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Polícia Brasil
Terça - 06 de Novembro de 2007 às 21:45

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A Polícia Federal estima que o esquema de remessa de dinheiro ilegal para a Suíça e outros bancos europeus, combinada com subfaturamento de mercadorias que entravam no Brasil, alcançou sonegação fiscal de R$ 1 bilhão nos últimos 18 meses. O valor é referente a investigações feitas desde o ano passado.

De acordo com a PF, só em remessa ilegal de dinheiro para o exterior, o esquema movimentava de R$ 6 milhões a R$ 7 milhões por mês, nos últimos seis meses.

Nesta terça-feira (6), foi deflagrada a Operação Kaspar II que apreendeu, em espécie, R$ 6 milhões e cerca de US$ 600 mil a US$ 700 mil. Também foi feito o bloqueio de contas que continham saldo de R$ 2 milhões. Essa é a terceira operação da PF, em menos de dois anos, que apura remessa ilegal de dinheiro para o exterior. As outras duas ações foram chamadas de Operação Suíça e Kaspar I.

De acordo com o delegado que apura o caso, Ricardo Saadi, foram cumpridos 19 de 21 mandados de prisão e uma pessoa foi detida em flagrante no Rio de Janeiro. Seis dos presos são doleiros e três são funcionários de bancos estrangeiros, dos quais, dois suíços. Um deles era gerente de um banco suíço que estava no Brasil visitando clientes. As visitas eram feitas trimestralmente, conforme a PF. Segundo Saadi, o esquema tem conivência da diretoria de entidades financeiras estrangeiras.

Os outros detidos são donos e executivos de empresas brasileiras dos mais diversos ramos. As prisões são temporárias e valem por cinco dias, renováveis por mais cinco. Depois desse período, a PF deve pedir a prisão preventiva de alguns envolvidos.

A polícia disse não poder divulgar os nomes dos investigados porque o processo corre em segredo de Justiça. No entanto, segundo informações extra-oficiais, entre os envolvidos está uma grande fabricante de móveis de luxo, uma empresa de artigos de couro e uma fabricante de chaves.

Na operação, a PF apreendeu, em espécie, R$ 6 milhões e cerca de US$ 600 mil a US$ 700 mil. Também foi feito o bloqueio de contas que continham saldo de R$ 2 milhões.

Os suspeitos responderão pelos crimes de evasão de divisas, lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, formação de quadrilha, gestão fraudulenta e funcionamento de instituição financeira sem autorização do Banco Central. As penas máximas atingem 40 anos de prisão, segundo a PF.

A assessoria de imprensa da União de Bancos Suíços (UBS) confirmou que um funcionário da instituição foi preso em São Paulo. Segundo a PF, o esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas é organizado por instituições financeiras suíças.

A assessoria de imprensa do UBS informou que o funcionário integra os quadros do banco na Suíça. Por enquanto, o banco não se manifestou sobre a operação, informando apenas já estar em contato com autoridades brasileiras.

Sediado em Zurique e na Basiléia, a instituição opera em mais de 50 países e possui mais de 80 mil empregados.

Kaspar II

Pela manhã, policiais chegaram à sede da Superintendência da PF no bairro da Lapa, Zona Oeste de São Paulo, com grandes volumes de cédulas de R$ 50, embalados em sacos de lixo transparentes. Foram apreendidos mais de R$ 800 mil.

Duzentos e oitenta policiais cumpriram mandados de prisão e apreenderam documentos de empresas em São Paulo, Bahia, Amazonas e Rio de Janeiro.

Também chegaram à sede da PF pelo menos dois presos, bem vestidos, constrangidos, com as mãos sobre os rostos. Outros carros, supostamente com suspeitos, entraram diretamente pela garagem desde a madrugada desta terça-feira.

Esquema

Segundo Saadi, o esquema de remessa ilegal de dinheiro era feito por meio de um doleiro no Brasil. A pessoa interessada em mandar valores para o exterior procurava o doleiro, depositava reais em uma conta do doleiro no Brasil e ele retirava o mesmo valor de um banco no exterior para encaminhar para outra instituição financeira envolvida na fraude.

Não havia remessa direta de dinheiro do Brasil para fora, segundo a PF. Um valor depositado no país, compensava outro no exterior. "Sempre foi difícil saber quem eram os titulares porque não havia colaboração da Suíça. Eles só ajudam quando é crime lá também e lá não é crime evasão de divisas", afirmou Saadi. Esse sistema de remessa de dinheiro é conhecido como modalidade dólar-cabo. Pela legislação brasileira, o Banco Central deve ser informado de toda quantia enviada para o exterior.

Era o doleiro que abria uma conta numerada no banco, para dificultar a identificação do titular. Esse dinheiro às vezes permanecia na instituição financeira e, em outras ocasiões, era usado para comprar mercadorias na China e nos Estados Unidos. Esses produtos entravam no país subfaturados com notas fiscais falsas de valor inferior ao que realmente eles custavam. A empresa brasileira pagava por fora o valor restante.




Fonte: G1

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