela impressão dos questionários. O valor ultrapassou R$ 3,2 milhões. Ela foi a empresa que imprimiu os questionários do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), prova que também foi fraudada.





Fonte: A Gazeta

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