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Agronegócios
Quarta - 24 de Outubro de 2007 às 07:57
Por: Marcondes Maciel

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Os prejuízos das exportações mato-grossenses com as perdas cambiais já atingem a cifra de R$ 1,07 bilhão por conta da valorização do real frente ao dólar. O levantamento foi divulgado ontem pelo assessor econômico da Federação das Indústrias no Estado (Fiemt), Carlos Vitor Timo Ribeiro, ao apresentar o resultado das exportações mato-grossenses até setembro deste ano.

“O valor das perdas é expressivo e mostra bem o efeito negativo do câmbio para as exportações de Mato Grosso. Com isso, temos menos renda na nossa economia e todos acabam perdendo”, aponta Timo Ribeiro.

O estudo aponta que o valor acumulado das exportações mato-grossenses em real seria de R$ 8,12 bilhões com o dólar de 2006 e não R$ 7,07 bilhões, como neste ano, devido à cotação média atual de R$ 1,89. “Em setembro do ano passado esta cotação estava em R$ 2,17, portanto tivemos um recuo de 12,9% no período, gerando perdas nos valores das exportações”, argumenta.

Segundo ele, a queda no valor exportado em dólar do complexo soja transforma-se em uma redução ainda mais severa na conversão para reais por conta da defasagem cambial. O economista aponta que a defasagem gera perdas cambiais se considerado o valor exportado em dólares até setembro deste ano e multiplicando pelo dólar de setembro de 2006.

Na avaliação de Paulo Henrique da Cruz, gestor de Comércio Exterior da Secretaria de Estado de Indústria, Comércio, Minas e Energia (Sicme), as perdas cambiais afetam principalmente os produtos do agronegócio, como a soja, a madeira e o algodão. “Estas commodities têm seus preços vinculados ao dólar e, toda vez que temos uma alteração no câmbio, as cotações para o produtor sofrem variações. E isto acaba gerando perdas de renda e menor circulação de dinheiro na economia, visto que a cotação do dólar está menor em relação a 2006, por exemplo,”.

REPERCUSSÃO - Para o economista Amado de Oliveira Filho, consultor da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), a questão cambial é mais séria do que se pensa porque é um “problema conjuntural” e foge do controle do produtor. Aliás, o segmento, como ele reforça, vem contabilização a queda da moeda norte-americana desde o segundo semestre de 2004, após a aquisição dos insumos e início da nova safra.

Segundo ele, os produtos mais prejudicados com as variações cambiais negativas neste momento, são a soja e o algodão. “A carne e o couro têm uma boa parcela da produção consumida no mercado interno e, por isso, não sofrem o impacto de uma forma tão intensa quanto outras commodities”.

Amado diz que os custos de produção ficaram muito elevados nos últimos anos. “Os produtores acumularam perdas por causa do aumento nos preços dos insumos nas últimas safras e da queda da receita. O produtor compra insumos em real e vende em dólar. Quando compra em dólar, ele também perde sempre que há uma desvalorização cambial”.

A recomendação para os produtores é comprar os insumos o mais cedo possível. “Os produtor tem de fazer um bom negócio por ocasião da compra dos insumos e travar os preços da soja em dólar na mesma cotação. Só desta forma ele poderá neutralizar parte dos prejuízos com o aumento dos custos de produção e com a defasagem cambial”, frisa o economista.





Fonte: Diário de Cuiabá

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