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Agronegócios
Segunda - 27 de Outubro de 2008 às 10:05
Por: Márcio Sodré

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Se a perspectiva para a nova safra de algodão já era ruim, com o recente agravamento da crise mundial, a situação piorou ainda mais para o setor em Mato Grosso, em virtude da redução e encarecimento de crédito para o plantio e da baixa nos preços da commodity. A Associação dos Produtores de Algodão de Mato Grosso (Ampa) alertou esta semana ao ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, que, caso a ajuda do governo não chegue a tempo, a redução da área plantada com algodão no Estado pode variar entre 40% e 60%. Com isso, a área plantada sairia dos cerca de 560 mil hectares na safra 2007/2008 para até estimados 260 mil hectares de área na safra 2008/2009. A redução pode ser a maior dos últimos cinco anos.

O presidente da Ampa, Gilson Ferrúcio Pinesso, observou que, antes do agravamento da crise, entre junho e julho, os produtores de algodão de Mato Grosso já trabalhavam com uma redução de área entre 14% e 15% nesta safra 2008/2009, devido, principalmente, à troca da pluma pela cultura da soja. Para a complicação do panorama, Pinesso justifica que o dinheiro que o cotonicultor utiliza para o plantio da safra vem, principalmente, de Adiantamento sobre Crédito de Câmbio (ACC), que se trata de um adiantamento em cima de exportações futuras. Nesse momento, o presidente situa que os produtores de algodão estão embarcando sua produção ao exterior, recebendo os dólares e pagando os ACCs contratados no ano passado.

O problema, segundo Pinesso, é que agora os bancos não estão conseguindo renovar essas linhas de ACC junto aos produtores de algodão. “Hoje não tem crédito. Os bancos não têm dinheiro para comprar”, explicou o presidente, situando que, neste momento, os produtores de algodão do Estado estão na fase de compra dos fertilizantes necessários ao plantio da próxima safra da cultura, ou seja, necessitando do crédito. Como o plantio do algodão começa a partir de 1º de dezembro no Estado, o presidente destaca que ainda há tempo de salvar a cultura do algodão de uma acentuada queda de área plantada. Mas salienta: a ajuda tem de chegar a tempo.

A Ampa sugeriu ao governo a criação de uma linha de crédito para o algodão, com dinheiro do Banco Central. Trata-se de uma linha de crédito destinada exclusivamente à exportação. A estimativa é que sejam necessários US$ 500 milhões para todo o Brasil. O governador Blairo Maggi, segundo o presidente da Ampa, tem se mostrado muito preocupado com a situação e garantido apoio inconteste à cotonicultura, que é uma das áreas que mais emprega e pode ser uma das mais afetadas diante da crise. Conforme o repassado por Pinesso, o ministro da agricultura, baseado no divulgado na imprensa, viu com bons olhos a sugestão, mas não há nada oficial.

Para piorar, além da falta de crédito e da queda nos preços, a cultura do algodão em Mato Grosso também sofre com a expressiva alta nos custos de produção. Enquanto na safra 2007/2008, o produtor trabalhava com um custo de produção no Estado entre R$ 2.600 e R$ 2.700 em média, nesta próxima passou para uma faixa entre R$ 3.900 e R$ 4.000 em média. Além disso, Pinesso destacou que existe toda uma estrutura criada em torno da produção de algodão que tem que ser preservada, pois há ainda muito investimento a ser pago. Esse quadro negativo previsto, caso se concretize, significa mais desemprego, menos geração de renda, menos negócios e mais problemas sociais no Estado.

Vale informar também que a redução de tecnologia é um fator que pode repercutir em menor produtividade para a safra 2008/09 de algodão. Com diminuição de tecnologia e de área, o recuo de produção pode ser significativo para a próxima safra, podendo se complicar mais caso aconteça algum problema climático.





Fonte: A Tribuna

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