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Economia
Segunda - 04 de Janeiro de 2010 às 04:14
Por: Marcia De Chiara

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O Brasil ganhou importância nas vendas das grandes multinacionais instaladas no país. De cosméticos a caminhões, passando por refrigerantes e televisores, as subsidiárias brasileiras se transformaram no principal mercado mundial ou ascenderam no ranking dos países com maior volumes de produtos comercializados. O crescimento mais acelerado do consumo nos mercados emergentes em relação ao dos países desenvolvidos era uma tendência que vinha se desenhando nos últimos anos. Mas, segundo especialistas, esse movimento se fortaleceu com a crise a partir do último trimestre de 2008 e deve funcionar como um "imã" na atração de novos investimentos estrangeiros.

Pela primeira vez em 56 anos, a filial brasileira da Mercedes-Benz em 2009 ultrapassou a matriz alemã na venda de caminhões. Isso transformou o país no maior mercado da empresa no mundo. De janeiro a setembro de 2009, foram vendidos no mercado brasileiro 23 mil caminhões. A história se repete na gigante de vendas diretas de cosméticos, a Avon. Sem revelar os volumes vendidos por país, a companhia informa que o Brasil foi o seu principal mercado entre julho e setembro de 2009. Pela primeira vez, o país ultrapassou os Estados Unidos, que lideravam o ranking de volume de vendas, tendência que deve se manter este ano, segundo a empresa.

Na Nestlé, o Brasil ainda não chegou ao topo, mas está quase lá. Conforme a empresa, pelo desempenho parcial de 2009, o país se mantém na vice-liderança em volume de vendas, "mas está na iminência de passar da quarta para a terceira posição entre os maiores faturamentos, tomando o lugar da França." Na Coca-Cola, o Brasil é o quarto maior mercado em volume de vendas, atrás da China. Mas, no terceiro trimestre de 2009, os volumes de refrigerantes, sucos e chás vendidos no país cresceram 3% em relação a igual trimestre de 2008. A taxa de acréscimo registrada superou a média da companhia no mundo, que foi de 2%.

Segundo o diretor de marketing da LG no Brasil, Eduardo Toni, o Brasil é o segundo maior mercado do grupo no mundo em volume de vendas e faturamento, atrás dos Estados Unidos e excluindo a Coreia, que é a matriz. Mesmo sem ter os números consolidados de 2009, o executivo acredita que a posição do país deve ter melhorado. "Imagino que o Brasil vai estar um pouco melhor que os Estados Unidos em 2009 porque a nossa crise foi menor que a americana." Em 2008, o faturamento da filial brasileira atingiu R$ 2,8 bilhões.

Marcelo Gil, líder global de Estratégia Corporativa da consultoria Accenture, confirma que houve um avanço dos mercados emergentes em 2009 nos rankings de volume de vendas físicas e de faturamento das multinacionais. "Os países emergentes sofreram menos que os desenvolvidos, porque há uma energia emergindo com a nova classe média."

Massa salarial - O crescimento da demanda interna, puxada pela expansão da renda real em razão da queda da inflação e do aumento do emprego, explicam, segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Luís Afonso Lima, o surgimento dessa nova classe média. Em seis anos, de 2003 a outubro de 2009, a massa real de salários cresceu 35%, com continuidade de melhoria na distribuição de renda. "A crise atrapalhou esse crescimento", pondera o economista. Só que, como o Brasil é uma economia relativamente fechada, o país ficou blindado.

"O que era uma desvantagem virou uma vantagem." É exatamente essa vantagem que, segundo Lima, deverá funcionar como um "imã" na atração de investimentos diretos estrangeiros. "Como os mercados de origem não estão registrando crescimentos expressivos de consumo, as empresas têm de procurar outros lugares para investir." Entre 2009 e 2014, a economia dos países desenvolvidos deverá crescer 1,3% em média, enquanto os emergentes deverão ter uma expansão quatro vezes maior, de 5,4%. Em 2010, o Brasil deve atrair US$ 40 bilhões em Investimento Estrangeiro Direto (IED), conforme a Sobeet.






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