PF acha corpos de brasileiros mortos na fronteira da Bolívia

A Polícia Federal e integrantes da força policial da Bolívia, os chamados “Leopardos”, encontraram seis corpos de brasileiros na região de San Matias, cidade na fronteira entre o Brasil e a Bolívia, nas proximidade de Cáceres. Eles localizaram os cadáveres de cinco homens e uma mulher. Os corpos foram retirados de uma vala comum após três dias de buscas intensas no terreno. Esse grupo, de acordo com fontes da Polícia Federal, teria desaparecido há mais de 30 dias. É possível que outros brasileiros tenham sido mortos e enterrados na região. Legistas bolivianos e um promotor de Justiça da Bolívia acompanharam os trabalhos.

Evidentemente em adiantado estágio de decomposição, os corpos foram removidos para Cáceres e devem ser trazido para Cuiabá para passarem por uma a perícia técnica e também de identificação através de exame da arcada dentária e DNA. Uma vez identificados, a PF deverá dar início aos trabalhos de investigação para descobrir os motivos da matança dos brasileiros. Fala-se na região que ela tenha sido patrocinada por narcotraficantes.

A identificação da área onde os corpos estavam enterrados ocorreu no final de semana. Na terça-feira as buscas foram retomadas. A localização foi dificultada por conta do tamanho da área onde eles estavam enterrados e também porque o local foi aterrado. Muitas escavações foram feitas até que se encontrasse o local da desova. A Polícia Federal precisou levar para o local um trator com escavadeira para poder cavar mais fundo. As máquinas da Polícia boliviana não conseguiram realizar o trabalho.

A fazenda onde os corpos foram enterrados pertence a um brasileiro. A área fica próxima a fazenda de um brasileiro e anexo ao Aeroporto de San Mathias. Fontes da Policia isentaram o pecuarista brasileiro de qualquer envolvimento com a chacina.

Ainda não há dados sobre outros três corpos de brasileiros igualmente executados por quadrilhas de exterminadores denominados “justiceiros da fronteira”, assim como não há também qualquer identificação deles, apenas um deles atendia pelo apelido de “Pintinho”, outros aparecem apenas como Mecânico, Tatuado e Gaúcha, são alguns apelidos das supostas vitimas. “Temos muitas famílias que estão nos procurando e informando sobre desaparecimentos de brasileiros” – disse um policial.

Uma das testemunhas revelou a PF que somente de dezembro passado até o mês de março deste ano, pelo menos 22 pessoas, a maioria de nacionalidade brasileira, foram mortas sob encomenda. Os motivos segundo essa fonte, seriam os mais diversos, que vão desde acertos de contas a mando de narcotraficantes, passando por fatos banais como bebedeira a vadiagem até mesmo mortes com motivação política. Mas principalmente por “arrocho” de carregamento de pasta base de cocaína. Na gíria dos traficantes, arrocho significa – roubar – drogas de outros grupos que atuam nessas transações ilícitas na região de fronteira.

Há fortes indícios que o motivo da matança seja relacionada ao sumiço de mais de 100 quilos de pasta base, que estava escondida na Prefeitura de San Mathias. A fonte boliviana delatou ainda os nomes dos chamados justiceiros, entre eles a maioria, é oriunda do Brasil.

Uma brasileira que atuava na revenda de colchões na cidade de San Mathias, conhecida como “Cleonice Gaúcha” foi executada a tiros, por outro brasileiro, segundo a Policia, o suposto autor está preso e atende pela alcunha de “Bibil”. Todavia esse assassinato de Cleonice não está ligado ao extermínio que vem sendo investigado por autoridades brasileiras e bolivianas.

Com informações de João Arruda, de Cáceres