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Economia
Quarta - 13 de Janeiro de 2010 às 22:55
Por: Alberto Alerigi Jr.

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A CSN está tentando se transformar em uma das principais fabricantes de cimento do Brasil, mas sua proposta pela Cimpor tem no caminho o convite de fusão feito pela Camargo Corrêa para a cimenteira portuguesa.

A Camargo Corrêa --com operações que vão de construção a têxteis e calçados-- revelou nesta quarta-feira uma proposta para ser sócia minoritária em uma companhia que reuniria seus ativos de cimento com os da Cimpor.

Se for bem-sucedida, formará a segunda maior fabricante do insumo do Brasil. Além disso, reforçará a posição da Camargo Corrêa na América do Sul, uma vez que a empresa é controladora da Loma Negra, maior cimenteira da Argentina.

No Brasil, o maior produtor de cimento é o grupo Votorantim, que tem cerca de 40 por cento de participação de mercado.

Enquanto isso, a oferta hostil da CSN --divulgada em dezembro e rejeitada pelo Conselho da Cimpor na semana passada-- implica na compra do controle da Cimpor por 5,75 euros por ação.

O preço do papel da empresa portuguesa na bolsa de Lisboa está atualmente acima de 6 euros, diante da expectativa de investidores com uma guerra de preços entre os pretendentes.

A disputa acontece em um momento em que o setor de construção civil brasileiro passa por forte expansão, motivando alta de 30 por cento no faturamento das produtoras de cimento em 2008, relativa estabilidade em 2009 e previsões de retorno da expansão a partir deste ano.

De acordo com a analista Ana Barros, da empresa de pesquisa Lafis, a Camargo Corrêa já vem há algum tempo aumentando sua aposta no setor de cimento. Segundo ela, a produção de cimento da Camargo Corrêa no Brasil cresceu 29 por cento entre 2007 e 2008, para 4,6 milhões de toneladas.

Já a líder Votorantim registrou alta de 9,9 por cento, para 21,3 milhões de toneladas, e a CSN iniciou a comercialização de cimento apenas no ano passado.

Na avaliação da analista, a CSN enxerga na Cimpor uma chance de entrar com força num segmento muito concentrado no Brasil por conta do domínio da Votorantim Cimentos.

"Tem muitas barreiras para outras empresas entrarem, é difícil para novatas ingressarem no mercado pela própria concorrência. Não tem como bater preço com a Votorantim sendo pequeno, tem que ser grande", afirmou Ana.

"É difícil falar, mas acredito que a Camargo Corrêa deve vencer a disputa, porque em termos de sinergias a fusão com a Camargo Corrêa é mais interessante, porque eles já trabalham com cimento", acrescentou. "Não que a CSN não tenha capacidade de desenvolver esse negócio, mas para a CSN esse é um segmento novo."

O analista Felipe Miranda, da Empiricus Research, ressalta a capacidade de gestão da CSN nos negócios. Mas aponta que se a CSN elevar seu preço, "o mercado deve reagir bem mal, porque já tinha reagido mal na primeira oferta".

Para ele, a avaliação do mercado de que a CSN --cujas atividades principais são aço e minério de ferro-- já está pagando caro para reforçar uma área que não é central para a companhia é exagerada.

"Parte do "core business" da CSN está em expor-se a outros mercados. Eles tem uma equipe de administração muito boa que não teria dificuldade em gerir a empresa."

"Para a Cimpor o que interessa na decisão é preço e vontade de se desfazer do controle. Se falar que você quer ser vendido, ninguém vai pagar caro por você", acrescentou.

Para o analista Pedro Galdi, da SLW, a CSN ainda teria condições de elevar sua proposta pela Cimpor, iniciando uma guerra de preços, "mas até onde eles vão é difícil dizer".

ANTITRUSTE

A analista da Lafis acredita que órgãos antitruste do Brasil não devem fazer objeções para a eventual união da Camargo Corrêa Cimentos com a Cimpor.

"As duas somadas na produção não chegam a 20 por cento do mercado. E mesmo regionalmente as fábricas delas estão em Estados diferentes."

Unidas, as duas empresas teriam 18 por cento de participação no mercado brasileiro de cimento, com uma produção de 9,33 milhões de toneladas, conforme a analista.

Procurada, a CSN não quis comentar a proposta feita pela Camargo Corrêa à Cimpor.





Fonte: Reuters

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