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Quarta - 29 de Julho de 2009 às 06:31
Por: Keity Roma

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Em vídeo gravado pela polícia, pistoleiro conta ter matado 2 em Rondonópolis a mando do empresário

Em um vídeo de denúncias de homicídios que causou uma reviravolta na vida do empresário Nenê Constantino, fundador da Gol Linhas Aéreas, o pistoleiro João Marques dos Santos, de 41 anos, revelou que dois dos oito assassinatos cometidos supostamente a mando do ex-patrão aconteceram em Mato Grosso, para onde serão enviadas as informações.

Nas imagens, João Marques narra como matou duas pessoas em Rondonópolis, a 212 quilômetros de Cuiabá, em ações distintas a mando do bilionário Constantino Oliveira, conhecido como “Seu Nenê”, 77 anos. Na filmagem de seis horas, o pistoleiro, que trabalhou na empresa de Nenê por quase 20 anos como lanterneiro, afirmou que o primeiro crime supostamente cometido para o empresário aconteceu em Rondonópolis, em meados de 1987.

O delator conta que foi convidado pelo colega Vanderlei Silva, que seria um funcionário de confiança de Nenê, para pescar em Mato Grosso. Até então, nunca tinha assassinado ninguém. “Começou quando o Vanderlei me chamou para nós ir pegar umas pedras de boi em Mato Grosso e disse que era para o Constantino (...) Nem sabia que ia assaltar esses bois. Disse que nós ia pescar, aí quando chegou disse assim: João, nós vamos fazer um assalto, pegar umas pedras de boi (sic)”, consta na gravação.

As pedras de boi a que ele se refere são pedras de fel formadas no rim do boi, que tem poder medicinal e alto valor de mercado. Com um terceiro ajudante e um informante, o grupo planejou o assalto a um frigorífico em Rondonópolis, onde só estaria o gerente da empresa. “O Vanderlei falou que as pedrinhas era pro seu Constantino, porque ele faz um tratamento de saúde e precisava delas. Aí nós foi e aí o cara reagiu. Eu atirei. Esse foi o primeiro (homicídio)”, disse.

Sem ordem cronológica nos relatos e sem detalhes, João Marques afirmou que, diferente do assassinato ocasional ocorrido durante o assalto na década de 80, ele foi pago para matar, também em Rondonópolis, um outro homem que seria sócio de Nenê.

O pistoleiro contou que chegou até a cidade e contratou um motoboy, que o levou até o local do crime, na saída de um prédio. “Quando eu peguei o cara (vítima) ele estava entrando no carro dele. Tava saindo do prédio”. O pistoleiro desceu da motocicleta, caminhou até a vítima, chamou-a para não atirar pelas costas e então disparou tiros de uma pistola com silenciador deixando o local, com o motoboy, em seguida.

As revelações de João Marques são pobres em detalhes, o que dificulta as investigações. Ele pode ser uma grande testemunha de acusação se as denúncias, que soam fantasiosas, forem confirmadas. O pistoleiro está desaparecido. “O velho manda cara. Não to te falando que ele manda matar? (...) Eu matei oito pessoas pra ele”.

Para cada assassinato, recebia cerca de R$ 2 mil a R$ 3 mil do patrão. As informações dos possíveis crimes em Mato Grosso serão enviadas para a Polícia Civil local pela delegada da Divisão de Homicídios II do Distrito Federal, Mabel Alves, que tem o poder sobre as imagens agora. Ela solicitou às imagens à Araçatuba, após indiciar Nenê Constantino por dois assassinatos.

A fita foi gravada em março de 2007 em uma delegacia de Araçatuba (SP) e permaneceu arquivada até 2009. A filmagem da confissão aconteceu na cidade porque um dos assassinatos encomendados por Nenê seria de seu genro Basílio Torres Neto, que mora no município. Neto foi procurado pelo pistoleiro, mas acabou pagando para que não fosse assassinado. O genro levou o pistoleiro à polícia, que gravou a fita.

Apesar de não haver prova concreta contra Nenê, os indícios dos crimes se tornam fortes pelo fato de ele ter sido indiciado como mandante de dois homicídios em Brasília. Em um deles, Vanderlei também figura, e ambos são réus no processo judicial. O Diário procurou o advogado de Nenê, Marcelo Bessa, quatro vezes, uma delas por meio da assessoria da Gol. Informado da procura, ele não retornou às ligações.





Fonte: Diário de Cuiabá

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